Profecia 17
Intenção
profética: Jesus haveria de ser traído por um dos Seus amigos.
É o retracto de Judas que aparece escrito
com todo o pormenor pelo salmista, como se ele tivesse sido uma testemunha presente
na noite da traição, quando a tropa romana e homens do Sinédrio, com ele à
frente, se dispuseram a lançar mão a Jesus.
Superior à dor do corpo é a dor moral,
sobretudo quando o homem se vê traído por um amigo muito especial, na linha do
que é dito no Salmo 55 ao continuar a expender a mesma ideia:
Pois não é um inimigo
que me afronta, então eu poderia suportá-lo; nem é um adversário que se exalta
contra mim, porque dele poderia esconder-me, mas és tu, homem meu igual, meu
companheiro e meu amigo íntimo. Conservávamos juntos tranquilamente, e em
companhia andávamos na casa de Deus. [i]
O Salmo 41 é, efectivamente, um salmo messiânico.
Já no versículo nº 7, quando diz: Murmuram
contra mim juntos todos os que me odeiam, fazem cálculos sinistros a meu respeito,
parece, sabendo Jesus que entre o colégio dos Apóstolos havia um que era uma
carta fora do baralho, e esse era Judas que já no decorrer da Ceia, no
Cénáculo, escondera os sinistros propósitos que o habitavam, tentando no
entanto esconder-se através da pergunta espúria que fez a Jesus ao
pressentir-se acusado: Porventura sou eu, Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o
disseste [ii] que, efectivamente, o
Salmo inclui o traidor no número daqueles que odiavam o Mestre e tudo faziam
para o prender e condenar à morte.
Saindo para fora, tendo recebido o
bocado saiu logo. E era noite diz o Evangelho de S. João [iii] a
que não falta o pormenor do traidor ter saído trazendo na mão e, possivelmente,
tomado o pedaço de pão da primeira Eucaristia.
É por este motivo – talvez o maior e mais
negativo entre todos os que denegriram a mente de Judas - que foi grande a dor
de Jesus, ao vê-lo à frente dos seus algozes, um facto anómalo que leva S. João
a ser até mais expressivo que o salmista, ao afirmar o seguinte: O que comia
do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar [iv] fazendo
o evangelista valer um espírito metafórico com a alusão ao uso calcanhar,
considerado um meio cobarde de ataque.
Sem comentários:
Enviar um comentário