Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Trabalhar é orar



A oração, o falar com Deus, será um diálogo simples que terá por tema a imensidade do Senhor e a insignificância humana e, também, as mil e uma pequenas coisas de cada dia.
José Luís Illanes
in, Cristãos de Hoje - Cap. A Santificação do Trabalho – Tema do Nosso Tempo

José Luís Illanes segue a linha orientadora do Opus Dei, em cujo decreto que aprovou a Prelatura se lê, que os seus membros exercem, com o maior empenho, todas as profissões civis honestas; e, por mais profanas que sejam, procuram sempre santificá-las mediante uma pureza e intenção constantemente renovada, com o afã de crescer em vida interior, com uma abnegação contínua e alegre, com o sacrifício dum trabalho duro e tenaz que deve ser perfeito em todas as suas dimensões. (1) Orar, tal como é proposto, é conversar com Deus, contando-lhe as mil e uma pequenas coisas de cada dia, tendo como pano de fundo o belo pensamento do fundador, que dita: Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração. (2)
O estudo é aqui entendido como trabalho, no pressuposto que a realização honesta das nossas ocupações profissionais têm muito a ganhar com as horas que dedicamos à sua análise, sem a qual, nem sempre é conseguido o melhor desempenho, na procura de ser conseguida uma pureza e intenção constantemente renovada, em ordem a santificar-se cada uma das multifacetadas actividades do homem ao qual deve presidir o afã de crescer em vida interior, tendo-se em conta o facto de Jesus ter condenado o comportamento do servo indolente, que esconde debaixo da terra o talento (cf. Mt 25, 14-30), enquanto louva o servo fiel e prudente que o patrão encontra aplicado a cumprir a tarefa que lhe fora confiada (cf. Mt 24, 46).
Tenhamos ainda presente que Jesus, ao dizer: Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho (Jo 5, 17), nos dá o exemplo da acção que nos cumpre levar a cabo executando um trabalho que deve ser perfeito em todas as suas dimensões, quer nos seus aspectos materiais, como espirituais, tornando-se uma ocupações fundamentais do homem, de que nos dá conta a Laborem Exercens: A Igreja vai encontrar logo nas primeiras páginas do Livro do Génesis a fonte dessa sua convicção, de que o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana sobre a terra. (3)
É neste encadeamento que o homem prudente se deve posicionar, fazendo do trabalho um meio de falar com Deus, enquanto dimensão fundamental que lhe dá a postura exacta de estar no mundo com os olhos postos na divindade de onde provém a sua identidade humana indelevelmente presa ao fio da graça, que lhe dá o acesso à oração simples do dia a dia, onde perante a imensidade do Senhor, ainda assim, é possível ao homem expôr e ouvir Deus dentro de si mesmo, onde há ecos evidentes do trabalho ser uma actividade plasmada na vida sob o impulso do Espírito.
E é assim, ainda que, independentemente de se sentir ligado a Deus, o homem trabalhe somente para a realização da sua humanidade e para o cumprimento da vocação de ser pessoa, que lhe é própria em razão da sua humanidade, mas que não deixa nunca de ter como mola impulsionadora da sua vontade a acção de Deus, que lhe pede uma abnegação contínua e alegre, porque todo o trabalho tem de ser fonte inexaurível de alegria, pelos bens que se criam em prol do próprio e do meio, onde a santificação é possível pelo modo como é exercida a função moral do trabalho.

............................................................................................................................
(1) -Decreto Primun inter, de 16-6-1950.
(2) - Mons. Balaguer - in, Caminho, nº 335
(3)- Nº 4

Sem comentários:

Enviar um comentário