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segunda-feira, 17 de junho de 2013

O pedreiro


Um velho pedreiro que levara a vida a construir casas ao atingir a idade da reforma informou desse facto a Empresa, por ser seu desejo passar a ter mais tempo para dedicar à família.
O encarregado que conhecia bem o seu valor ficou triste, na expectativa de ver partir tão bom funcionário, mas porque havia um projecto de uma nova casa para construir, pediu-lhe que ficasse mais um tempo, o necessário para acabar a obra que havia em carteira.
Um pouco a contragosto o pedreiro aceitou, deixando no entanto perceber que não lhe agradara muito aquele pedido. Desse modo, começou a obra, fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando até, materiais inadequados e de segunda escolha.
Quando acabou o encarregado veio fazer a inspecção da casa que ele havia acabado de construir e depois de ter acabado aquela missão, puxou da chave da casa e falou-lhe deste modo:
- Toma lá. Esta é a tua casa. É um presente para ti.
Ficou surpreendido o pedreiro. Que pena! É que se fosse agora... se ele soubesse que estava a construir a casa para si mesmo, teria feito tudo diferente...
(in, Boletim nº 54 (2000) da Paróquia de S. José de Arroios – Lisboa)


Esta história, porém não acaba aqui, muito embora o que fica dito seja uma profunda lição espiritual, mas é por isso mesmo, que tem sentido a paráfrase que a mesma nos merece.
Na vida concreta, muitos de nós temos a atitude daquele pedreiro, ou seja, passamos o tempo a construir a nossa casa – ou, seja, a edificar a nossa existência – com uma atitude displicente, fazendo as coisas sem amor e sem entrega, como se aquilo que fazemos, pequena ou grande coisa, não devesse ser sempre feita o melhor possível.
E, no entanto, o tempo vai-se gastando e todos os dias lá vamos pondo um tijolo em cima de outro, por vezes mal alinhado e sem argamassa e, até, os pregos que vamos martelando de tanta falta de empenho em querer aprender a fazer as coisas bem feitas, ficam torcidos e mal pregados.
Somos, em boa verdade, muitos de nós, uns pobres mestres de obras...
E, no entanto, é preciso que até ao fim mantenhamos a mesma ciência em tudo quanto fazemos, não nos aconteça o mesmo que aconteceu àquele pedreiro da história que levou a vida a fazer casas bem feitas e, no fim, quando se tratava de fazer a sua última obra se desleixou, quando, afinal, em paga dos seus serviços a Empresa lhe queria oferecer a última construção que fizera.
Tenhamos presente a moral desta história: as nossas atitudes de hoje e todas as escolhas que fazemos em cima do tempo que passa é que contam na construção da nossa casa futura.
Por isso, em todo o tempo, não descuremos a qualidade de tudo quanto fazemos, tendo em mente o pensamento sábio de Maxwell Maltz que nos diz, que a vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, se transformam em oportunidades.
O pedreiro da história, porque não aproveitou até ao fim de forma criativa a sua última construção perdeu a oportunidade de ficar com uma casa bem feita e que ele até era capaz de fazer.
Cada homem, podemos crer nisto, é o pedreiro por excelência da sua vida.
E, assim, amanhã, vamos fazer o possível para fazer até ao último minuto do dia, obra asseada... obra que se veja, de tal forma que ela fale por nós e fique depois de nós a ser exemplo.
É isto que vale, porque a vida como alguém já disse é um projecto que nós mesmos construímos e a última obra não pode, nem deve deixar de ter o cunho de marca do construtor que somos.
Todos nós!

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