Segundo a Bíblia, na realidade, encontram-se dois
exércitos: a soberania real de Deus e Satanás com o seu séquito. Duas potências
lutam pela posse do nosso coração, o velho homem adamítico e o homem redimido e
novamente criado em Cristo e no seu Espírito.
B. Haring
in, A Caminho da Maturidade Cristã.
Diz-nos este grande
renovador da teologia católica que a conversão do homem é fruto da obra da separação operada por Jesus, que
por fim, há-de levar com Ele os das sua direita, numa alusão cheia de sentido à
Cruz da Redenção, se nos lembrarmos do diálogo estabelecido com Dimas, na hora
suprema.
A conversão é sempre um
estado novo.
É a passagem pela porta
estreita que leva o homem a deixar para trás um monte de coisas inúteis e se
dispõe a caminhar no sentido exacto que marca, muito antes do seu nascimento, o
grande encontro com a eternidade prometida.
As frentes da batalha
do homem pelos caminhos da vida, ficaram perfeitamente delineadas no Calvário,
na marcação das fronteiras que lhe foram reservadas e, assim, enquanto
numa - na plena liberdade que lhe foi
concedida – a pode ultrapassar para o campo onde não moram, nem a moral nem a
honra, na outra, se esbarrar contra o muro do dever da cidadania centrada com
Deus, tem – ainda que num momento final – um encontro de salvação.
Há, com efeito, na
Cruz, uma aterradora luta final onde, o
homem pode perecer ou, continuar a semear no mundo os ventos da destruição da
vida e da negação de Deus, sem se
arrependerem das obras de suas mãos
e, sem cessarem de adorar o demónio e os ídolos de ouro, de
prata, de bronze, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem
andar. (cf. Ap 9, 20).
Que a trombeta do sexto anjo de que nos fala o Apocalipse
não acorde – sem que o homem se aperceba – a fúria dos que estão preparados
para o aniquilar; aconteça, antes, a emenda dos caminhos de retorno a uma
vivência concertada com Deus e, de uma vez por tidas, que o homem esqueça o que
nele, ainda são, resquício adamíticos de um desnorte que o crucifica sem honra
e sem glória.
É preciso, para que
isto não aconteça, que el esteja atento aos sinais e se converta, sem contudo
deixar de estar de aviso, pois como nos diz B. Haring, mesmo, depois, da conversão, pode permanecer
no seu coração, algo, como que um vírus
do homem antigo, mas numa linha de confiança, remata, dizendo, que a
este, porém, opõe-se o novo.
E aqui, salta à evidência,
a muralha que não foi transporta, o que sempre acontece, quando o homem fixa ao
fixar o seu olhar em Deus encontra a força e a humildade de Dimas, o homem do
lado direito da Cruz que encontrou maneira de subir ao Alto na companhia de
Jesus.
Feito homem novo,
deixou ali, nas pedras do monte, tudo o que fora o calvário da sua vida e,
regenerado, caminhou feliz, justificado e liberto de todo um montão de coisas
velhas e sem préstimo.
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