Jacques Maritain nasceu
em Paris, em 18 de Novembro de 1882 numa família da alta burguesia. Era neto de
Jules Favre (1809-1880) um célebre advogado, académico e homem político, em
cujo lar, tendo sido educado após o falecimento da mãe por uma madrasta protestante,
esta, após ter inculcado no domicílio
dos Favre aquela doutrina, levou o pequeno
Jacques a ser baptizado pelo rito protestante.
Na Sorbonne, em 1901,
Maritain obtém a licenciatura em Filosofia e em 1906, converte-se ao
catolicismo. Segue Bergson, no Collège de France. Tendo aprendido como a
metafísica era um meio capaz de destruir os sofismas materialistas que reduziam
tudo ao número, passou a professar que havia no homem uma faculdade espiritual
capaz de lhe fazer entender o real da existência, onde o humanismo enquanto
ciência que tende a divinização da espécie humana no sentido onde esta o é – por força de Deus ao dar essa qualidade ao
ser humano, tornando-o semelhante a Ele -
merecia ser repensado na linha de Aristóteles.
Dizia o mestre grego
(384 - 322 a .
C.) que propor somente a qualidade humana ao homem era trair o próprio homem e
era desejar a sua infelicidade, porquanto, pela sua parte principal – o
espírito – ele era chamado para ser um agente mais alto do que seguir apenas um
desígnio humano.
Pergunta, Maritain, se
esta concepção aristotélica é humanista ou anti-humanista e, responde, que tudo
dependia da concepção que cada um fazia do homem, o que é uma evidência,
constatando a ambiguidade deste termo, menos para ele que comprometido com a
metafísica centrada numa linha espiritual, declarava que existia no homem algo
que o fazia respirar acima do tempo e uma personalidade cujas
necessidades mais profundas ultrapassam toda a ordem do Universo.
À sensibilidade humana
é gratificante ler e meditar neste conceito do filósofo francês ao colocar o
homem – sem excepção de nenhum – no caminho mais perfeito da sua identidade
natural., indo contra a concepção de alguns amigos seus, que entendiam que
um humanismo autêntico só deve ter por definição um humanismo anti-religioso, declarando,
que pensava precisamente ao contrário e que lutava contra o espiritualismo
materializado, contra o espiritualismo activo do ateísmo.
Estamos de acordo com
Maritain.
É que o mundo actual -
vítima de alguns falsamente iluminados, que partiram do século das Luzes com a
disposição de apagar no homem aquilo que
é nele uma dádiva natural, ou seja, a sobrenaturalidade da sua condição humana
– continua, ainda, a ser vítima de uma certa confusão instalada no domínio das
ideias, vendo-se, hoje, energias que ontem erguiam o homem para cima a proceder
no sentido inverso, razão suficiente para ler e meditar na obra de Jacques
Maritain, que viu claramente no homem a sua função evangélica do humano, e que
ele para ser verdadeiramente feliz não pode deixar de prosseguir este caminho.
Maritain, seguiu as
pisadas de outros humanistas famosos, como Erasmo de Roterdão, Rabelais,
Guilherme Budé e Luís Vives.
Para nós radica-se cada
vez mais forte o seu pensamento, pois se a educação do homem do ponto de vista
intelectual constitui uma norma para viver, é certo, porém, que não lhe basta o
uso da sua inteligência para resolver os problemas maiores, aqueles,
precisamente, para os quais ele arranja teoremas para satisfazer a sua vaidade
e aquietar a sua consciência inquieta.
Tenhamos, neste ponto,
em atenção outro filósofo – Victor Cousin (1792-1867) - que afirma sem rodeios que o homem não é,
apenas, ser inteligente, é, também, ser moral e, por isso, capaz de virtude, culminando
o seu pensamento, dizendo: e nesta, mais que no pensamento, está o fim da
nossa existência.
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