Profecia 25
Intenção profética: Jesus seria escarnecido e insultado.
É neste Salmo que encontramos a exclamação
de Jesus, no momento extremo do sacrifício da Cruz: Meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes?
Demonstra-se, assim, que no acto da expiração,
Jesus, lembrou tornou presente as velhas palavras do salmista e entoou as que,
no Livro Santo, abrem o versículo dois do salmo de David, que é, é, no seu
conjunto, uma alegoria à dor humana que vai desde o extremo sofrimento até
conduzir o homem à salvação universal.
O salmista lembra a Deus que os
antepassados de Israel confiram, pediram ajuda e escaparam dos perigos; não
ficaram desiludidos.
Mas eu sou
um verme e não um homem (...) todos os que me vêem zombam de mim, torcem a boca
e meneiam a cabeça: confiou em Deus; livre-o Ele, salve-o, já que o ama, continua deste modo o
salmo a fazer a ponte até à pergunta de Jesus, pregado no madeiro,
entendendo-se esta como uma figura de pensamento, em que se fazem perguntas sem
esperar respostas.
Ressonância
no Novo Testamento
Mt 27 39-40-46 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo:
Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz.(...) Cerca da hora nona, bradou Jesus em
alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, meu Deus, meu Deus, por
que me desamparaste?
Na Cruz do Calvário cumpriu-se em
plenitude a antiga profecia.
Jesus, desamparado, era motivo da
zombaria da turba exaltada, que queria, a todo o custo terminar a crucifixão.
Rejeitado pelos homens para nos fazer
aceitáveis a Deus, vestiu-se de um manto de vergonha no acto da sua
crucificação para nos vestir com o linho branco da justiça divina, sofrendo o
opróbrio de ser coroado com uma coroa de
espinhos para pudéssemos usar uma coroa de glória, sofrendo o desamparo na Cruz
para nos colocar sob os cuidados do Pai e nos fazer participantes da Vida Eterna.
O sofrimento da Cruz é uma realidade
misteriosa.
Nós, simples mortais, gostaríamos de o
evitar, porque diante da dor nos sentimos impotentes. Até mesmo alguém que está
próximo a nós, e nos quer bem, frequentemente, não sabe como ajudar-nos e,
muitas vezes, porque nos ama, deseja sofrer por nós.
Foi isso que Jesus fez.
Veio para estar perto de nós, até
compartilhar tudo o que é nosso, chegando ao ponto de tomar sobre si todas as nossas dores.
Eram três horas da tarde quando Jesus
lançou a sua pergunta ao Céu, três horas depois de estar suspenso na Cruz,
pregado pelas mãos e pelos pés.
Tinha vivido numa contínua doação a
todos.
Tinha curado doentes e ressuscitado os
mortos, tinha multiplicado os pães e perdoado os pecados, tinha pronunciado palavras
de sabedoria e de vida e na Cruz, num acto de amor sublime perdoa aos seus
carrascos e doa-nos o seu Corpo e o seu Sangue.
Não é um vencido pela dor.
No momento em que parece sentir a
infinita distância com o Pai, num esforço desmedido acredita no Amor que Ele
lhe tem e exclama num suspiro supremo.
Pai, em tuas
mãos entrego o meu espírito. [i]
Naquele acto é restabelecida a união
entre o Céu e a Terra e são abertas de para a par as portas do reino e
tornámo-nos, efectivamente, filhos de Deus e irmãos entre nós.
Jesus não estava abandonado.
Mas as Escrituras eram para cumprir,
donde podemos concluir, ter sido o grito de Jesus, meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes, um modo de ligação
entre o Novo Testamento que ia começar e o Antigo, onde já aquelas mesmas
palavras haviam ecoado na exclamação do salmista e Ele bem conhecia, fazendo
assim a ponte entre a realidade que acabara e a nova realidade que Ele
corporizava na linha do Amor, que pelo seu sofrimento iria chegar até nós.
Desse modo, se estivermos atentos em
corresponder ao que nos deixou, vivendo a nossa vida por Ele, experimentaremos
que as nossas dores oferecidas, se transformam pelo poder da graça, em sinais
salvíficos.
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