Só o
cristão que encara com seriedade a sua tarefa profissional e humana – cultural,
artística, política económica, na diversidade de ofícios e profissões – está em
condições de um diálogo com os outros homens que possa ter eficácia apostólica.
Pedro Rodrigues
in, Cristãos de Hoje – Cap. “Caminho” e a Espiritualidade
do Opus Dei
O autor cita a propósito
o nº 371 de “Caminho” que diz
textualmente: Quando fervilham, chefiando
manifestações exteriores de religiosidade, pessoas profissionalmente mal
conceituadas, com certeza sentis vontade de lhes dizer ao ouvido: por favor
tenham a bondade de ser menos católicos.
É uma observação cheia
de sentido, dirigida por Mons. Balaguer a todos aqueles apelidados de
“católicos oficiais”, isto é, de bem com as hierarquias eclesiásticas, mas de
mal com a vocação humana que não pode consentir, na economia da graça, pessoas
que não sejam devidamente conceituadas quanto ao modo como exercem,
socialmente, as suas profissões, das mais humildes às mais elevadas.
De que serve, pois, ao
homem, aparecer liderando acontecimentos sociais sob a capa da Igreja e em nome
da doutrina de Jesus e não dar cumprimento como lhe é pedido quanto ao esforço
e competência no uso da sua profissão?
Entronca-se isto no nº
513 do “Catecismo da Igreja Católica”. Com
efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em acção
capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos
recebidos, sustenta-se a si e aos
seus familiares, serve a comunidade humana. (…) atendendo a que esta deve
fazer parte das suas preocupações na linha fraterna que liga o homem ao outro,
na linha orientadora de um outro
documento da Igreja, ao afirmar que o trabalho
humano possui também uma intrínseca dimensão social. O trabalho dum homem, com
efeito, entrelaça-se naturalmente com o de outros homens(..)
oferecendo, deste modo, ocasiões de intercâmbio, de relações e encontro, o que
muito dificilmente acontece, quando o homem, como diz Pedro Rodrigues não encara com seriedade a sua tarefa
profissional e humana, pois não é exemplo para ninguém.
O anúncio da Palavra de
Deus, faz-se precisamente, através do exemplar testemunho de uma vida fundida
nas realidades temporais, de onde avulta, entre outros, o compromisso
profissional no âmbito do trabalho, para além da cultura, da ciência e da
investigação, porque todos os compromissos das realidades seculares devidamente
assumidas são exemplos do amor de Deus de que o homem se faz portador para a
comunidade de que é membro.
Sem descurar este
pensamento, o autor do pequeno texto que nos serve de reflexão, não tem dúvidas
em afirmar que só o homem que não mascara o catolicismo está em
condições de um diálogo com os outros homens que possa ter eficácia apostólica,
o que parecendo uma dureza de análise, é, no entanto, a grande verdade que
tem de ser dita a todos os “católicos oficiais” que esquecendo-se de o ser na
pureza apostólica de Jesus, exercem pelas sua posições sociais, mandatos onde
exorbitam, por demais, atitudes que contradizem na prática, empenhamentos
sociais que deviam ser inatacáveis, e não o sendo por não terem na esfera
profissional comportamentos dignos de uma piedade cristã adulta e sadia, um
facto, que ao desconsiderá-los aos olhos do mundo, faz que este não os tome a
sério.
Sem comentários:
Enviar um comentário