Fundador
da Paróquia
de
Santa Maria dos Olivais
Não se conhece
a data exacta do nascimento de João Anes.
Julga-se que
teria nascido em Tomar, segundo algumas fontes, mas dando-o outras fontes natural
de Lisboa, como assevera o Padre António Carvalho da Costa, ao dar notícia
deste eminente Prelado, quando fala da Sé de Lisboa num livro que dedicou à
corografia de Portugal e de que vamos dar conta nesta pequena biografia.
Sucedeu a D.
Martinho de Zamora, um prelado castelhano que exerceu funções pastorais em
Portugal e que foi barbaramente assassinado em 1383 pelo povoléu em fúria que o
lançou do alto da Sé para o terreiro, desconfiado, no tempo o Papado se
transferira para Avinhão (1309-1377) dele se conluiar com movimentos
antipapais, a que acrescia, ainda, o facto de ser castelhano.
Foi, desse
modo bárbaro e inusitado – de que mais tarde seria apresentado um pedido de
desculpa ao Papa pelo sacrilégio cometido, que D. João Anes foi nomeado com a
dita de ter sido o primeiro Arcebispo de Lisboa, mercê de uma Bula do Papa
Bonifácio IX (1389-1404) de 1394, que elevou a cidade de Lisboa de bispado à
condição de arcebispado, tendo ficado com o cargo de metropolita das Dioceses
de Lamego, Guarda e Silves.
Deve-se-lhe o
empenhamento na criação da Paróquia de Santa Maria dos Olivais em 6 de Maio de
1397 e que viria a ser sancionada pelo Papa em 1401.
Homem muito
considerado no paço do rei D. Afonso IV (1291-1357), mormente nos tempos de sua
segunda esposa, a espanhola D. Beatriz
(ou Brites, como ficou conhecida) filha de D. Afonso X de Castela, O Sábio.
Atravessado o
interregno histórico, em meados do século XIV, D. João Anes, foi constituído tesoureiro
das capelas que a Rainha D. Brites beneficiara na Sé de Lisboa, donde se infere
toda a estima que continuava a merecer na corte, mesmo depois, no tempo de D.
João I (1385-1433).
Deste facto
dá-nos conta Júlio de Castilho no vol. VI “Lisboa Antiga” dedicado à Sé de
Lisboa, ao relatar na pág, 24 (2º edição – 1936) uma incumbência que João Anes tinha recebido e que nos é
apresentada do seguinte modo:
Em tempo de el-Rei D. João I, o tesoureiro
das capelas (da Sé) da rainha D. Brites, João Anes, representou ao mesmo rei,
que depois de falecer el-Rei D. Afonso IV, a sua viúva lhe entregara, a ele
João Anes, dois panos para haverem de ser por ele colocados em cima dos dois
moimentos nas grande festas do ano, e depois tirados e guardados. (...)
Tratava-se, de
certeza de dois panos riquíssimos postos à guarda de João Anes, tendo feito, a
viúva de d: Afonso IV, deste gesto simples, mas cerimonial, um motivo da alta
consideração que lhe merecia João Anes, o futuro arcebispo de Lisboa e a quem
os Olivais ficam devendo a erecção da sua Paróquia.
Sobre João
Anes, existe uma descrição no Livro “Corografia Portuguesa” da autoria do Padre
António Carvalho da Costa, Tomo III – pág. 241 e 242, expressa do seguinte
modo, com a grafia actual: No tempo
del-Rei D. João o Primeiro foi (a Sé de Lisboa) feita Metropolitana, e foi o
seu primeiro Arcebispo D. João (Anes) pelos anos de l390. Foi este Prelado por
seu valor chamado o Cavaleiro, e foi natural desta Cidade, nascido de pais
nobres, e varão insigne nas divinas e humanas letras; está sepultado na sua
Catedral, na Capela de S. Sebastião, numa arca de pedra, que sustentam dois
meios leões, metida na parede, com seu escudo com as Armas dos Sás e
Castelos-Brancos, com este epitáfio: Aqui jaz D. João primeiro Arcebispo de
Lisboa, passou a 30 da Maio, era de 1440. Governou esta Igreja 18 anos e dez
meses, sendo Sumo Pontífice Urbano VI e Bonifácio IX. Rei de Portugal D. João
Primeiro da Boa Memoria.
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