A intolerância é em si uma forma de violência
e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro
espírito democrático.
(Mahatma Gandhi)
Que a Democracia é o melhor sistema político, ninguém tenha
dúvidas.
Só, que às vezes, os homens responsáveis que enchem a boca com este termo, na prática, não o cumprem, agindo assim, como os fariseus que pregaram Jesus na Cruz, sendo sem o terem suspeitado, os inventores do maior símbolo humano: O CRUCIFIXO, que sendo material na forma é um bem imaterial naquilo que representa.
Vejamos a razão que julgo ter e sustenta o que quero dizer.
Indo um pouco atrás no tempo (ano de 2005) a invectiva governamental do governo de José Sócrates contra o Crucifixo mandado retirar de locais públicos - como Escolas estatais - foi um acto gratuito e, porque bem longe de ter sido respeitoso para com aquela parte do povo católico, foi um acto anti-democrático levado a cabo pelo ME sob a tutela de Maria de Lourdes Rodrigues, tendo isto acontecido logo a seguir ao dia 12 de Novembro de 2005, quando a cidade de Lisboa foi consagrada a Nossa Senhora de Fátima com a vinda da Imagem da Virgem da Capelinha das Aparições, após uma procissão de velas entre a Igreja de Nossa Senhora de Fátima até à Praça dos Restauradores.
Foi coincidência... ou foi de propósito?
O Estado é laico, mas que não pode jamais esquecer valores nacionais, sejam ou não religiosos, porque aquela parte do povo que se afirma laica é uma minoria e não pode nem deve esquecer a outra, que é maioritária, porque ao fazê-lo, a democracia sai ferida, pela simples razão de não se respeitar a maior parte.
Vejamos a razão que julgo ter e sustenta o que quero dizer.
Indo um pouco atrás no tempo (ano de 2005) a invectiva governamental do governo de José Sócrates contra o Crucifixo mandado retirar de locais públicos - como Escolas estatais - foi um acto gratuito e, porque bem longe de ter sido respeitoso para com aquela parte do povo católico, foi um acto anti-democrático levado a cabo pelo ME sob a tutela de Maria de Lourdes Rodrigues, tendo isto acontecido logo a seguir ao dia 12 de Novembro de 2005, quando a cidade de Lisboa foi consagrada a Nossa Senhora de Fátima com a vinda da Imagem da Virgem da Capelinha das Aparições, após uma procissão de velas entre a Igreja de Nossa Senhora de Fátima até à Praça dos Restauradores.
Foi coincidência... ou foi de propósito?
O Estado é laico, mas que não pode jamais esquecer valores nacionais, sejam ou não religiosos, porque aquela parte do povo que se afirma laica é uma minoria e não pode nem deve esquecer a outra, que é maioritária, porque ao fazê-lo, a democracia sai ferida, pela simples razão de não se respeitar a maior parte.
Concluindo este pensamento vamos a um pouco de história da implantação da Democracia.
Tudo começou no tempo em que a cidade de Atenas, a mais evoluída das cidades-estados (1) da Grécia Ocidental era governada pelo regime tirânico de Pisístrato (2) que tomara o poder ilegalmente, exercendo um poder oligárquico.
Tudo começou no tempo em que a cidade de Atenas, a mais evoluída das cidades-estados (1) da Grécia Ocidental era governada pelo regime tirânico de Pisístrato (2) que tomara o poder ilegalmente, exercendo um poder oligárquico.
Apesar de fazer cumprir os códigos de Sólon (3) o seu poder ditatorial continuado em 527 a .C. pelos seus dois filhos Hípias e
Hiparco, foi extinto a partir do assassinato de Hiparco por dois jovens, Amódio
e Aristógiton - heróis gregos da
Democracia que a História conhece como os
“tiranicidas” e cujo acto extremo levou à fuga de Hípias para a Pérsia,
abrindo o caminho a que o “Partido dos Ricos” chefiado por Iságoras e o dos
populares, chefiado por Clístenes passassem a disputar entre si o controle
político da pólis, até ao momento em que Iságoras, que era apoiado por
Cleómenes – rei de Esparta – conseguiu desterrar o seu rival, Cleómenes.
Valeu neste passo, o povo, que tendo-se revoltado,
trouxe de volta o seu líder a quem foram dados poderes constituintes com o fim
de se experimentar algo que era inédito: o regime governado directamente pela
vontade maioritária do povo: A Democracia.
Em traços larguíssimos esta é a história dos primeiros
passos democráticos e que levaria Péricles (4) a declarar: Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas
instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao
invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas
da maioria, é democracia.
O que veio a seguir,
é que importa, sobretudo, o tempo actual, onde o modelo da democracia ateniense
deu lugar às mais diversas, como a nossa, que tem 30 anos e ainda tem muito
caminho a percorrer para ser um regime puro, sem recorrer a atitudes que deixem
ficar no povo dúvidas quanto à clareza das intenções confinadas a atitudes
exercidas, ainda que pela força do voto.
Vem isto a propósito
da recente medida do Governo em mandar retirar das Escolas estatais o
Crucifixo. Porquê?
- Será que o Crucifixo não faz parte do património
cultural do povo português que ao longo da sua História viveu com ele?
Faz e vejamos porquê: Os simples Crucifixos mandados
retirar pelo Governo integram-se na memória colectiva do povo português em
honra à Cruz do Calvário que foi a inspiradora da cruz que andou nas caravelas
e nas naus dos Descobrimentos e está, ainda hoje, nalguns lados erecta nos
padrões que assinalam a chegada dos nautas e em muitos dos monumentos nacionais
cinzelada nas cantarias.
Por outro lado, lembra-se que a Assembleia da
República, no tempo do Governo do Eng. António Guterres fez aprovar o seguinte
Diploma:
DATA: Sábado, 8 de Setembro de 2001
NÚMERO: 209/01 SÉRIE I-A
EMISSOR: Assembleia da República
DIPLOMA/ACTO: Lei n.º 107/01
SUMÁRIO: Estabelece
as bases da política e do regime de protecção e valorização do património
cultural
PÁGINAS DO DR: 5808 a 5829
A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, para valer como lei geral da
República, o seguinte:
E segue todo o articulado do texto.
No Artigo 2º é dito:
Conceito e âmbito do património
cultural
1 — Para os efeitos da presente
lei integram o património cultural todos os bens que, sendo testemunhos com
valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante,
devam ser objecto de especial protecção e valorização.
2 — A língua portuguesa, enquanto
fundamento da soberania nacional, é um elemento essencial do património cultural
português.
3 — O interesse cultural
relevante, designadamente histórico, paleontológico, arqueológico,
arquitectónico, linguístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social,
industrial ou técnico, dos bens que integram o património cultural reflectirá
valores de memória, antiguidade,
autenticidade, originalidade,
raridade, singularidade ou exemplaridade.
4 — Integram, igualmente, o
património cultural aqueles bens imateriais que constituam parcelas
estruturantes da identidade e da memória colectiva portuguesas.
5 — Constituem, ainda, património
cultural quaisquer outros bens que como tal sejam considerados por força de
convenções internacionais que vinculem o Estado Português, pelo menos para os
efeitos nelas previstos.
6 — Integram o património
cultural não só o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse cultural
relevante, mas também, quando for caso disso, os respectivos contextos que,
pelo seu valor de testemunho, possuam com aqueles uma relação interpretativa e
informativa.
E, mais à frente, no Artigo 3º, com o título: Tarefa
fundamental do Estado, é dito entre outras a seguinte recomendação: Através
da salvaguarda e valorização do património cultural, deve o Estado assegurar a
transmissão de uma herança nacional cuja continuidade e enriquecimento unirá as
gerações num percurso civilizacional singular.
Os sublinhados são
nossos.
Postas as coisas
neste pé, representando o Crucifixo um bem imaterial que faz parte da
cultura da Nação desde a sua origem – e a Lei, como acima refere o que dela se
copiou, obriga o Estado a defendê-lo – não se compreendendo, portanto, a sanha do Governo de José Sócrates que parece ter feito escola - porquanto continua a ser ferida, não
apenas a Lei da protecção e valorização do Património Cultural,
como a alínea “e” do art. 9º da Constituição
que começa por dizer o seguinte, como uma das missões que lhe cabe ao Estado:
Proteger e valorizar o
património cultural do povo português(...) e nisto nada tem a ver o nº 3 do art. 43º onde se
diz que o ensino público não será confessional, porque
a Cruz não impõe a prática de uma determinada confissão religiosa, mas é,
apenas a representação de um símbolo de onde emergem valores, como o da
tolerância e do respeito pelas instituições – dai a Deus o que é de Deus e a
César o que é de César – disse o Homem, que se tornou, sem que o houvesse
pedido o autor desse símbolo histórico que marcou Povos e Nações ao longo dos
séculos e, particularmente, o povo de Portugal.
E vai continuar assim, porque a Cruz é eterna e os homens, finitos.
O Governo da altura, é certo, tinha maioria democrática, mas agiu com intolerância, como nenhum
outro tinha feito ao longo da nóvel Democracia em Portugal e, a ser assim, cabem por inteiro as
palavras de Gandhi: A intolerância é em si uma forma de violência (...) pelo facto de ninguém ter a certeza, qual
seria a resposta do povo português – no seu todo – se lhe fosse feita a
pergunta se estava de acordo em ser retirado o Crucifixo das salas de aula.
Esta dúvida deveria
ter bastado para se ter deixado ficar incólume a Cruz, por ser na sua
representação – não só a imagem de um credo religioso, que também é – mas por
ser na sua singeleza um valor patrimonial da Nação portuguesa, à sombra da qual
e da sua força espiritual se formou a Nação que somos. Há, no entanto, quem
diga e a voz do povo é voz de Deus - voz do símbolo que foi apeado
- com toda a falta de respeito.
É por isso, que o facto
pode revestir-se de alguma intolerância
e violência e ser obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro
espírito democrático.
Eu não queria –
sinceramente o declaro – que estas palavras atribuídas a Gandhi tivessem razão,
porque é meu desejo profundo que a Democracia cresça em Portugal para bem do
povo de que sou parte e ao qual me orgulho de pertencer.
Para que conste fica aqui o corpo de texto do Diário da República com o nº da respectiva página.
[1] -
Nome dado à “pólis”
[2] - Pisístrato (600-527 a .C.) foi um líder
popular e tornou-se um tirano. Usurpou a autoridade que conseguiu manter à sua
morte.
[3]
- Como legislador, Sólon em 594
a .C. iniciou uma reforma que proibiu a hipoteca da terra
e a escravidão por endividamento. Dividiu a sociedade pelo critério censitário
(pela renda anual) e criou o tribunal de justiça.
[4] - Político ateniense(495-429 a .C.) Chefe do partido
democrático exerceu uma profunda
influência entre os seus concidadãos. Foi Chefe do Estado (443-429).
Protegeu as artes e letras e embelezou Atenas com o Partenon.
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