Pesquisar neste blogue

sábado, 1 de junho de 2013

O bom profissional e a ética apostólica



Só o cristão que encara com seriedade a sua tarefa profissional e humana – cultural, artística, política económica, na diversidade de ofícios e profissões – está em condições de um diálogo com os outros homens que possa ter eficácia apostólica.
Pedro Rodrigues
in, Cristãos de Hoje – Cap. “Caminho” e a Espiritualidade do Opus Dei


O autor cita a propósito o nº 371 de “Caminho”  que diz textualmente: Quando fervilham, chefiando manifestações exteriores de religiosidade, pessoas profissionalmente mal conceituadas, com certeza sentis vontade de lhes dizer ao ouvido: por favor tenham a bondade de ser menos católicos.
É uma observação cheia de sentido, dirigida por Mons. Balaguer a todos aqueles apelidados de “católicos oficiais”, isto é, de bem com as hierarquias eclesiásticas, mas de mal com a vocação humana que não pode consentir, na economia da graça, pessoas que não sejam devidamente conceituadas quanto ao modo como exercem, socialmente, as suas profissões, das mais humildes às mais elevadas.
De que serve, pois, ao homem, aparecer liderando acontecimentos sociais sob a capa da Igreja e em nome da doutrina de Jesus e não dar cumprimento como lhe é pedido quanto ao esforço e competência no uso da sua profissão?
Entronca-se isto no nº 513 do “Catecismo da Igreja Católica”. Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em acção capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. (…) atendendo a que esta deve fazer parte das suas preocupações na linha fraterna que liga o homem ao outro, na linha orientadora de  um outro documento da Igreja, ao afirmar que o trabalho humano possui também uma intrínseca dimensão social. O trabalho dum homem, com efeito, entrelaça-se naturalmente com o de outros homens(..) oferecendo, deste modo, ocasiões de intercâmbio, de relações e encontro, o que muito dificilmente acontece, quando o homem, como diz Pedro Rodrigues não encara com seriedade a sua tarefa profissional e humana, pois não é exemplo para ninguém.
O anúncio da Palavra de Deus, faz-se precisamente, através do exemplar testemunho de uma vida fundida nas realidades temporais, de onde avulta, entre outros, o compromisso profissional no âmbito do trabalho, para além da cultura, da ciência e da investigação, porque todos os compromissos das realidades seculares devidamente assumidas são exemplos do amor de Deus de que o homem se faz portador para a comunidade de que é membro.  
Sem descurar este pensamento, o autor do pequeno texto que nos serve de reflexão, não tem dúvidas em afirmar que só o homem que não mascara o catolicismo  está em condições de um diálogo com os outros homens que possa ter eficácia apostólica, o que parecendo uma dureza de análise, é, no entanto, a grande verdade que tem de ser dita a todos os “católicos oficiais” que esquecendo-se de o ser na pureza apostólica de Jesus, exercem pelas sua posições sociais, mandatos onde exorbitam, por demais, atitudes que contradizem na prática, empenhamentos sociais que deviam ser inatacáveis, e não o sendo por não terem na esfera profissional comportamentos dignos de uma piedade cristã adulta e sadia, um facto, que ao desconsiderá-los aos olhos do mundo, faz que este não os tome a sério.

Sem comentários:

Enviar um comentário