Profecia 16
Intenção profética:
A entrada triunfal de Jesus, em Jerusalém.
Há, tanto em Zacarias (520 a .C.) como em Sofonias (625 a .C.) um cântico de
júbilo com a vinda do Filho de Deus, num tempo vindouro que lhes escapava, mas
que haveria de acontecer, tendo ambos um chamamento único e uma mesma nota de
alegria dedicada à filha de Sião, designação toponímico-religiosa que
entroncava no nome Sião que fora uma praça forte ocupada pelos Jebuseus [i]
aquando da ocupação da Palestina pelos Israelitas no tempo de Josué, tendo sido
cerca de 1000 a .C.
conquistada por David, conforme refere o Livro 2 de Samuel ao dar-nos conta da
acção bélica: Depois partiu o rei com os seus homens para Jerusalém, contra
os jebuseus, que habitavam naquela terra, os quais disseram a Davi: Não
entrarás aqui; os cegos e es coxos te repelirão; querendo dizer: Davi de
maneira alguma entrará aqui. [ii]
tendo feita dela após a sua queda a sua cidade, identificada como Jerusalém e
tendo sido dado o nome de Sião – para o perpetuar – após a construção do Templo
à plataforma por ele ocupada.
Daí, que nos Salmos e
nos escritos dos profetas o nome de Sião tenha passado a designar a cidade
celeste, devendo entender-se a exclamação dos profetas: Alegra-te muito, ó
filha de Sião e Canta alegremente, ó filha de Sião, como significando
os habitantes de Jerusalém e o desejo profético de vir a viver nela, quando
Deus o dispusesse, o Rei justo – o
Messias – que haveria de entrar num Domingo que tomaria o nome de Ramos, montando um jumentinho, animal manso e
novo e não um cavalo de combate, como seriam mansos e novos os anúncios de Deus
que lhe estavam destinados.
Mais tarde, a colina –
ou o Monte Sião – assim chamado nos primeiros anos do cristianismo e onde
viviam agrupados os cristãos, foi designada por “Santa Sião”, especialmente,
parte da colina onde assentava o Cenáculo e onde existiu a Basilica de Santa
Sião destruída pelos persas em 614 e sobre cujas fundações, no séc. XII foram
construídos pelos cruzados o Mosteiro e a Igreja da Santa Maria, que haveriam
de sofrer a destruição em 1219, às ordens do sultão aiúbida Al-Muazzam, até que
em 1335 foi erigida a actual Capela do Cenáculo pelos padres franciscanos.
Este local de grande
tradição cristã é testemunha do momento da substituição de Judas, por Matias,
estando ali reunidos os apóstolos: É necessário, pois, que dos varões que
conviveram connosco todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
começando desde o baptismo de João até o dia em que dentre nós foi levado para
cima, um deles se torne testemunha connosco da sua ressurreição. E apresentaram
dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. E
orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual
destes dois tens escolhido para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do
qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar. Então deitaram sortes a
respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado
com os onze apóstolos. [iii] e,
é testemunha do momento sublime da descida do Espírito Santo sobre o colégio
apostólico: Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram umas línguas como
que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. E todos
ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme
o Espírito lhes concedia que falassem. [iv]
Jesus foi o último dos
profetas.
Ele é justo e traz a
salvação, é
assim que diz a notícia de Zacarias.
Ele viria anunciar e
realizar a obra da salvação através da realeza do Reino de Deus, que havia de
ter a sua entrada definitiva na História dos homens. Não seria sua intenção
mudar a vida política mas agir por dentro das pessoas, mudando-lhe o coração em
ordem à sua entrada no Reino do Pai que O amava desde o princípio dos tempos.
Ele viria com o fito de
libertar o homem de todas as suas tensões a começar pela erradicação da mais
oprimente, e essa, era o pecado. Escolheria os mais fracos, os mais oprimidos e
haveria de criticar os poderosos, aqueles que sempre haviam estado como
fautores das desigualdades sociais e que até as favoreciam, nada fazendo para
as eliminar.
Ele nunca seria – como
não foi – um reformador da sociedade no aspecto legislativo, mas na medida em
que se apresentaria – como aconteceu – como um reformador das mentalidades e
dos corações, Jesus haveria de dar início a uma das maiores revoluções da
História tendo como base o mandamento do Amor que Ele havia de transmitir e
viver até à exaustão final das forças humanas, que fariam d’Ele, pela suprema
vontade do Pai, um igual a nós, com a excepção do pecado.
[i] - Jubuseus ou Jebusitas formavam um subgrupo
cananeu, (os cananeus eram tribos dos
árabes semitas) que fundaram Jebus - Jerusalém- no lugar onde ele está
localizada hoje e edificaram o primeiro muro ao seu redor, dotado de 30 torres
e sete portões.
[ii] - 2 Sam 5, 7
[iii] - Act 1, 21-26
[iv] - Act 2, 1-4
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