Profecia 23
Intenção
profética: Jesus sofreria, substituindo-Se aos pecadores.
Atentemos nas Palavras de S. Marcos: Ora,
depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho
de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus.
Arrependei-vos, e crede no evangelho [i].
Jesus acabara de ser baptizado por S.
João e, logo, procura a consciências dos homens, chamando-os ao arrependimento
a que se seguiu uma prece preocupada para que estes, arrependidos dos seus
pecados, acreditassem na Palavra que Ele trazia.
O profeta Isaías tinha dito que Cristo
era portador de uma boa nova.
Mas em que se fundava a boa notícia na
qual Jesus ordenava aos homens crer?
Neste facto extraordinário: Deus na
plenitude dos tempos tinha enviado ao mundo o seu Filho para que todo aquele
que acreditasse n’Ele não perecesse mas tivesse a vida eterna. Dito doutra
maneira, Deus no grande amor que tinha pelos homens enviara ao mundo o seu
Filho para que por meio d’Ele todos fossem salvos.
Apesar de Jesus ter semeado o bem, muitos
não crema n’Ele, tendo, até, dito que Ele era alguém que comia à mesa com os
pecadores, invectivando-O por não guardar o sábado e um blasfemo por chamar Pai
a Deus, dizendo-se igual e Ele.
Calúnias torpes contra O homem cheio de
sabedoria, de um saber que não era deste mundo, mas da sabedoria de Deus que
lhe vinha do Espírito Santo e que, ao contrário nunca violou o sábado, porque
naquele dia era lícito fazer o bem, apresentado-se como igual a Deus não por
presunção, mas porque vinha d’Ele, sem no entanto se ter aferrado a esta
igualdade, pois se humilhou tomando o lugar de servo e se mostrou semelhante
aos filhos dos homens, razão porque muitos não O tomaram a sério, por se dizer
Deus e comportar-se como um no meio dos outros homens, sem no entanto deixar de
chamara a atenção para a missão de que estava incumbido.
Humanamente falando, as calúnias devem
ter feito sofrer Jesus ao ver-se rejeitado pelos homens das sua casa. Nele,
cumpriu-se, mais uma vez o sofrimento de que haviam padecido todos os profetas
que O anunciaram.
Nele se cumpriram as dolorosas palavras
de Isaías: Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado
nos sofrimentos (...) [ii]
Talvez, por isto, por ter sido perseguido
e posto sob o jugo pesado dos sofrimentos inumanos que suportou, muitos terão
pensado que afinal Ele não era Filho de Deus, quando, afinal, Ele era o grande
inocente que se deixava açoitar para carregar as culpas de todos os homens do
seu povo, que cobardemente O entregou à sorte dos verdugos.
Como servo, aceitou resignadamente e com
paciência todas as culpas que lhe eram imputadas, levando o Pai que O enviara a
perdoar a todos aqueles que O escarneceram e não acreditaram n’Ele, etregando-O
a uma morte afrontosa e sobre a qual S. Paulo, que fora um dos que O
perseguira, diria depois, que Ele fora rejeitado e morto por causa dos
nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação [iii] retomando
sempre esta tese, porque depois de convertido pelo próprio Jesus na estrada de
Damasco, ele sentiu necessidade de dizer bem alto para que todos ouvissem a
acreditassem no que Jesus tinha feito e como apregoara o bem.
É por este motivo que na primeira vez que
se dirigiu ao povo de Corinto na sua segunda viagem missionária, retoma a
defesa de Jesus, fazendo valer a sua própria experiência pessoal: Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras (...) [iv]
Mt 8, 16-17: Caída a tarde,
trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os
espíritos, e curou todos os enfermos; para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as
nossas doenças.
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