Um dos problemas que enfermou o último quartel do século XX foi assinalado por um tom social menos brando, com o começo da expansão das drogas e a perda daquela parte sempre importante - de alguma inocência da sociedade - de que resultaram movimentos de pendor racionalista geradores de contraculturas, a par de uma grande prosperidade nos países mais ricos, e o facto que foi utilizado de se ter utilizado a despropósito o desenvolvimento das sociedades, ao
arrepio do que disse a Encíclica “Populorum Progressio” publicada em 1967.
Com efeito, criaram-se na época grandes disparidades económicas, estando num dos lados os Países ricos e do outro, os mais pobres e pobres numa criação de desigualdades sociais que feriam a sensibilidade da Igreja.
Paulo VI que compreendeu profundamente a necessidade de ultrapassar os limites da dimensão económica e política do desenvolvimento, pôs em evidência o seu carácter ético e cultural, propondo como norma que o desenvolvimento para ser real teria de ser um compromisso de todos os homens e do homem todo.
Com efeito, criaram-se na época grandes disparidades económicas, estando num dos lados os Países ricos e do outro, os mais pobres e pobres numa criação de desigualdades sociais que feriam a sensibilidade da Igreja.
Paulo VI que compreendeu profundamente a necessidade de ultrapassar os limites da dimensão económica e política do desenvolvimento, pôs em evidência o seu carácter ético e cultural, propondo como norma que o desenvolvimento para ser real teria de ser um compromisso de todos os homens e do homem todo.
Sem esquecer a questão social,
aventou-se naquele importante documento papal que a solução se havia de
encontrar a partir do equilíbrio universal, baseado na justiça e no dever de
solidariedade entre os povos, culminando o seu pensamento com a célebre
intuição profética: o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Vinte anos depois, João Paulo II,
ao fazer o balanço dos efeitos que a “Populorum Progressio” causou na sociedade
humana, concluiu por um valor positivo, mas não deixou de apontar algumas
sombras, pelo facto de ter aumentado o fosso entre ricos e pobres,
geograficamente entre o Norte e o Sul, como se o desenvolvimento tivesse parado
a meio do caminho, em virtude do má utilização dos recursos económicos que
deixou para segundo plano o desenvolvimento dos povos.
Continuaram, irresponsavelmente,
as sociedades de pé no acelerador, a vestir a moda do século XX – ser sem ter
- no prosseguimento de um
desenvolvimento falacioso das sociedades, há que pôr em evidência a sabedoria
da Igreja, quando diz que o mundo contemporâneo leva-nos a verificar, primeiro
que tudo, que o desenvolvimento não é um processo rectilíneo, quase automático
e de per si ilimitado, como se, com certas condições, o género humano tivesse
de caminhar expeditamente para uma espécie de perfeição indefinida. (1)
Eis, porque, com todo o
propósito, João Paulo II afirmou que havia entrado em crise a própria concepção «económica» ou
«economicista», ligada à palavra desenvolvimento. Hoje, de facto, compreende-se
melhor que a mera acumulação de bens e de serviços, mesmo em benefício da
maioria, não basta para realizar a felicidade humana. E, por conseguinte,
também a disponibilidade dos multíplices benefícios reais, trazidos nos últimos
tempos pela ciência e pela técnica, incluindo a informática, não comporta a
libertação de toda e qualquer forma de escravidão. A experiência dos anos mais
recentes demonstra, pelo contrário, que se toda a massa dos recursos e das
potencialidades, postos à disposição do homem, não for regida por uma intenção
moral e por uma orientação no sentido do verdadeiro bem do género humano, ela
volta-se facilmente contra ele para o oprimir. (2)
Profeticamente, João Paulo II
acertou no alvo.
Quando a economia se esquece que
a sua função não é só a de produzir riqueza, mas que esta deve reger-se por uma
intenção moral e por uma orientação no sentido do verdadeiro bem do género
humano, o que acontece é aquilo a que assistimos, actualmente.
Os homens, ostensivamente
entranhados no primado da razão – que julgam um valor absoluto - viram as
costas aos ensinamentos da Igreja, mas sem cuidarem que o fazem contra si
mesmos, ignorando ou desprezando os motivos fortes que a norteou, quando ela,
fiel depositária de um saber milenar condenou o Iluminismo e o capitalismo sem
rosto humano, geradores das grandes crises pela falta da intenção moral, que
devia estar implícita e não está, nas atitudes balizadas só pela razão, mas
esquecendo a orientação no sentido do
verdadeiro bem do género humano.
(1) - João Paulo II, in Encíclica "Solicitudo Rei Socialis" nº 27 - cap.4: O Desenvolvimento Humano Autêntico
(2) - idem, nº 28
(1) - João Paulo II, in Encíclica "Solicitudo Rei Socialis" nº 27 - cap.4: O Desenvolvimento Humano Autêntico
(2) - idem, nº 28
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