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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Profecias sobre Jesus (9) A matança dos inocentes



Profecia 9

Tempo Profético: Jr 31, 15Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo. Raquel chora a seus filhos, e não se deixa consolar a respeito deles, porque já não existem.

Intenção profética: A matança dos inocentes no tempo de Herodes.

Quem era esta mulher que a Bíblia conhece por Raquel?
É aquela judia que inspirou a Luís de Camões um dos seus mais famosos sonetos:

                                      Sete anos de pastor Jacab servia
                                      A Labão, pai de Raquel, serrana bela (...)

Era filha de Labão, patriarca hebreu pertencente à família de Abraão e residente na Mesopotâmia no ano 1.800 a.C.
Jacob, fugido à ira de Esaú, tendo-se refugiado em casa de Labão perdeu-se de amores por Raquel, a filha mais nova de Labão, pela qual Jacob serviu durante sete anos, com as consequências conhecidas e que não cabem aqui.
Raquel veio a morrer de parto, na sua pátria. Aconteceu isto em Canaã, no caminho que levava de Betel a Éfrata, a região de abundantes colheitas que  formava uma cintura verde ao redor de Belém e cujo nome, muitas vezes foi dado ou acrescentado à própria cidade, como o fez Miqueias ao profetizar que seria em Belém de Éfrata que Jesus nasceria.
Em sua honra existe, perto de Belém, um monumento: o Túmulo de Raquel, erigido por Jacob e, ainda hoje, objecto da veneração dos judeus e judias, que junto dele fazem as suas lamentações, erguendo as suas vozes com a da morta Raquel, que chora – como eles dizem – o seu luto nacional, fazendo de Raquel a mãe-símbolo de todos os filhos reunidos em Ramá, localidade limítrofe entre as tribos de Benjamim e de Efraim, no tempo em que os seus descendentes – os filhos de Israel – numa primeira atribulação não conseguem chegar a Canaã, morrendo ao longo do caminho durante os 40 anos da marcha pelos desertos e, mais tarde, quando foram levados como escravos para a Babilónia, onde muitos morreram no caminho e, outros, no degredo.
Os judeus da tribo de Benjamim eram seus descendentes directos, pois este fora o filho que lhe havia nascido e lhe causara a morte, no tempo em que na companhia de Jacob voltava à sua pátria de origem.
Raquel é uma imagem belíssima tecida pela arte poética de Jeremias que a imagina assistindo à tragédia da partida para o exílio, no tempo de Nabucodonodor, quando em 586 a. C., este rei babilónio cercou Jerusalém e condenou os seus habitantes ao cativeiro, com o assassínio sangrento de muitos judeus, tendo outros passado por terríveis humilhações e completamente destruído o Templo e a consequente desaparição do reino de Judá, com a queda do rei Sedecias que fizeram assistir à morte de seus filhos e levado como escravo para a Babilónia.
Raquel é, por isso considerada a mãe-comum que chora séculos depois, como Jeremias a descreve nas suas lamentações,  a destruição da cidade e a morte dos filhos de Judá que resistiram ao invasor.



Ressonância no Novo Testamento:

Mt 2, 16-18 - Então Herodes, vendo que fora iludido pelos magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos. Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.
S. Mateus recorda este passo ao Antigo Testamento, vendo na matança dos inocentes uma analogia com o que aconteceu com a matança dos filhos de Jerusalém, séculos antes, recordando o amargo pranto de Raquel, como lembra o profeta Jeremias, chorando os filhos mortos ou perdidos nas terras babilónicas.

Raquel chora, porque eles já não existem, tal como os meninos mortos pela sanha cruenta de Herodes.

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