Profecia 24
Intenção profética: Jesus seria crucificado no meio de
pecadores.
Sendo a oferenda mais valiosa que podia
dar ao Pai que O enviara, Jesus, pelo seu sacrifício dar-lhe –ia – como prémio
– as multidões que se haveriam de converter pelo precioso sangue
derramado.
Nestas multidões contavam-se os poderosos,
onde se contavam aqueles que pela sua posição social tinham poder para dirigir
as sociedades, chamando-as a uma vida nova de redenção e encontro com os
ditames de Deus.
A crucifixão no meio de dois pecadores é
o último sinal que Jesus deixou aos homens de como a vida também se ergue e dignifica até ao último suspiro, como
aconteceu com Dimas que Ele levou para casa do Pai, tendo-lhe feito companhia,
conjuntamente com Gestas através do caminho que ia do Pretório até ao monte do
Gólgota.
Tem um significado salvífico a derradeira
caminhada dos três condenados se atentarmos que cada um deles transportava uma
cruz diferente e dando com o seu exemplo aos homens de todos os tempos a
escolha que deve fazer da sua própria cruz, ou seja, da sua caminhada.
Ao deixar-Se contar entre aqueles dois
salteadores e tendo caído três vezes, Jesus dá a medida exacta dos pecados que
não lhe pertenciam e Ele carregava, onde avultavam os impropérios da populaça,
descuidada quanto ao sofrimento que lhe era infligido.
Não há registo das vicissitudes
sofredoras da caminhada dos outros dois companheiros.
Mas o que é de registar é que erguidos os
três, morre o Obstinado que não conseguiu até ao fim aliviar o peso da cruz que
carregara durante a vida e morre o Contrito, aliviado, após um acto de
contrição por toda a sua vida cheia de erros e morre o Justo - o Grande Inocente – na Cruz do Amor onde
couberam todos os pecados do mundo.
Porque foi assim?
Porque havia Jesus, de morrer entre
aqueles dois homens pecadores?
A resposta está dada.
Salvou Dimas, porque se arrependeu e só
não pode salvar Gestas, porque este, naquele momento dramático ao ser
repreendido pelo companheiro de ofício, ainda encontrou no mais fundo de si
mesmo, palavras de ódio:
Ser és Filho de Deus,
livra-Te a Ti e a nós.
[i]
Jesus, é, com efeito, o Grande Inocente,
mas deixando em todas as derradeiras Palavras lições profundas sobre o Mistério
do Reino de Deus expresso no sacrifício supremo da Cruz onde ficaram caldeados
para sempre os entendimentos que é preciso fazer da cruz que cabe a cada homem,
ali fixados,. na Cruz de Cristo erguida em Sacrário e Juízo.
Dos dois salteadores Jesus recebeu todos
os pecados do mundo, até hoje.
Ao absolver uns – os de Dimas – deixou,
pela lição que foi dada, a porta aberta aos Gestas de todos os tempos para se
arrependerem e alcançarem o Reino ou continuarem na perdição, deixando bem
claro que todo o desespero pode ser um motivo de esperança.
O Amor triunfara, onde ninguém supunha
que isso viesse a acontecer, precisamente, entre aqueles dois marginais e por
cima de todos os ódios.
Foi no momento sublime em que Jesus, no
cumprimento da Missão tomou sobre si a culpa de muitos e, num gesto de
transcendente significado intercede pelos malfeitore:
Pai, perdoai-lhes, que
eles não sabem o que fazem! [ii]
Ressonância
no Novo Testamento
Lc 22,37: Porquanto vos digo que
importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi
contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
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