Com
este título, Alan Burgess, publicou um romance que reproduz fielmente cenas da
vida real vividas na China na década de quarenta do século passado pela missionária de origem inglesa, Gladys Aylward
e transpostas para o cinema em 1958, com o filme do mesmo nome, tendo como
actriz no papel principal, Ingrid Bergman, que encarnou a heroína real, cuja
aventura de serviço humano começara no cais da estação ferroviária de Liverpool
Street no dia 18 de Outubro de 1930.
A
missionária tinha por meta a velha China onde a chamava o dever de difundir o
amor cristão de que estão impregnados os Evangelhos de Cristo e, por isso, fez
todo o sentido a longa viagem através da Holanda, Alemanha, Polónia, Rússia,
que atravessou pelo percurso das estepes siberianas até Vladivostoque, vencendo
aí, os conselhos de um dos funcionários do “Intourist Hotel” que a todo o custo
a quis demover de alcançar a China, esse país tão bárbaro, com quem a
Rússia, na altura, travava uma guerra não declarada pela posse do caminho de
ferro da zona oriental na Pátria dos mandarins.
Gladys
não lhe deu ouvidos. Fiel ao seu propósito, três dias depois encontrava-se
embarcada a caminho de Tsurugaska em demanda de Kobe, onde, finalmente tomaria
outro barco a caminho de Yangcheng, o seu destino na China imensa e onde vivia
Jeannie Lawson, uma velha escocesa que ali morava em companhia de Yang, o
cozinheiro chinês, numa velha casa que havia alugado e que na gíria popular era
tida como “a casa assombrada”.
A
missionária deu-se conta, logo nos primeiros dias, que por ali passavam com as
suas mulas carregadas de mercadorias os arrieiros que tinham por hábito
pernoitar pelas pousadas do caminho até atingirem os seus destinos.
Um
dia, em conversa com Mrs. Lawson, disse-lhe:
-
Se fosse possível comunicar com estes homens, eles levariam a nossa mensagem
– ou seja, as palavras de Deus – até centenas de quilómetros(...)
E, entre as duas, nasceu de imediato a ideia de fazer da velha casa uma pousada.
Que nome lhe chamar? –
Era a grande dúvida.
Por
fim, encontraram um nome que deviam pendurar, bem visível, numa tabuleta: Pousada da Sexta Felicidade, após uma
reflexão aturada que haviam feito sobre seis felicidades humanas: amor,
virtude, brandura, tolerância, lealdade e verdade, todas elas carregadas de
amor divino.
Retenhamos
por um instante a narração dos factos que continuam descritos ao longo deste
livro maravilhoso, dando-nos imagens de rara beleza humana, até vinte anos
depois, quando Gladys chegou a Inglaterra e o autor que então dirigia na B.B.C.
o programa “Os Invencíveis” baseado em histórias verídicas, a entrevistou,
vindo a dizer da heroína que ela é uma das mulheres mais notáveis da
nossa geração. É, de facto, uma mulher notável.
Todos
estamos de acordo.
Vale, pois, a pena ler ou reler o livro de Alan Burgess.
É
um exercício de sã leitura.
Retomando,
agora, a reflexão sobre a pousada, os nossos sentidos passam de relance o nome
de todas as felicidades que serviram às duas mulheres, para em definitivo, ter
sido encontrado o seu nome: amor, virtude, brandura, tolerância, lealdade e
verdade, para no fim a sexta felicidade – verdade – ficar como
paradigma da designação daquela casa de recolha dos arrieiros, onde ao serão,
as duas mulheres – e, até, o cozinheiro chinês, com muitas imprecisões
bíblicas – honravam os viajantes com
histórias que eles levavam para as suas viagens.
Verdade, é de facto, um nome
encantador, com uma carga muito grande de amor divino.
Jesus,
que sabia que era assim, disse o seguinte: Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida, o que quer dizer que sem a Verdade – esse dom evangélico, mas
muito humano e em que a missionária Gladys acreditava – não havia caminho, nem
vida, porque toda a felicidade terrena que empurra o homem para Deus tem de passar
pela verdade do caminho que se leva, para que a vida se cumpra no respeito e no
amor pelos nosso semelhante.
Não
cabe aqui um longo discurso, mas cabe – isso, sim – uma pequena reflexão sobre
o que é a verdade, sobretudo no nosso tempo em que, quando a Justiça a
quer encontrar, se fale às vezes a destempo, de cabalas inventadas, não se
ajudando o homem comum, deste modo, a
ter respeito pelas acções conducentes ao encontro dos factos que sem quaisquer
suspeitas possam sustentar a verdade, que é um bem da Humanidade.
É
que, a verdade há-de ser até à consumação dos séculos aquilo que está no final
do caminho do homem, quando este já percorreu etapas, a começar pelo amor,
passando pela virtude, brandura, tolerância e lealdade.
É
por isso, que eu gosto muito de folhear as páginas da Pousada da Sexta Felicidade, porque ao longo delas encontro
sempre motivos de me interrogar sobre mim mesmo, já que o não devo fazer sobre
os outros, pondo o pensamento nos
preceitos básicos que num certo dia, levou Gladys – e, também Mr. Lawson
- a pensar nos seis dons que lhes foram necessários para encontrar a designação de
uma casa de acolhimento, mas tão importantes que sem eles na plena fruição da
vida, os homens não encontram a felicidade que pretendem, pela simples razão
que quando Jesus afirmou que era o Caminho, a Verdade e a Vida, queria
dizer que só através d’Ele o homem encontraria a felicidade e, da mesma forma,
na reflexão de Gladys na “casa assombrada” metida num dos caminhos da China,
através da verdade – a sexta felicidade de que ela falou - caminhavam os outros dons como
caminhos indispensáveis ao seu encontro, por respeitarem os ensinamentos de
Jesus e que ela levou como um imperativo de amor humano até à China,
servindo-se do seu exemplo de amor e dos arrieiros que lhe ouviram contar as
histórias de Jesus, onde a verdade era, e é, uma norma de vida que lhe serviu
para amar o mundo e todas as crianças que encontrou e, de igual modo, não pode
deixar de nos servir no cumprimento dos nossos deveres de cidadãos.
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