S. Paulo, que havia aprendido na escola
rabínica de Gamaliel (3) tornara-se,
antes da sua conversão num estimado doutor de Leis, sendo na sua juventude um
apóstolo do farisaísmo e comparsa do ourives Demétrio, de quem se demarcara,
depois de ter entendido que há apenas um Deus e eram falsos todos os deuses
criados pelas mãos dos homens.
Passaram, entretanto, milhares de anos e muita
água correu debaixo das pontes e, no entanto, ainda no nosso tempo – parece,
até com redobrada incidência – os homens não se cansam de construir para si
mesmos falsos deuses, donde sobressaem: a ânsia de ter, o automóvel do último
modelo, o fato sempre na moda, quando não são, imagens ou ícones que se adoram
em vez do Deus verdadeiro, pondo antes de tudo o lucro fácil a troco de tudo o
que o possa conduzir aos seus desígnios.
A honra e a moral passaram a ser figuras
ultrapassadas.
Meras figuras de estilo.
Demétrio, no tempo de S. Paulo é bem o exemplo
de como tudo isto faz subverter o homem, levando-o até à soleira mais baixa do
comportamento humano.
Desconfiado, que ele, pela verdade que
apregoava quando dizia que não havia deuses feitos por mãos humanas, lhe
estragaria o negócio, deu em vociferar,
querendo a todo o custo impor a sua verdade, que mais não era que um
embuste criado pela sua falta de escrúpulos.
Enfureceu-se o falso criador de deuses.
E deu-se, então. para quem o ouviu, aquilo que
hoje chamamos um fenómeno de massas. Alertados pelos gritos do
trapaceiro, juntou-se uma multidão que juntou a sua voz à do ourives.
Ontem, como hoje, a voz das trevas fez-se
ouvir. Acontece, assim, muitas vezes... vezes demais!
E um grito, uníssono, cortou os ares: - Grande
é a Diana (Artemis) dos efésios. E reinou a confusão.
Demétrio teve a arte de chamar à sua causa em
primeiro os seus pares e, logo, o povo pagão que ele enganava facilmente.
Serve esta reflexão para os tempos de hoje.
De vez em quando, o mundo, faz renascer homens
como o velho ourives.
Pseudo-líderes de
causas enganosamente afirmadas de deuses que tudo dão.
É preciso todo o cuidado com as afirmações que
produzem.
É que, há Demétrios por aí.
Basta ler certos
jornais ou ouvir certos meios audio-visuais.
Tocam todos os sinos a anunciar os falsos
deuses que querem fazer passar por verdadeiros e o que espanta, muitas vezes é
que o povo se deixa enganar, ficando do lado dos embusteiros.
Atenção, por isso, aos falsos deuses que nos
quer impor esta sociedade mercantilista que tendo perdido a honra e a vergonha
nos quer vender gato por lebre.
E o Deus único onde está?
Onde está a consciência individual e colectiva
onde Ele faz morada e sobre a qual – tantas vezes - se agigantam negócios
sujos, de vil ganância e repugnantes à nossa honra e moral.
Pesem,
no entanto, os falsos deuses que andam por aí à solta, todos temos de estar
alerta, porque é preciso impor a Lei verdadeira do único Deus que trazemos
preso à nossa consciência de homens grandes, não no tamanho, mas na força
interior que há-de impor a verdade em
cima de tantas mentiras e atropelos à nossa dignidade de viver que não pode
deixar de estar acima de todos os falsos deuses que nos querem impor
descaradamente.
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(1) -
Trata-se da deusa da mitologia grega Artemisa, irmã gémea de Apolo, filha de
Júpiter e de Latona. Protótipo de beleza e de moral, protegia os mancebos e as
donzelas. Era a deusa da Lua. Mais tarde foi identificada pelos romanos como a
sua Diana. Demétrio, produzia fac-similes do templo e da estátua.
(2) - Act.
19, 24
(3) -
Chefe de uma importante escola de Leis, em Jerusalém
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