Em tempos passados, os
homens falavam menos em “viver a sua vida” e mais em salvar a sua alma. Não
ligavam tanta importância como nós a assuntos políticos e económicos, mas
tinham muito maior interesse pelas coisas morais e religiosas. Agora, já que a
atracção do Céu se relaxou para muitos homens, o seu apego à terra tornou-se
mais intenso. À procura de Deus sucedeu a procura da riqueza e do poder. Não é
o santo o ídolo do nosso século, mas o homem que atingiu o vértice da escala
social.
Fulton J.
Sheen
in, Rumo à
Felicidade
Autor de cerca de 90 livros de inspiração
cristã, a leitura deste antigo Bispo de Nova York (1951-1965), é sempre rica, quer pela
profundidade da análise, quer pela exegese direccionada a um alerta constante à
moralidade humana, centrada na Mensagem de Deus.
Contemporâneo de um tempo que ficou conhecido
pela era do individualismo, que
enxergou a eclosão de movimentos musicais, como o rock and roll, a profusão das discotecas, o surgimento da dance music e do movimento punk, estes factos perturbadores de uma
sociedade já de si abalada por uma economia em recessão a nível mundial, mas
com incidência maior nos Estados Unidos após a crise do petróleo de 1973,
tiveram de imediato, repercussões inquietantes, numa sociedade ávida de “viver a sua vida”.
Fulton Sheen, profundo conhecedor deste abalo
social, escreve, então, páginas sobre páginas de compêndios morais, donde saiu
o precioso livro: Rumo à Felicidade.
O autor não tem qualquer dúvida em classificar
os ambiciosos da vida – a qualquer preço – como pertencendo aos relaxados das
coisas do Céu, estando mais apegados à procura
da riqueza e do poder, como se aqui residissem os maiores bens da vida,
sendo, embora, se bem geridos, aspirações legítimas se não lhes faltar a ajuda
da moral humana.
Esta é, efectivamente, a regra que não pode ser
violada, pois, não é lícito ao homem aspirar a ser rico se não aprender a
defender-se dos perigos que comporta uma riqueza mal gerida e, da mesma sorte,
só é lícita a aspiração do poder, se antes, pelo exercício da humildade o homem
tiver aprendido a obedecer.
Estas são as condições imperativas da
consciência. Se esta tiver aprendido a lição e a puser em prática no dia a dia
não vem qualquer mal ao mundo, quer pela riqueza ou pelo poder que se tem.
Eis, porque, não podemos zurzir no homem rico,
sem antes nos termos inteirado que ele não é um escravo da paixão de possuir
quando se lhe notam sinais de não desprezar o pobre e, bem assim, daquele que
detém o poder se faz dele um uso social adequado, em ordem ao respeito que lhe
devem merecer os mais fracos.
O grande problema – hoje, como no tempo de
Fulton Sheen – é que há, por demais, sinais inquietantes de riquezas extremas e
de poderes excessivos, mesmo em regimes parlamentares, donde nos assiste o
dever de pronunciar que a atracção do Céu
se relaxou para muitos homens, tendo-se tornado o seu apego à terra como um alvo a atingir, mesmo que se percam
equilíbrios humanos, o que equivale
dizer que a Humanidade anda esquecida de Deus, elegendo as riquezas e o poder
como bens perduráveis, que o não são, de todo.
Tendo eleito
a procura da riqueza e do poder, embriagados, talvez, pelos sons das novas
melodias que desarmonizaram a vida, o homem, em largas camadas, esqueceu o
santidade – ou seja, a pureza de ideais – como metas a seguir e passou a eleger
para o seu lugar, aquelas que lhe podem dar riqueza ou poder e se tornaram
ídolos, mas falsos, pois podem tombar num dos primeiros vendavais humanos que
acontecem, quando falta o suporte moral que faz de todo o homem um caminheiro
do Céu.
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