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domingo, 2 de junho de 2013

Há um Fernão Capelo Gaivota em todos nós!




Richard Bach começa a “História de Fernão Capelo Gaivota” com a descrição de um dos treinos daquela gaivota singular que vive em todos nós, como se lê na abertura do seu livro, que é uma alegoria ao sentido que cada homem pode e deve imprimir ao vôo da sua própria existência, pelos caminhos da vida.
Diz, assim, o escritor, nesta história encantadora:
A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples factos do vôo, como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer.
Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar.
Esta maneira de pensar não o popularizava entre os outros pássaros, como veio descobrir.
Era de esperar que assim acontecesse. Nem sempre é de bom tom quebrar a rotina...
O livro é dedicado pelo autor ao verdadeiro Fernão Capelo Gaivota que vive em todos nós, na certeza que todo o homem perante a vida pode e deve ter um comportamento interventivo que o faça voar, às vezes, a roçar até o limite das suas capacidades. É que só desse modo se cumpre em plenitude o destino e não quando o homem se remete à assunção da mediania das coisas, esquecendo-se que é preciso aprender a ganhar a aventura de vôos mais altos a caminho de um horizonte mais lato, na procura do prémio que é devido a todos aqueles que pelo seu empenho se tornam vencedores.
Pode esta atitude ser embaraçosa e provocadora de engulhos para aqueles que se contentam com vôos razantes e, até, ser causa de invejas mesquinhas e de incompreensões que não se expressam mas se sentem.
Aconteceu assim com Fernão Capelo Gaivota, com a agravante de o terem chamado à atenção para o seu modo de ser diferente do resto das gaivotas.
Num certo dia, foi chamada ao Centro, uma instituição onde se ia, sempre que havia motivos de honrar qualquer atitude ou, pelo inverso, quando havia que fazer sentir alguma vergonha.
Aconteceu, como era de esperar, a segunda das hipóteses.
A gaivota mais velha começou por dizer que a chamava pela sua desastrada irresponsabilidade (...) por violar a dignidade e tradição da Família das Gaivotas...
De nada lhe valeu a defesa, mesmo quando disse:
-Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado de vida?
Mas não. Foi castigada e posta de lado e assim passou o resto da vida, embora aprendesse em cada dia, um pouco mais.
Esta é, como vemos, uma história com sentido.
Que nos sirva a lição a nós – Fernão Capelo Gaivota, que cada um é perante a vida – para que ela seja norteada por todos os caminhos do mundo, sempre mais longe e mais além, mesmo contra todas as correntes malévolas e todos os Centros que nos queiram fazer perder os vôo da coragem que são precisos no cumprimento da vida e das suas aventuras.
É preciso cortar com a mediania, quanto antes...
Não agir mais em bando com todos aqueles que se contentam com vôos razantes e que à semelhança da gaivotas se atropelam à volta das traineiras quando estas regressam das fainas da pesca. Não se procure mais nos baixios da vida a vitória que esta tem nas alturas do conhecimento, onde reside a glória maior de se ter vivido.
A nossa vida tem de ser um võo assim: alto e largo.
E nunca o vôo pequeno, que nunca chega a saber o encanto que existe no looping ou no tonneuu, que são experiências indispensáveis ao existir pleno, porque são elas que dão significado e dignidade à existência humana.

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