Foto copiada - com a devida vénia -
do diaporama Portugal a Norte - 6ª parte
(Douro e as regiões demarcadas do Vinho do Porto)
Solilóquio
com uma velha máquina do rio Douro
com uma velha máquina do rio Douro
Tu, que abrasada pela fornalha ardente
por força das pazadas do carvão
que recebias no bojo, a horas certas,
por força das pazadas do carvão
que recebias no bojo, a horas certas,
percorreste de fio a pavio toda a linha que havia
ao longo do rio Douro.
Tu, que te "embebedaste" no tempo das vindimas
com o cheiro do mosto
com o cheiro do mosto
e quebraste nos carris o gelo das geadas,
e arrostaste com os sóis e as nortadas,
e arrostaste com os sóis e as nortadas,
em todos os casos, sempre contente,
soltando o teu silvo estridente.
quando se aproximavam as estações do caminho,
ou quando partias delas para continuar a jornada
e sempre pronto, na ânsia de veres
a tua chaminé fumegante e o teu perfil de aço
escurecido pela origem da construção
e pelos anos, espelhado como um brinquedo andante
e pelos anos, espelhado como um brinquedo andante
nas águas límpidas do rio Douro,
enquanto, com a força que te dava a fornalha ardente,
enquanto, com a força que te dava a fornalha ardente,
puxavas as carruagens onde ia a tua gente,
aquela amálgama do povo, apinhado, às vezes!
Pela tua alegria de aço a resfolegar vapores
sobre a vertente aplanada do monte
- a tua bela estrada! -
aquela amálgama do povo, apinhado, às vezes!
Pela tua alegria de aço a resfolegar vapores
sobre a vertente aplanada do monte
- a tua bela estrada! -
não merecias que se tenham esquecido
olvidando tanta coisa que fizeste
e te tenham arrumado a um canto,
com a maldade de veres todos os dias
os carris à tua frente, luzidios, como no tempo
em que os percorreste,
mas onde já não passas, como outrora!
Para teu desgosto,
os homens que tantas vezes transportaste
- e, até, cuidaram de ti nas mazelas que tiveste -
puseram à tua volta as àrvores da paisagem
que dantes vias a correr e, agora,
são como tu, imagens quietas
- e tu, mais quieto que elas -
com a maldade de veres todos os dias
os carris à tua frente, luzidios, como no tempo
em que os percorreste,
mas onde já não passas, como outrora!
Para teu desgosto,
os homens que tantas vezes transportaste
- e, até, cuidaram de ti nas mazelas que tiveste -
puseram à tua volta as àrvores da paisagem
que dantes vias a correr e, agora,
são como tu, imagens quietas
- e tu, mais quieto que elas -
como se fosses, e não devias ser,
um ferro velho que apodrece
um ferro velho que apodrece
às intempéries e às canículas que põem em brasa
a tua antiga fornalha ardente...
mas que não chegam para te por a correr
em cima dos carris antigos...
e que estão, como um desafio, à tua frente!
a tua antiga fornalha ardente...
mas que não chegam para te por a correr
em cima dos carris antigos...
e que estão, como um desafio, à tua frente!
Mereces, por isso, pelo esquecimento imerecido
estes versos soltos
onde vai todo o encantamento que me deste
e todo o meu carinho, em honra do teu passado!
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