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domingo, 16 de junho de 2013

A ética e a moral


Falar de  Moral e Ética, conceitos-base que devem orientar o homem para o bem comum neste tempo que vivemos , onde -  nalguns lados que todos conhecemos - ambos rastejam na podridão de uma sociedade envenenada pela falta dessas virtudes fundamentais é um dever social, porque é em vão que damos grandeza à nossa alma se a não fazemos crescer em virtude,  como há séculos disse o filósofo Platão.
Por isso, estes conceitos que têm ao longo dos tempos preenchido o pensamento de grandes filósofos e sobre eles se escreveram – e hão-de continuar a escrever-se milhares de páginas – merecem duas palavras sobre aquilo que num e noutro é básico do ponto de vista social e humano.
Os termos, são por vezes, usados indistintamente.
A distinção, no entanto, pode fazer-se referindo a Moral à prática concreta dos homens enquanto membros de uma dada sociedade com condicionalismos diversos e específicos, enquanto a Ética é a reflexão sobre essas mesmas práticas.
Dito assim, parecem fáceis de entender as diferenças e, no entanto, na prática corrente da vida e de todas as suas vicissitudes, aparece um campo fértil de interrogações, onde muitas vezes não se sabe onde começam a Moral e a Ética nos comportamentos humanos.
 Dir-se-á que a filosofia da Moral consiste no facto do homem se questionar sobre o que é correcto ou incorrecto e o que é uma virtude ou uma maldade nas condutas humanas, partindo do princípio que a moralidade assenta num  sistema de valores do qual resultam normas que são consideradas correctas por uma determinada sociedade e que tendem a ordenar um conjunto de direitos ou deveres do indivíduo perante a sociedade e desta para cada um dos seus membros.
A filosofia da Ética, pode dizer-se, com toda a probabilidade de uma certeza, que é sustentada por um conjunto de normas que regulamentam e obrigam o comportamento de um grupo particular de pessoas, como, por exemplo, advogados, médicos e psicólogos, entre outras profissões, que ficam obrigadas a obedecer ao seu próprio código, que impõe a normalização de acções específicas, e estendendo-se a todos os homens pela necessidade de os obrigar a reflectir sobre as suas condutas, porque todos os condicionalismos comportamentais estão na esfera comum de uma  sociedade de valores éticos. A Ética, pode dizer-se, vista por este prisma, é uma sentinela da Moral.
A diferença fundamental – no nosso entender - está aqui, ainda que seja muito imprecisa a fronteira que separa estes dois conceitos que não podem nem devem deixar de estar sempre presentes
Há quem divida a ética em três requisitos: A percepção dos conflitos, pelo uso da consciência, tentando evitá-los;  a autonomia individual, que permite julgar entre a emoção e a razão e, finalmente, a coerência, que permite ao indivíduo posicionar-se sem desvios contrários à normalidade comportamental.
Toda a pessoa é capaz de ser um ente moral e ético, porque a sua estruturação social vai correndo, acompanhando o seu desenvolvimento físico e intelectual, sendo que estas duas características se imbricam na sua personalidade e na sua sensibilidade emocional.
O que se passa é que o homem, ser imperfeito, é vítima de si mesmo, quando a troco de um prato de lentilhas deixa vender a moral, deixando ao mesmo tempo de ser ético, porque fica preso de si mesmo e inibido de poder reflectir sobre as suas atitudes. E, ainda, que a moral consista num conjunto de normas que orientam a actividade livre do homem, isto não o desculpa de ao usar essa liberdade de decidir, vá contra o conceito da liberdade plena que o manda ser livre e responsável pelos seus actos, os quais, por não serem reflectidos o levam a atropelar a ética.
De livre que é, torna-se um prisioneiro de consciência. É, por isso, que o nosso tempo precisa de uma grande reflexão da sociedade, a começar no banco das Escolas nos primeiros anos do Ensino Básico, que é aí que se forjam as consciências. É que não basta ensinar teoremas é preciso ensinar como se deve viver como pessoas. Temos de recusar a dinâmica de um ensino que em termos de economia visa, apenas, o lucro, e em termos de comportamento social erege o prazer como um ídolo, ou seja, retirando do caminho a moral e a ética, como se todos os caminhos fossem possíveis de alcançar passando por cima desses valores primários que devem acompanhar a pessoa em todo o seu percurso humano.

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