Falar de Moral e Ética, conceitos-base que devem orientar o homem para o bem
comum neste tempo que vivemos , onde -
nalguns lados que todos conhecemos - ambos rastejam na podridão de uma
sociedade envenenada pela falta dessas virtudes fundamentais é um dever social,
porque é em vão que damos grandeza à nossa alma se a não fazemos crescer em
virtude, como há séculos disse o
filósofo Platão.
Por
isso, estes conceitos que têm ao longo dos tempos preenchido o pensamento de
grandes filósofos e sobre eles se escreveram – e hão-de continuar a escrever-se
milhares de páginas – merecem duas palavras sobre aquilo que num e noutro é
básico do ponto de vista social e humano.
Os termos, são por
vezes, usados indistintamente.
A distinção, no
entanto, pode fazer-se referindo a Moral à prática concreta dos homens
enquanto membros de uma dada sociedade com condicionalismos diversos e
específicos, enquanto a Ética é a reflexão sobre essas mesmas práticas.
Dito assim, parecem
fáceis de entender as diferenças e, no entanto, na prática corrente da vida e
de todas as suas vicissitudes, aparece um campo fértil de interrogações, onde
muitas vezes não se sabe onde começam a Moral e a Ética nos comportamentos
humanos.
Dir-se-á que a filosofia da Moral consiste no
facto do homem se questionar sobre o que é correcto ou incorrecto e o que é uma
virtude ou uma maldade nas condutas humanas, partindo do princípio que a
moralidade assenta num sistema de
valores do qual resultam normas que são consideradas correctas por uma determinada
sociedade e que tendem a ordenar um conjunto de direitos ou deveres do
indivíduo perante a sociedade e desta para cada um dos seus membros.
A filosofia da Ética,
pode dizer-se, com toda a probabilidade de uma certeza, que é sustentada por um
conjunto de normas que regulamentam e obrigam o comportamento de um grupo
particular de pessoas, como, por exemplo, advogados, médicos e psicólogos,
entre outras profissões, que ficam obrigadas a obedecer ao seu próprio código,
que impõe a normalização de acções específicas, e estendendo-se a todos os homens
pela necessidade de os obrigar a reflectir sobre as suas condutas, porque todos
os condicionalismos comportamentais estão na esfera comum de uma sociedade de valores éticos. A Ética, pode
dizer-se, vista por este prisma, é uma sentinela da Moral.
A diferença fundamental
– no nosso entender - está aqui, ainda que seja muito imprecisa a fronteira que
separa estes dois conceitos que não podem nem devem deixar de estar sempre
presentes
Há quem divida a ética
em três requisitos: A percepção dos conflitos, pelo uso da consciência,
tentando evitá-los; a autonomia
individual, que permite julgar entre a emoção e a razão e, finalmente, a
coerência, que permite ao indivíduo posicionar-se sem desvios contrários à
normalidade comportamental.
Toda a pessoa é capaz de
ser um ente moral e ético, porque a sua estruturação social vai correndo,
acompanhando o seu desenvolvimento físico e intelectual, sendo que estas duas
características se imbricam na sua personalidade e na sua sensibilidade
emocional.
O que se passa é que o
homem, ser imperfeito, é vítima de si mesmo, quando a troco de um prato de
lentilhas deixa vender a moral, deixando ao mesmo tempo de ser ético,
porque fica preso de si mesmo e inibido de poder reflectir sobre as suas
atitudes. E, ainda, que a moral consista num conjunto de normas que orientam a
actividade livre do homem, isto não o desculpa de ao usar essa liberdade de
decidir, vá contra o conceito da liberdade plena que o manda ser livre e
responsável pelos seus actos, os quais, por não serem reflectidos o levam a
atropelar a ética.
De livre que é,
torna-se um prisioneiro de consciência. É, por isso, que o nosso tempo precisa
de uma grande reflexão da sociedade, a começar no banco das Escolas nos
primeiros anos do Ensino Básico, que é aí que se forjam as consciências. É que
não basta ensinar teoremas é preciso ensinar como se deve viver como pessoas.
Temos de recusar a dinâmica de um ensino que em termos de economia visa,
apenas, o lucro, e em termos de comportamento social erege o prazer como um ídolo,
ou seja, retirando do caminho a moral e a ética, como se todos os caminhos
fossem possíveis de alcançar passando por cima desses valores primários que
devem acompanhar a pessoa em todo o seu percurso humano.
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