Profecia 2
O Filho de Deus
seria descendente de Abraão.
Tempo Profético: Gn 12, 3 - Abençoarei aos
que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra.
Gn 18,18 - Visto que
Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão
benditas todas as nações da terra.
Por meio do velho patriarca Abraão – o pai da Fé – e de
todos os seus pósteros e cuja culminância estaria guardada para Jesus Cristo, a
promessa da salvação messiânica ficava, deste modo, estendida a todos os povos,
actuais e futuros.
É assim que se foi perpetuando no devir de todos os tempos
e, sempre, com âmbito delimitado a promessa que já fora feita a Sem, sobre o
qual Noé, seu pai, num certo dia estendeu as mãos num acto de bênção por este
ter coberto a sua nudez, dizendo: Abençoado seja Sem pelo Senhor, meu Deus. [i]
De Sem descende o povo eleito e, em consequência Jesus
Cristo.
Maravilhosamente a teia divina foi tomando o seu lugar na
História através do empenho de Deus, que tendo salvo a Humanidade do dilúvio
pela graça encontrada em Noé, pacientemente foi encandeando os factos e os
acontecimentos.
Ressonância
no Novo Testamento:
At 3, 25 - Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus fez com
vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as
famílias da terra.
Em Mt 1, 1-17, encontramos a árvore genealógica de Jesus:
- 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de David,
filho de Abraão: 2 Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacob; Jacob
gerou Judá e seus irmãos; 3 Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera; Peres
gerou Hesron; Hesron gerou Rame; 4 Rame gerou Aminadab; Aminadab gerou Nachon;
Nachon gerou Salmon; 5 Salmon gerou, de
Raab, Booz; Booz gerou, de Rute, Obed; Obed gerou Jessé; 6
Jessé gerou o rei David. David, da mulher de Urias, gerou Salomão; 7
Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8 Asa gerou Josafat;
Josafat gerou Jorão; Jorão gerou Uzias;
9 Uzias gerou Jotam; Jotam gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias;10 Ezequias
gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias; 11 Josias gerou
Jeconias e seus irmãos, na época da
deportação para Babilónia. 12 Depois da deportação para Babilónia
Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13 Zorobabel gerou Abiud;
Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azur; 14 Azur gerou Sadoc; Sadoc gerou
Aquim; Aquim gerou Eliud; 15 Eliud gerou
Eleázar; Eleázar gerou Matan; Matan gerou Jacob. 16 Jacob gerou José, esposo de
Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. 17 Assim, o número total das
gerações é, desde Abraão até David, catorze;
de David até ao exílio da Babilónia, catorze; e, do exílio da Babilónia até Cristo,
catorze.
Naquele tempo as genealogias eram fundamentais, por conterem
o relato da ascendência familiar, sendo que este facto era de suprema
importância para o povo judeu, por ser indispensável fazer a demonstração
pública da pureza racial, porque possuir sangue estrangeiro entre os seus
antepassados ia ao ponto de se perder direitos de membros do povo de Deus.
O exemplo maior recaía nisto: para se ser sacerdote devia
ser demonstrado que a sua linha genealógica descendia do sacerdote Aarão, que aparece na Bíblia quando o Senhor
o envia das terras do Egipto para se reunir no Monte Horeb, com o seu irmão
Moisés. [ii]
E se alguém se candidatava a ser rei tinha de provar com
provas insofismáveis que pertencia à descendência do rei David, assim como, no
casamento, a pureza racial da esposa teria de abarcar, no mínimo o espaço de
cinco gerações.
O rei Herodes, o Grande, governador do país ao tempo do
nascimento de Jesus era desprezado por ter sangue edomita nos seus antepassados,
pelo facto de ser filho de Antipater que durante vinte anos havia usurpado o
governo da Judeia, e estando na origem da entrada dos romanos na Palestina como
resultado da luta fratricida que ele estimulou, entre Aristóbulo II e Hircano II.
Por este facto, Mateus abre o seu Evangelho demonstrando a pureza
da genealogia de Jesus.
Ele escreve para os judeus convertidos e familiarizado com a
esperança messiânica do povo que se apoiava nas profecias antigas e nelas se
alimentava.
Por isso, para apresentar Jesus como o Messias prometido por
Deus nas escrituras, apresenta-O, como o mais judeu dos Evangelhos, evocando
nomes de antepassados tidos como autênticos pelos judeus daquele tempo, sabido que
tanto os escribas como os fariseus eram inimigos do cristianismo e chamariam a
si qualquer argumento que pudesse desacreditar Jesus, sendo de realçar que
nunca puseram em dúvida a descrição genealógica do Evangelho de Mateus, e mesmo
de S. Lucas, o que sucedeu, igualmente com todos os inimigos pagãos do primeiro
século, que teriam apontado quaisquer falhas de autenticidade se elas
existissem.
Apontam-se, porém, na descrição de Mateus, omissões de três
reis da linhagem de Davi, entre Jorão e Uzias.. É que Jorão se casou com a
iníqua Atalia, filha de Jezabel, da casa de Acabe, introduzindo assim esta
estirpe condenada por Deus na linhagem dos reis de Judá. [iii]
Após mencionar Jorão
como primeiro na aliança iníqua, Mateus omite os nomes dos próximos três reis,
Joás, Amazias e Azarias.
Mas isso não obsta o alcance da genealogia, porquanto,
Mateus quis trazer à memória a vida de Jesus para convencer os judeus que Ele
era realmente o Cristo, isto é, o
Ungido, sendo este o alvo do evangelista mostrado logo no início, pois não fala
sobre a genealogia de Jesus, mas de Jesus Cristo, não sendo esta segunda
palavra um segundo nome de Jesus, mas por esta caracterizar a missão que Deus
lhe destinara, pelo facto de ter prometido que da casa de David nasceria o
Cristo.
Fica claro, porém, que esta genealogia mostra algumas
manchas, como aconteceu com Judá e David, homens de eleição mas grandes
pecadores, o que prova que todos eles precisavam de Cristo que veio para salvar
o seu povo dos seus pecados, não só os da sua família como os de todo o povo,
que veio a merecer as agruras do exílio para a Babilónia, como se lê a findar a
genealogia.
Este percalço não foram férias do povo, mas um castigo de
Deus por causa dos seus pecados.
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