Profecia 21
Intenção
profética: Jesus seria golpeado e cuspido pela multidão.
Todos os profetas
sofreram
De todos eles – com a
excepção de Jesus - o mais ferozmente
atacado pelos homens terá sido Jeremias,
que ascendeu ao seu ministério sacerdotal num tempo em que os cultos idólatras
se haviam imposto em Israel pela acção deliberada de Manassés de que nos dá
conta o Livro dos Reis: fez o que era
mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações das nações que o Senhor
desterrara de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos
que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma
Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do
céu, e os serviu. E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha
dito: Em Jerusalém porei o meu nome [i]
tendo, em face da sua atitude contra Deus merecido de Jeremias a sua
reprovação, um facto que pesou, sobremaneira em Josias que tomou a seu cargo a
purificação de Israel, contra a vontade dos seus sucessores, dada a sua morte
prematura.
Incompreendido pelos
seus contemporâneos, foi contra estes que Jeremias se rebelou, sofrendo, por
isso.
Isaías, que viveu um
século depois, é o autor inspirado do versículo que intui a existência, um dia,
de um outro profeta sofredor que levaria ao extremo o sofrimento humano. Esse
profeta veio a ser Jesus da Nazaré sobre o qual estão certas todas as suas
palavras: Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos
que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me
cuspiam
Não há nesta pequena
frase de Isaías, que se cumpriram integralmente, qualquer dom de adivinhação.
Nenhum profeta foi
adivinho, mas antes, homens que intuíam em si mesmos por uma graça especial
concedida por Deus, acontecimentos futuros, pregando o advento – num tempo que
eles não quantificavam – mas sabiam ser um tempo impregnado de um messianismo
de âmbito universalista, onde reinasse a justiça e a santidade.
Daí, aquelas palavras
que muitos não entendiam no seu tempo, onde o que contava entre os desmandos
dos homens era o desforço: Ofereci as minhas costas aos que me feriam, dando
com este gesto de oferenda do corpo ao
inimigo uma noção de santidade, contra a injustiça do outro que era preciso
converter, levando-o a cometer actos numa esfera humana onde cada homem devia
ao outro, precisamente actos de justiça e de santidade.
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