Profecia 18
Intenção
profética: Jesus seria traído por trinta moedas de prata.
O Livro do Êxodo quando tratou de fixar
normas relativamente a danos causados em pessoas e bens e, ainda, lesões
corporais exercidas por animais, como o boi e conduzissem à morte o atacado, na
parte respeitante a estas, fixou como lei o montante de trinta moedas ou siclos
[i] de
prata como uma justa indemnização devida.
Assim aconteceu com Jesus, cuja morte
seria comprada por igual preço.
Sem pejo algum os sinedritas assim
fizeram, quando chegou o momento de acertarem com Judas o preço da traição, um
valor material que de nada lhe serviu, pois cheio de remorsos o veio a devolver, talvez por que as sábias palavras
do Deuteronómio lhe martelassem na cabeça: Maldito aquele que receber peita
para matar uma pessoa inocente [ii] , contando o
Evangelho que num acto de contricção, tendo-se chegado aos homens do Sinédrio
lhes disse: Pequei, traindo o sangue inocente, a que eles,
zombeteiramente responderam: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
E seguindo a linha evangélica que
descreve esta cena trágica, Judas movido por um remorso sem nome atirou
violentamente as moedas, retirou-se apressadamente do local e foi enforcar-se,
a que se seguiu que os sacerdotes tendo tomado conta das moedas, movidos eles
mesmos por um sentimento de culpa, entenderam não as meter no cofre das ofertas
do povo, dizendo: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço
de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do
oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. [iii],
cumprindo zelosamente o preceito da lei:
Não trarás o salário da
prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por
qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor
teu Deus. [iv]
Tudo isto é um drama intenso, onde o
preço da traição que fora anunciando ganha o estatuto do dinheiro útil em dois
sentidos opostos: em primeiro lugar para convencer um amigo a trair o outro,
não por um preço qualquer, mas por aquele que fazia parte de uma lei antiga,
portanto parecendo que naquele acto adulterino se cumpria a legalidade do tempo
e em segundo lugar, dando-lhe como paga do sacrifício que ele operara em Jesus,
pela sua Paixão e Morte, a utilidade social materializada na compra de um cemitério
para os estrangeiros, como mais tarde, S. Pedro havia de afirmar, em
primeira mão, quando se deu a ocasião de falar no companheiro traidor: Naqueles
dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali
reunidas cerca de cento e vinte, e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a
escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que
foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; pois ele era contado entre nós e
teve parte neste ministério. Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua
iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas
as suas entranhas se derramaram. [v]
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