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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela. Um marco à beira dos todos os caminhos!




O mundo livre jamais esquecerá este  falecido no dia 5 de Dezembro de 2013.
É o que me apraz registar e não dizer mais palavras, mas lembrar as suas, as que ele disse no momento em que tomou posse, porque não devem ser esquecidas.
São um marco à beira de todos os caminhos!
Pede-se a este mundo - onde nem sempre o perdão é uma virtude, porque os homens se esquecem da beleza humana que ele produz -  que todos se lembrem deste gigante humano, de estatura física semelhante à dos homens vulgares, mas possuidor daquele atributo - raro - que os ergue acima dos outros e os coloca no cimo da pirâmide dos eleitos.

Eis um relato do seu discurso de investidura como Presidente da África do Sul.:

O novo presidente sul-africano, Nelson Mandela, agradeceu hoje (10 de Maio de 1994) publicamente aos seus ex-carcereiros brancos pela sua gentileza e amizade durante os 27 anos em que esteve atrás das grades, quando se tornou no prisioneiro mais famoso do Mundo.
"Passei tantos anos na prisão", disse Mandela durante o banquete com que agraciou os seus numerosos convidados depois da cerimónia da sua tomada de posse. "Ficarão surpreendidos ao saberem das amizades, as fortes amizades, que foram construidas entre os prisioneiros negros e os carcereiros brancos", afirmou.
"Foi dificil para os responsáveis pela política (sul-africana) perseguirem-nos como queriam porque nos tornámos amigos dos nossos carcereiros", acrescentou. Mandela comparou os carcereiros com o presidente cessante branco, Frederik W. de Klerk, que o libertou ha quatro anos, e agradeceu-lhes pelo seu papel na entrega do poder `a maioria negra. Segundo disse, enviou convites especiais a três carcereiros para participarem como VIPs na cerimónia da sua investidura como primeiro presidente negro da Africa do Sul.
Um dos três, James Gregory, fluente em várias línguas africanas, disse que a sua vida se tornou vazia desde que Mandela abandonou a prisão. Os dois homens encontraram-se quando Gregory, concluida a aprendizagem da língua xhosa, da etnia de Mandela, chegou `a prisão de Robben Island para trabalhar nos serviços de censura que violavam o correio dos prisioneiros. Através do contacto estreito e discussões sobre o correio de Mandela e de outros líderes do Congresso Nacional Africano (ANC) detidos, Gregory disse que desenvolveu uma sólida amizade pelo líder negro. Segundo disse, Mandela era um homem que ele admirava e estava preparado para morrer por ele nos últimos anos, depois da transferência do líder do ANC para outra prisão, quando tinha por função ser seu guarda pessoal. Sobre o 11 de Fevereiro de 1990, dia em que Mandela foi libertado, Gregory afirmou: "Ele veio junto de mim, olhou-me e abraçou-me, dizendo +voltaremos a encontrar-nos. Ambos tínhamos lágrimas nos olhos".
E mostrou um cartão que Mandela deixou com as palavras: "as horas maravilhosas que passámos juntos nas últimas duas décadas terminam hoje. Mas estarás sempre nos meus pensamentos...". Quando o filho de Gregory morreu, Mandela, que quando estava em Robben Island recebeu a notícia da morte do primogénito num desastre de viação, enviou-lhe uma nota: "poucas coisas são tão dolorosas como uma ferida invisível". Mandela disse que os seus 27 anos de prisão lhe deixaram muitos amigos entre os guardas, amizades que minaram os esforços do Governo branco para perseguir os negros.
Mandela disse que convidou três dos seus ex-carcereiros de Robben Island "porque queria que eles partilhassem das alegrias que emanaram deste dia. Porque, de certa forma, eles também contribuiram", disse Mandela. O novo presidente sul-africano reservou um louvor especial ao seu antecessor, Frederik de Klerk, pela sua capacidade notável de reformar as suas ideias sobre o apartheid e sobre o ANC, que agora lidera um Governo de unidade nacional. Referindo-se a De Klerk como "meu amigo", Mandela lembrou quando de Klerk condenou os responsáveis pelo râguebi por terem contactos com o "terrorista" ANC.
"Menciono isto como uma medida da mudança que ele sofreu, a coragem pessoal, a visão, a honestidade, a integridade com que ele examinou a situação na Africa do Sul e usou o seu enorme poder como chefe do Governo para trazer reformas", disse Mandela.

in, Máquina do Tempo (Sapo)

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