QUE A CASA DOS BICOS
NÂO VENHA A SER UM "BICO DE OBRA"
Desenho de Roque Gameiro
A Casa dos Bicos ou Casa de Brás
de Albuquerque localizada em Lisboa foi
construída em 1523 a
mando de D. Brás de Albuquerque, filho natural legitimado do segundo governador
da Índia portuguesa e foi cedida em 2008 à Fundação Saramago pela Câmara Municipal
de Lisboa (CML) por dez anos, tendo sido inaugurada em 13 de Junho de 2012.
A cedência desta histórica Casa, queira-se ou não entender, causou estranheza e algum mal estar em franjas populacionais lisboetas não alinhadas com o escritor José Saramago, a ponto da mesma ter sido vandalizada, lamentavelmente, em 8 de Abril de
2013 com a destruição dos painéis que comemoravam os 30 anos da edição de
Memorial do Convento e os 90 Anos de José Saramago, distinguido em 1998 com o
Prémio Nobel da Literatura.
José Saramago formou-se na velha
Escola Industrial Afonso Domingues e expatriou-se para a ilha de Lanzarote a ilha
mais oriental das Canárias, fincando raízes num local de geografia inóspita de formação
vulcânica, com pouca vegetação e nenhuma fonte de água potável.
A decisão tem
um carácter revelador.
Ali, Saramago - que até à morte não abandonou o seu
ideário comunista - guardou um olhar
abrigado numa ilha europeia mais próxima da África que do velho centro da civilização
capitalista que ele abjurava.
Mas convenhamos: ser comunista não é um erro, como
não é um erro ser capitalista, desde que o primeiro, na prática do seu ideário não corte os laços com pensamentos contrários e o segundo, cumpra sem extorsões sociais o que deve enquanto agente social e indispensável na fruição da vida, assente no respeito pelo seu semelhante que lhe vende a força do trabalho.
Erro é, quando, num e noutro caso
surjem incapacidades de diálogo urbano, como foi o caso de Saramago e, como é - diga-se a verdade
- o sistema capitalista de âmbito liberal que a Igreja tão combatida pelo escritor, condena e a que chamou, sem rodeios, o
“imperialismo internacional do dinheiro” (1).
Saramago não quis saber desta e outras defesas de âmbito social, em defesa dos mais fracos, feitas pela Igreja e de que resultaram documentos fundamentais, nos séculos XIX e XX, como: "Rerum Novarum" (1891); Quagragesimo Anno (1931); "Mater et Magistra"(1961); "Pacem in Terris" (1963); "Ecclesiam Suam"(1964); "Gaudium et Spes"(1965); "Populorum Progressio (1967); e "Octogesima Adveniens"(1971).
Em qualquer destes documentos o escritor teve ao dispor informação social advinda de um novo tempo apostólico que lhe poderiam ter dado uma outra postura vivencial, se não fora ter feito do ataque à igreja um modo de vida, de pouco lhe tendo valido, se é que não ignorou deliberadamente - como podemos concluir - o estudo da “nova” Igreja que nasceu com a publicação da Encíclica “Rerum Novarum" já referida, pelo que, o seu "Memorial do Convento" ao estribar-se numa Igreja antiga, mas já reformada no seu tempo, lhe deveria ter merecido mais respeito, tendo em conta que José Saramago não foi um historiador na verdadeira acepção da palavra.
Saramago não quis saber desta e outras defesas de âmbito social, em defesa dos mais fracos, feitas pela Igreja e de que resultaram documentos fundamentais, nos séculos XIX e XX, como: "Rerum Novarum" (1891); Quagragesimo Anno (1931); "Mater et Magistra"(1961); "Pacem in Terris" (1963); "Ecclesiam Suam"(1964); "Gaudium et Spes"(1965); "Populorum Progressio (1967); e "Octogesima Adveniens"(1971).
Em qualquer destes documentos o escritor teve ao dispor informação social advinda de um novo tempo apostólico que lhe poderiam ter dado uma outra postura vivencial, se não fora ter feito do ataque à igreja um modo de vida, de pouco lhe tendo valido, se é que não ignorou deliberadamente - como podemos concluir - o estudo da “nova” Igreja que nasceu com a publicação da Encíclica “Rerum Novarum" já referida, pelo que, o seu "Memorial do Convento" ao estribar-se numa Igreja antiga, mas já reformada no seu tempo, lhe deveria ter merecido mais respeito, tendo em conta que José Saramago não foi um historiador na verdadeira acepção da palavra.
É certo e sabido que o escritor se baseou num tempo histórico de uma Igreja antiga fechada sobre si mesma, mas do mesmo modo, o comunismo do seu tempo - e que ele perfilhava - era bem diferente do comunismo totalitário implantado na Rússia em 1917 e daquele que durou até à queda do muro de Berlim, porque o tempo evoluiu e os homens também.
E estes factos incontroversos de mudanças, sejam eclesiais ou sociais, devem merecer compreensão e respeito - o que julgamos, Saramago não fez - porque não quis entender a Igreja "nova", defensora dos trabalhadores e de que se fez eco, em primeiro lugar, a "Rerum Novarum", tendo o escritor agido - e escrito - como se este documentos e os outros que se lhe seguiram, depois, não existissem,
Isto é verdade e, esse, foi o seu erro.
O que se deseja é que a Casa dos Bicos, não venha a ser um "bico de obra" e não voltem a acontecer desacatos dos indignados com esta e outra literatura do escritor, que nunca deixará de ser uma referência literária no Mundo das Letras nacionais e internacionais.
E estes factos incontroversos de mudanças, sejam eclesiais ou sociais, devem merecer compreensão e respeito - o que julgamos, Saramago não fez - porque não quis entender a Igreja "nova", defensora dos trabalhadores e de que se fez eco, em primeiro lugar, a "Rerum Novarum", tendo o escritor agido - e escrito - como se este documentos e os outros que se lhe seguiram, depois, não existissem,
Isto é verdade e, esse, foi o seu erro.
O que se deseja é que a Casa dos Bicos, não venha a ser um "bico de obra" e não voltem a acontecer desacatos dos indignados com esta e outra literatura do escritor, que nunca deixará de ser uma referência literária no Mundo das Letras nacionais e internacionais.
(1) . Encíclica Quadragésimo Anno,
de Pio XI, 15 de Maio de 1931
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