Profecia 26
Intenção profética: As mãos e os pés de Jesus seriam
trespassados.
Os versículos seguintes (18 e 19)
continuam na mesma linha de pensamento alegórico, sendo exemplarmente
proféticos: Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a
mirar-me. Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam
sortes.
Mas é no versículo 16 transpassaram-me
as mãos e os pés que está singularmente predita a sorte que havia de
esperar Jesus, erguido no madeiro com as mãos e os pés golpeados pelos pregos
da Crucifixão que os soldados batiam com força na carne dos condenados à morte
mais vil que então era dada aos que eram considerados réus de morte.
Como era costume, neste acto bárbaro as mulheres
de Jerusalém que acompanhavam os condenados, no momento do trespasse da carne
dos pés e mãos, faziam chegar através dos soldados, para que fosse bebida uma
poção de vinho e mirra que servia de narcótico e que Jesus recusou.
A taça da Dor iria ser bebida até à
última gota.
No alto da pequena colina a vida dos
homens, finalmente, num dia destinado por Deus, haveria de encontra um destino
novo.
A Obra de Deus completar-se-ia, feita na
sua forma definitiva através do retrato fiel que nos é dado, na prefiguração do
salmista, mas duma realidade viva e próxima do que viria a acontecer no
Calvário: transpassaram-me as mãos e os pés.
O salmista até parece que é, no seu
tempo, um assistente de uma cena que só viria a ocorrer séculos depois, tal é a
objectividade da descrição que nos deixou, como se houvesse sido feita
friamente por um qualquer jornalista do nosso tempo, começando por situar o
modo e a acção dos assistentes no acontecimento, como convém a todo aquele que
preza o seu trabalho de profissional: De todos os lados mastins me cercaram.
É uma asserção que cola verdadeiramente à
soldadesca romana e aos judeus que desde a condenação não mais se afastaram do
pé de Jesus, dirigindo-Lhe impropérios e chalaças como esta: Tu que
destruías o Templo e em três dias o reedificavas, salva-Te a Ti mesmo; se és
Filho de Deus, desce da Cruz! [i]
Aquele bando de celerados são bem
a imagem dos homens de todos os tempos que agem por força dos julgamentos
sumários, como aconteceu com os próprios príncipes dos sacerdotes e que,
depois, num assomo de cobardia humana, vendo Jesus despojado de tudo – segundo
o que eles pensavam, estando longe de saber que Aquele que crucificaram era Rei
– não se coibiram, como aponta S. Mateus de lhe atirar frases infames, de um
escárnio sem nome: Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo. [ii]
Assim estava escrito.
E assim aconteceu!
Ressonância
no Novo Testamento
Jo 20, 27: Oito dias depois estavam os
discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as
portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco. Depois disse
a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos (...)
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