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segunda-feira, 17 de junho de 2013

O humanismo de Jacques Maritain


Jacques Maritain nasceu em Paris, em 18 de Novembro de 1882 numa família da alta burguesia. Era neto de Jules Favre (1809-1880) um célebre advogado, académico e homem político, em cujo lar, tendo sido educado após o falecimento da mãe por uma madrasta protestante, esta, após ter  inculcado no domicílio dos Favre aquela doutrina, levou o pequeno  Jacques a ser baptizado pelo rito protestante.

Na Sorbonne, em 1901, Maritain obtém a licenciatura em Filosofia e em 1906, converte-se ao catolicismo. Segue Bergson, no Collège de France. Tendo aprendido como a metafísica era um meio capaz de destruir os sofismas materialistas que reduziam tudo ao número, passou a professar que havia no homem uma faculdade espiritual capaz de lhe fazer entender o real da existência, onde o humanismo enquanto ciência que tende a divinização da espécie humana no sentido onde esta o é  – por força de Deus ao dar essa qualidade ao ser humano, tornando-o semelhante a Ele -  merecia ser repensado na linha de Aristóteles.
Dizia o mestre grego (384 - 322 a. C.) que propor somente a qualidade humana ao homem era trair o próprio homem e era desejar a sua infelicidade, porquanto, pela sua parte principal – o espírito – ele era chamado para ser um agente mais alto do que seguir apenas um desígnio humano.

Pergunta, Maritain, se esta concepção aristotélica é humanista ou anti-humanista e, responde, que tudo dependia da concepção que cada um fazia do homem, o que é uma evidência, constatando a ambiguidade deste termo, menos para ele que comprometido com a metafísica centrada numa linha espiritual, declarava que existia no homem algo que o fazia respirar acima do tempo e uma personalidade cujas necessidades mais profundas ultrapassam toda a ordem do Universo.
À sensibilidade humana é gratificante ler e meditar neste conceito do filósofo francês ao colocar o homem – sem excepção de nenhum – no caminho mais perfeito da sua identidade natural., indo contra a concepção de alguns amigos seus, que entendiam que um humanismo autêntico só deve ter por definição um humanismo anti-religioso, declarando, que pensava precisamente ao contrário e que lutava contra o espiritualismo materializado, contra o espiritualismo activo do ateísmo.
Estamos de acordo com Maritain.
É que o mundo actual - vítima de alguns falsamente iluminados, que partiram do século das Luzes com a disposição de  apagar no homem aquilo que é nele uma dádiva natural, ou seja, a sobrenaturalidade da sua condição humana – continua, ainda, a ser vítima de uma certa confusão instalada no domínio das ideias, vendo-se, hoje, energias que ontem erguiam o homem para cima a proceder no sentido inverso, razão suficiente para ler e meditar na obra de Jacques Maritain, que viu claramente no homem a sua função evangélica do humano, e que ele para ser verdadeiramente feliz não pode deixar de prosseguir este caminho.
Maritain, seguiu as pisadas de outros humanistas famosos, como Erasmo de Roterdão, Rabelais, Guilherme Budé e Luís Vives.

Para nós radica-se cada vez mais forte o seu pensamento, pois se a educação do homem do ponto de vista intelectual constitui uma norma para viver, é certo, porém, que não lhe basta o uso da sua inteligência para resolver os problemas maiores, aqueles, precisamente, para os quais ele arranja teoremas para satisfazer a sua vaidade e aquietar  a sua consciência inquieta.
Tenhamos, neste ponto, em atenção outro filósofo – Victor Cousin (1792-1867) -  que afirma sem rodeios que o homem não é, apenas, ser inteligente, é, também, ser moral e, por isso, capaz de virtude, culminando o seu pensamento, dizendo: e nesta, mais que no pensamento, está o fim da nossa existência.


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