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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Profecias sobre Jesus (26) Jesus seria trespassado


Profecia 26

Tempo Profético: Sl 22, 17 – De todos os lados mastins me cercaram e um bando de celerados prendeu-me no meio;  transpassaram-me as mãos e os pés.

Intenção profética: As mãos e os pés de Jesus seriam trespassados.


Os versículos seguintes (18 e 19) continuam na mesma linha de pensamento alegórico, sendo exemplarmente proféticos: Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me. Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.
Mas é no versículo 16 transpassaram-me as mãos e os pés que está singularmente predita a sorte que havia de esperar Jesus, erguido no madeiro com as mãos e os pés golpeados pelos pregos da Crucifixão que os soldados batiam com força na carne dos condenados à morte mais vil que então era dada aos que eram considerados réus de morte.
Como era costume, neste acto bárbaro as mulheres de Jerusalém que acompanhavam os condenados, no momento do trespasse da carne dos pés e mãos, faziam chegar através dos soldados, para que fosse bebida uma poção de vinho e mirra que servia de narcótico e que Jesus recusou.
A taça da Dor iria ser bebida até à última gota.
No alto da pequena colina a vida dos homens, finalmente, num dia destinado por Deus, haveria de encontra um destino novo.
A Obra de Deus completar-se-ia, feita na sua forma definitiva através do retrato fiel que nos é dado, na prefiguração do salmista, mas duma realidade viva e próxima do que viria a acontecer no Calvário: transpassaram-me as mãos e os pés.
O salmista até parece que é, no seu tempo, um assistente de uma cena que só viria a ocorrer séculos depois, tal é a objectividade da descrição que nos deixou, como se houvesse sido feita friamente por um qualquer jornalista do nosso tempo, começando por situar o modo e a acção dos assistentes no acontecimento, como convém a todo aquele que preza o seu trabalho de profissional: De todos os lados mastins me cercaram.
É uma asserção que cola verdadeiramente à soldadesca romana e aos judeus que desde a condenação não mais se afastaram do pé de Jesus, dirigindo-Lhe impropérios e chalaças como esta: Tu que destruías o Templo e em três dias o reedificavas, salva-Te a Ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da Cruz! [i]
Aquele bando de celerados são bem a imagem dos homens de todos os tempos que agem por força dos julgamentos sumários, como aconteceu com os próprios príncipes dos sacerdotes e que, depois, num assomo de cobardia humana, vendo Jesus despojado de tudo – segundo o que eles pensavam, estando longe de saber que Aquele que crucificaram era Rei – não se coibiram, como aponta S. Mateus de lhe atirar frases infames, de um escárnio sem nome: Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo. [ii]
Assim estava escrito.
E assim aconteceu!


Ressonância no Novo Testamento

Jo 20, 27: Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos (...)




[i]  - Mt 27, 40
[ii]  - Mt 27, 42

Profecias sobre Jesus (25) Seria escarnecido e insultado


Profecia 25

Tempo Profético:  Salmo 22, 7 - 9: Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:  Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer.

Intenção profética: Jesus seria escarnecido e insultado.

É neste Salmo que encontramos a exclamação de Jesus, no momento extremo do sacrifício da Cruz: Meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes?
 Demonstra-se, assim, que no acto da expiração, Jesus, lembrou tornou presente as velhas palavras do salmista e entoou as que, no Livro Santo, abrem o versículo dois do salmo de David, que é, é, no seu conjunto, uma alegoria à dor humana que vai desde o extremo sofrimento até conduzir o homem à salvação universal.
O salmista lembra a Deus que os antepassados de Israel confiram, pediram ajuda e escaparam dos perigos; não ficaram desiludidos.
Mas eu sou um verme e não um homem (...) todos os que me vêem zombam de mim, torcem a boca e meneiam a cabeça: confiou em Deus; livre-o Ele, salve-o, já que o ama, continua deste modo o salmo a fazer a ponte até à pergunta de Jesus, pregado no madeiro, entendendo-se esta como uma figura de pensamento, em que se fazem perguntas sem esperar respostas.


Ressonância no Novo Testamento

Mt 27 39-40-46 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.(...) Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?

Na Cruz do Calvário cumpriu-se em plenitude a antiga profecia.
Jesus, desamparado, era motivo da zombaria da turba exaltada, que queria, a todo o custo terminar a crucifixão.
Rejeitado pelos homens para nos fazer aceitáveis a Deus, vestiu-se de um manto de vergonha no acto da sua crucificação para nos vestir com o linho branco da justiça divina, sofrendo o opróbrio de ser coroado com uma coroa de espinhos para pudéssemos usar uma coroa de glória, sofrendo o desamparo na Cruz para nos colocar sob os cuidados do Pai e nos fazer  participantes da Vida Eterna.
O sofrimento da Cruz é uma realidade misteriosa.
Nós, simples mortais, gostaríamos de o evitar, porque diante da dor nos sentimos impotentes. Até mesmo alguém que está próximo a nós, e nos quer bem, frequentemente, não sabe como ajudar-nos e, muitas vezes, porque nos ama, deseja sofrer por nós.
Foi isso que Jesus fez.
Veio para estar perto de nós, até compartilhar tudo o que é nosso, chegando ao ponto de tomar  sobre si todas as nossas dores.
Eram três horas da tarde quando Jesus lançou a sua pergunta ao Céu, três horas depois de estar suspenso na Cruz, pregado pelas mãos e pelos pés.
Tinha vivido numa contínua doação a todos.
Tinha curado doentes e ressuscitado os mortos, tinha multiplicado os pães e perdoado os pecados, tinha pronunciado palavras de sabedoria e de vida e na Cruz, num acto de amor sublime perdoa aos seus carrascos e doa-nos o seu Corpo e o seu Sangue.
Não é um vencido pela dor.
No momento em que parece sentir a infinita distância com o Pai, num esforço desmedido acredita no Amor que Ele lhe tem e exclama num suspiro supremo.
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. [i]
Naquele acto é restabelecida a união entre o Céu e a Terra e são abertas de para a par as portas do reino e tornámo-nos, efectivamente, filhos de Deus e irmãos entre nós.
Jesus não estava abandonado.
Mas as Escrituras eram para cumprir, donde podemos concluir, ter sido o grito de Jesus, meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes, um modo de ligação entre o Novo Testamento que ia começar e o Antigo, onde já aquelas mesmas palavras haviam ecoado na exclamação do salmista e Ele bem conhecia, fazendo assim a ponte entre a realidade que acabara e a nova realidade que Ele corporizava na linha do Amor, que pelo seu sofrimento iria chegar até nós.
Desse modo, se estivermos atentos em corresponder ao que nos deixou, vivendo a nossa vida por Ele, experimentaremos que as nossas dores oferecidas, se transformam pelo poder da graça, em sinais salvíficos.




[i]  - cf. Lc 23, 46

Profecias sobre Jesus (24) Seria crucificado no meio de pecadores


Profecia 24

Tempo Profético: Is 53, 12: Por isso dar-lhe-ei em prémio as multidões e fará dos poderosos os seus despojos. Em recompensa de se ter prodigalizado a si mesmo até à morte e de se ter deixado contar entre os malfeitores, quando ao invés, ele tomou sobre si a culpa de muitos e intercede pelos malfeitores.


Intenção profética: Jesus seria crucificado no meio de pecadores.


Sendo a oferenda mais valiosa que podia dar ao Pai que O enviara, Jesus, pelo seu sacrifício dar-lhe –ia – como prémio – as multidões que se haveriam de converter pelo precioso sangue derramado.
Nestas multidões contavam-se os poderosos, onde se contavam aqueles que pela sua posição social tinham poder para dirigir as sociedades, chamando-as a uma vida nova de redenção e encontro com os ditames de Deus.
A crucifixão no meio de dois pecadores é o último sinal que Jesus deixou aos homens de como a vida também se ergue  e dignifica até ao último suspiro, como aconteceu com Dimas que Ele levou para casa do Pai, tendo-lhe feito companhia, conjuntamente com Gestas através do caminho que ia do Pretório até ao monte do Gólgota.
Tem um significado salvífico a derradeira caminhada dos três condenados se atentarmos que cada um deles transportava uma cruz diferente e dando com o seu exemplo aos homens de todos os tempos a escolha que deve fazer da sua própria cruz, ou seja, da sua caminhada.
Ao deixar-Se contar entre aqueles dois salteadores e tendo caído três vezes, Jesus dá a medida exacta dos pecados que não lhe pertenciam e Ele carregava, onde avultavam os impropérios da populaça, descuidada quanto ao sofrimento que lhe era infligido.
Não há registo das vicissitudes sofredoras da caminhada dos outros dois companheiros.
Mas o que é de registar é que erguidos os três, morre o Obstinado que não conseguiu até ao fim aliviar o peso da cruz que carregara durante a vida e morre o Contrito, aliviado, após um acto de contrição por toda a sua vida cheia de erros e morre o Justo  - o Grande Inocente – na Cruz do Amor onde couberam todos os pecados do mundo.
Porque foi assim?
Porque havia Jesus, de morrer entre aqueles dois homens pecadores?
A resposta está dada.
Salvou Dimas, porque se arrependeu e só não pode salvar Gestas, porque este, naquele momento dramático ao ser repreendido pelo companheiro de ofício, ainda encontrou no mais fundo de si mesmo, palavras de ódio:

Ser és Filho de Deus, livra-Te a Ti e a nós. [i]

Jesus, é, com efeito, o Grande Inocente, mas deixando em todas as derradeiras Palavras lições profundas sobre o Mistério do Reino de Deus expresso no sacrifício supremo da Cruz onde ficaram caldeados para sempre os entendimentos que é preciso fazer da cruz que cabe a cada homem, ali fixados,. na Cruz de Cristo erguida em Sacrário e Juízo.
Dos dois salteadores Jesus recebeu todos os pecados do mundo, até hoje.
Ao absolver uns – os de Dimas – deixou, pela lição que foi dada, a porta aberta aos Gestas de todos os tempos para se arrependerem e alcançarem o Reino ou continuarem na perdição, deixando bem claro que todo o desespero pode ser um motivo de esperança.
O Amor triunfara, onde ninguém supunha que isso viesse a acontecer, precisamente, entre aqueles dois marginais e por cima de todos os ódios.
Foi no momento sublime em que Jesus, no cumprimento da Missão tomou sobre si a culpa de muitos e, num gesto de transcendente significado intercede pelos malfeitore:

Pai, perdoai-lhes, que eles não sabem o que fazem! [ii]

Ressonância no Novo Testamento

Lc 22,37: Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.






[i]  - Mt 27, 39; Mc 15, 29; Lc 23, 13
[ii]  - Lc 23, 34

Profecias sobre Jesus (23) Jesus substitui-se aos pecadores


Profecia 23

Tempo Profético: Is 53, 4-5: Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

Intenção profética: Jesus sofreria, substituindo-Se aos pecadores.


Atentemos nas Palavras de S. Marcos: Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho [i].
Jesus acabara de ser baptizado por S. João e, logo, procura a consciências dos homens, chamando-os ao arrependimento a que se seguiu uma prece preocupada para que estes, arrependidos dos seus pecados, acreditassem na Palavra que Ele trazia.
O profeta Isaías tinha dito que Cristo era portador de uma boa nova.
Mas em que se fundava a boa notícia na qual Jesus ordenava aos homens crer?
Neste facto extraordinário: Deus na plenitude dos tempos tinha enviado ao mundo o seu Filho para que todo aquele que acreditasse n’Ele não perecesse mas tivesse a vida eterna. Dito doutra maneira, Deus no grande amor que tinha pelos homens enviara ao mundo o seu Filho para que por meio d’Ele todos fossem salvos.
Apesar de Jesus ter semeado o bem, muitos não crema n’Ele, tendo, até, dito que Ele era alguém que comia à mesa com os pecadores, invectivando-O por não guardar o sábado e um blasfemo por chamar Pai a Deus, dizendo-se igual e Ele.
Calúnias torpes contra O homem cheio de sabedoria, de um saber que não era deste mundo, mas da sabedoria de Deus que lhe vinha do Espírito Santo e que, ao contrário nunca violou o sábado, porque naquele dia era lícito fazer o bem, apresentado-se como igual a Deus não por presunção, mas porque vinha d’Ele, sem no entanto se ter aferrado a esta igualdade, pois se humilhou tomando o lugar de servo e se mostrou semelhante aos filhos dos homens, razão porque muitos não O tomaram a sério, por se dizer Deus e comportar-se como um no meio dos outros homens, sem no entanto deixar de chamara a atenção para a missão de que estava incumbido.
Humanamente falando, as calúnias devem ter feito sofrer Jesus ao ver-se rejeitado pelos homens das sua casa. Nele, cumpriu-se, mais uma vez o sofrimento de que haviam padecido todos os profetas que O anunciaram.
Nele se cumpriram as dolorosas palavras de Isaías: Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos (...) [ii] 
Talvez, por isto, por ter sido perseguido e posto sob o jugo pesado dos sofrimentos inumanos que suportou, muitos terão pensado que afinal Ele não era Filho de Deus, quando, afinal, Ele era o grande inocente que se deixava açoitar para carregar as culpas de todos os homens do seu povo, que cobardemente O entregou à sorte dos verdugos.
Como servo, aceitou resignadamente e com paciência todas as culpas que lhe eram imputadas, levando o Pai que O enviara a perdoar a todos aqueles que O escarneceram e não acreditaram n’Ele, etregando-O a uma morte afrontosa e sobre a qual S. Paulo, que fora um dos que O perseguira, diria depois, que Ele fora rejeitado e morto por causa dos nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação [iii] retomando sempre esta tese, porque depois de convertido pelo próprio Jesus na estrada de Damasco, ele sentiu necessidade de dizer bem alto para que todos ouvissem a acreditassem no que Jesus tinha feito e como apregoara o bem.
É por este motivo que na primeira vez que se dirigiu ao povo de Corinto na sua segunda viagem missionária, retoma a defesa de Jesus, fazendo valer a sua própria experiência pessoal: Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras (...) [iv]


Ressonância no Novo Testamento:

Mt 8, 16-17: Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos; para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
 




[i] - Mc 1, 14-15
[ii]  - Is 53, 3
[iii]  - Rom 4, 25
[iv]  - 1ª Cor 15, 3

Profecias sobre Jesus (22) Odiado sem motivo fundado


Profecia 22

Tempo Profético: Sl 69,5 – São mais numerosos que os cabelos da minha cabeça os que me odeiam sem causa; são demasiados para as minhas forças os que me hostilizam sem motivo. O que não roubei, devo porventura, restituir?

Intenção profética: Jesus seria odiado sem motivo.


Noutras passagens, o salmista – prefigurando Jesus – já cantara a sua desolação por se sentir alvo de uma perseguição injusta movida por homens ingratos.
Contra mim, diz o Salmo (35, 11)  levantaram-se testemunhas violentas que num assomo de ódio incompreensível acabam por pagar o bem recebido com o mal da ingratidão, como do mesmo modo, no Salmo (109, 3-5) o salmista acossado pela maldade dos seus inimigos, dolorosamente continua a afirmar: Eles me cercam com palavras de ódio, e pelejam contra mim sem causa. Em paga do meu amor são meus adversários; mas eu me dedico à oração. Retribuem-me o mal pelo bem, e o ódio pelo amor.
Jesus está inscrito, verdadeiramente, em todas estas palavras proféticas.
No Salmo 69, explicitamente, o salmista diz alegoricamente que os inimigos são de tal monta em número que superam os cabelos da sua cabeça, deixando com esta asserção o que viria a acontecer com Jesus, rodeado de inimigos ferozes que desde o momento da sua prisão o cercaram até à exalação do último suspiro, na Cruz, que ao invés do salmista não pede o merecido castigo para os seus opositores, distinguido-se dele neste pormenor importante.
Mas o Salmo que é messiânico quanto à injustiça latente de que é portador é-o, ainda, quando no versículo 10 diz com toda a intenção profética: Porque o zelo de vossa casa me devora, e os ultrajes dos que vos ultrajavam recaem sobre mim, palavras, que num certo dia, pelo tempo da Páscoa dos judeus, haveriam de ser lembradas pelos seguidores de Jesus.
Relata S. João, quando faz alusão à cena dramática da expulsão dos vendilhões do Templo, deixando bem claro a analogia das palavras com que finda o episódio, com a lembrança que ocorreu aos discípulos ao lembrarem as antigas palavras do salmista: O zelo da tua casa me devorará. [i]
Continua, exemplarmente, o profetismo do Salmo 69 na expressão contida no versículo 22, quando o salmista declara: Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre, numa alusão à cena da Cruz, no momento culminante, pela hora nona, quando um dos soldados ouvindo a expressão de Jesus: tenho sede [ii] correu para lhe dar a beber vinagre embebido numa esponja que lhe fizeram chegar à boca.
Sobre a sede sofrida por Jesus, já ao relatar a Paixão do Justo, o salmista havia profetizado: A minha garganta secou-se como barro cozido, a minha língua pegou-se ao meu paladar. [iii]
Tudo estava já dito e predito.
Faltava o cumprimento, uns séculos depois.
Mas tudo se cumpriu.


Ressonância no Novo Testamento:

Jo 15, 23-25: Aquele que me odeia a mim, odeia também a meu Pai. Se eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai. Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.




[i]  - Jo, 2, 17
[ii]  - Jo, 19, 28
[iii]  - Sl. 22, 16

Profecias sobre Jesus (21) Seria golpeado e cuspido pela multidão



Profecia 21

Tempo Profético: Is 50, 6 - Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam.

Intenção profética: Jesus seria golpeado e cuspido pela multidão.

Todos os profetas sofreram
De todos eles – com a excepção de Jesus -  o mais ferozmente atacado pelos homens terá sido  Jeremias, que ascendeu ao seu ministério sacerdotal num tempo em que os cultos idólatras se haviam imposto em Israel pela acção deliberada de Manassés de que nos dá conta o Livro dos Reis:  fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações das nações que o Senhor desterrara de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do céu, e os serviu. E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém porei o meu nome [i] tendo, em face da sua atitude contra Deus merecido de Jeremias a sua reprovação, um facto que pesou, sobremaneira em Josias que tomou a seu cargo a purificação de Israel, contra a vontade dos seus sucessores, dada a sua morte prematura.
Incompreendido pelos seus contemporâneos, foi contra estes que Jeremias se rebelou, sofrendo, por isso.
Isaías, que viveu um século depois, é o autor inspirado do versículo que intui a existência, um dia, de um outro profeta sofredor que levaria ao extremo o sofrimento humano. Esse profeta veio a ser Jesus da Nazaré sobre o qual estão certas todas as suas palavras: Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam
Não há nesta pequena frase de Isaías, que se cumpriram integralmente, qualquer dom de  adivinhação.
Nenhum profeta foi adivinho, mas antes, homens que intuíam em si mesmos por uma graça especial concedida por Deus, acontecimentos futuros, pregando o advento – num tempo que eles não quantificavam – mas sabiam ser um tempo impregnado de um messianismo de âmbito universalista, onde reinasse a justiça e a santidade.
Daí, aquelas palavras que muitos não entendiam no seu tempo, onde o que contava entre os desmandos dos homens era o desforço: Ofereci as minhas costas aos que me feriam, dando com  este gesto de oferenda do corpo ao inimigo uma noção de santidade, contra a injustiça do outro que era preciso converter, levando-o a cometer actos numa esfera humana onde cada homem devia ao outro, precisamente actos de justiça e de santidade.


Ressonância no Novo Testamento:


Mc 14, 65 - E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.
Jo 19, 1-3 -  Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura; e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas.




[i]  - 2 Rs, 21 2-4

Profecias sobre Jesus (20) Calou-se no Pretório. Não acusou nunguém


Profecia 20

Tempo Profético: Is. 53, 6-7 - Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.

Intenção profética: Jesus, no Pretório, calou-se. Não teve uma palavra de acusação para os seus inimigos.

Isaías retoma, mais uma vez, o fio condutor que nos dirige para os tempos messiânicos.
Dá-nos a imagem de um povo dividido, como se fosse um rebanho que o pastor levasse para o monte e ali se houvesse transviado e fugindo do riacho que matava a sede e do prado verde que o alimentava, deu em seguir caminhos secos, levados pela mão de um outro pastor, bem longe de ser aquele que lhe acenava com caminhos de salvação.
Vendo-o tão carregado, o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós, a imagem que salta ao nosso entendimento é a de que – por culpas que eram só nossas – Deus lhe daria um jugo severo, precisamente a Ele que não tinha culpas dos homens se haverem desgarrado.
Mas não foi assim.
Os homens - esses, sim – é que haveriam de impor a Jesus uma carga bem pesada e imerecida, que Ele aceitaria de bom grado e Deus, Pai Santo, vendo o gesto nobre d’Aquele Filho, aceitou-o, como um sacrifício posto sobre os ombros do Servo, que daquele modo e de vontade própria aceitou levar com Ele as culpas de todos os homens.
Como um cordeiro que é levado ao matadouro assim procederia Jesus, bem ao contrário do profeta Jeremias, que tendo sido instruído por Deus sobre as conjurações que contra ele tramaram os seus inimigos, seus próprios conterrâneos, situação que o levou a dizer: Mas eu era como um manso cordeiro, que se leva à matança; não sabia que era contra mim que maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do seu nome, assemelhando-se neste passo ao futuro Messias: eu era como um manso cordeiro, acabou, por abrir a boca e pedir a Deus a destruição dos seus inimigos:  Mas, ó Senhor dos exércitos, justo Juiz, que provas o coração e a mente, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa. [i]
Isto prova que Jesus estaria acima de todos os profetas.
Cabe a Isaías ter profetizado a palavra certa: como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca, mas haveria de caber a Jesus a Palavra final e definitiva sobre o Amor do Perdão, pois na hora suprema, já longe dos seus inquiridores – mas muito perto do Pai -  haveria de abrir a boca para pedir o perdão de Deus sobre aqueles homens que o condenariam à morte.




Ressonância no Novo Testamento:


Mt 26, 62-63 - Levantou-se então o sumo sacerdote e perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.





[i]  - cf Jer 11, 18-19

Profecias sobre Jesus (19) Seria acusado por más testemunhas


Profecia 19

Tempo Profético: Sl 27,12 - Não me entregues à vontade dos meus adversários; pois contra mim se levantaram falsas testemunhas e os que respiram violência.

Intenção profética: Jesus seria acusado por testemunhas malévolas.


O salmista David, um velho antepassado de Jesus, começa por expor logo no início do salmo a sua ilimitada confiança em Deus: O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?
Jesus, força de Deus, nada temeu, pesassem embora contra Ele todos os actos espúrios daqueles que se haviam conluiado com o fim de o aniquilarem, pagando o amor com o ódio: Eis que armam ciladas à minha alma; os fortes se ajuntam contra mim, não por transgressão minha nem por pecado meu, ó Senhor. [i]
Dir-se-á que Jesus tendo de beber a taça de fel até ao fim, teve no salmista o grande arauto dos sofrimentos surgidos através daqueles que sempre amou e respeitou como irmãos, não impedindo porém, que uma importante facção se ajustasse aleivosamente contra Ele a quem julgavam um estranho e não um judeu como eles: Tornei-me um estranho a meus irmãos, [ii] diz o salmista, prefigurando o que viria a acontecer com os testemunhos que se encarniçaram sem tréguas.
Diante de um mundo que se fecharia, ficando surdo aos apelos de Jesus, a piedade divina haveria de ficar sem limites, sempre de pé, mas isto não obstou que Miqueias tenha feito a pergunta que no seu tempo ganhou todo o sentido pela ingratidão do povo que Deus havia tirado do exílio egípcio e se imporia, um dia, com toda a crueza e frontalidade, quando se tratou do Messias, desprezado, injuriado e vítima de falsas calúnias: Ó povo meu, que é que te tenho feito? e em que te enfadei? testifica contra mim. [iii]
A este repto, a resposta é a que sabemos.
Jesus – pelos testemunhos falsos que foram comprados – seria, como aconteceu, um réu de morte e nada houve que demovesse os seus adversários e, desse modo, a pergunta de Miqueias que já no seu tempo ficou sem resposta, assim haveria de ficar, um dia, mais tarde: Ó povo meu, que é que te tenho feito? e em que te enfadei? testifica contra mim.
Falsamente, os caluniadores haveriam de testificar, porque aos homens de maus pensamentos que não haveriam de escutar Jesus, sobrava em astúcia o que havia de faltar de piedade divina, desse dom gratuito de Deus que seria espalhado pelos quatro cantos da Palestina.



Ressonância no Novo Testamento:


Mt 26, 59-61 - Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem entregá-lo à morte e não achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram duas, e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus, e reedificá-lo em três dias.      




[i]  - Sl 59, 4
[ii]  - cf Sl 69, 9
[iii]  - Miq 6, 3

Profecias sobre Jesus (18) Seria vendido por 30 moedas



Profecia 18

Tempo Profético: Zc 11,12 - E eu lhes disse: “Se vos parecer justo, dai-me o que me cabe, se não, deixai-o.” E me pagaram o salário de trinta siclos de prata.

Intenção profética: Jesus seria traído por trinta moedas de prata.


O Livro do Êxodo quando tratou de fixar normas relativamente a danos causados em pessoas e bens e, ainda, lesões corporais exercidas por animais, como o boi e conduzissem à morte o atacado, na parte respeitante a estas, fixou como lei o montante de trinta moedas ou siclos [i] de prata como uma justa indemnização devida.
Assim aconteceu com Jesus, cuja morte seria comprada por igual preço.
Sem pejo algum os sinedritas assim fizeram, quando chegou o momento de acertarem com Judas o preço da traição, um valor material que de nada lhe serviu, pois cheio de remorsos o veio a  devolver, talvez por que as sábias palavras do Deuteronómio lhe martelassem na cabeça: Maldito aquele que receber peita para matar uma pessoa inocente [ii] , contando o Evangelho que num acto de contricção, tendo-se chegado aos homens do Sinédrio lhes disse: Pequei, traindo o sangue inocente, a que eles, zombeteiramente responderam: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
E seguindo a linha evangélica que descreve esta cena trágica, Judas movido por um remorso sem nome atirou violentamente as moedas, retirou-se apressadamente do local e foi enforcar-se, a que se seguiu que os sacerdotes tendo tomado conta das moedas, movidos eles mesmos por um sentimento de culpa, entenderam não as meter no cofre das ofertas do povo, dizendo: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. [iii], cumprindo zelosamente o preceito da lei:  
Não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus. [iv]
Tudo isto é um drama intenso, onde o preço da traição que fora anunciando ganha o estatuto do dinheiro útil em dois sentidos opostos: em primeiro lugar para convencer um amigo a trair o outro, não por um preço qualquer, mas por aquele que fazia parte de uma lei antiga, portanto parecendo que naquele acto adulterino se cumpria a legalidade do tempo e em segundo lugar, dando-lhe como paga do sacrifício que ele operara em Jesus, pela sua Paixão e Morte, a utilidade social materializada na compra de um cemitério para os estrangeiros, como mais tarde, S. Pedro havia de afirmar, em primeira mão, quando se deu a ocasião de falar no companheiro traidor: Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. [v]



Ressonância no Novo Testamento:


Mt 26, 14-16 - Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes, e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata. E desde então buscava ele oportunidade para o entregar.




[i]  - Cada siclo correspondia a cerca de 12 gramas de prata.
[ii] - cf Dt 27, 25
[iii]  - Mt 27, 6-7
[iv] - Dt 23, 18
[v] - Act 1, 15-18

Profecias sobre Jesus (17) Haveria de ser traído por um amigo


Profecia 17

Tempo Profético: Sl 41, 10 - Até um meu íntimo, que gozava da minha confiança, que partilhava o meu pão, levantou-se contra mim à traição.

Intenção profética: Jesus haveria de ser traído por um dos Seus amigos.


É o retracto de Judas que aparece escrito com todo o pormenor pelo salmista, como se ele tivesse sido uma testemunha presente na noite da traição, quando a tropa romana e homens do Sinédrio, com ele à frente, se dispuseram a lançar mão a Jesus.
Superior à dor do corpo é a dor moral, sobretudo quando o homem se vê traído por um amigo muito especial, na linha do que é dito no Salmo 55 ao continuar a expender a mesma ideia:
Pois não é um inimigo que me afronta, então eu poderia suportá-lo; nem é um adversário que se exalta contra mim, porque dele poderia esconder-me, mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu amigo íntimo. Conservávamos juntos tranquilamente, e em companhia andávamos na casa de Deus. [i]
O Salmo 41 é,  efectivamente, um salmo messiânico.
Já no versículo nº 7, quando diz: Murmuram contra mim juntos todos os que me odeiam, fazem cálculos sinistros a meu respeito, parece, sabendo Jesus que entre o colégio dos Apóstolos havia um que era uma carta fora do baralho, e esse era Judas que já no decorrer da Ceia, no Cénáculo, escondera os sinistros propósitos que o habitavam, tentando no entanto esconder-se através da pergunta espúria que fez a Jesus ao pressentir-se acusado: Porventura sou eu, Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste [ii] que, efectivamente, o Salmo inclui o traidor no número daqueles que odiavam o Mestre e tudo faziam para o prender e condenar à morte.
Saindo para fora, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite diz o Evangelho de S. João [iii] a que não falta o pormenor do traidor ter saído trazendo na mão e, possivelmente, tomado o pedaço de pão da primeira Eucaristia.
É por este motivo – talvez o maior e mais negativo entre todos os que denegriram a mente de Judas - que foi grande a dor de Jesus, ao vê-lo à frente dos seus algozes, um facto anómalo que leva S. João a ser até mais expressivo que o salmista, ao afirmar o seguinte: O que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar [iv] fazendo o evangelista valer um espírito metafórico com a alusão ao uso calcanhar, considerado um meio cobarde de ataque.



Ressonância no Novo Testamento:


Mc 14, 10-11 - Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus. Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna.
           




[i]  - Sl 55, 13-15
[ii]  - Mt, 26, 25
[iii]  - Jo, 13, 30
[iv]  - cf Jo, 13, 18