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domingo, 16 de junho de 2013

"A Pousada da Sexta Felicidade"




Com este título, Alan Burgess, publicou um romance que reproduz fielmente cenas da vida real vividas na China na década de quarenta do século passado pela  missionária de origem inglesa, Gladys Aylward e transpostas para o cinema em 1958, com o filme do mesmo nome, tendo como actriz no papel principal, Ingrid Bergman, que encarnou a heroína real, cuja aventura de serviço humano começara no cais da estação ferroviária de Liverpool Street no dia 18 de Outubro de 1930.
A missionária tinha por meta a velha China onde a chamava o dever de difundir o amor cristão de que estão impregnados os Evangelhos de Cristo e, por isso, fez todo o sentido a longa viagem através da Holanda, Alemanha, Polónia, Rússia, que atravessou pelo percurso das estepes siberianas até Vladivostoque, vencendo aí, os conselhos de um dos funcionários do “Intourist Hotel” que a todo o custo a quis demover de alcançar a China, esse país tão bárbaro, com quem a Rússia, na altura, travava uma guerra não declarada pela posse do caminho de ferro da zona oriental na Pátria dos mandarins.
Gladys não lhe deu ouvidos. Fiel ao seu propósito, três dias depois encontrava-se embarcada a caminho de Tsurugaska em demanda de Kobe, onde, finalmente tomaria outro barco a caminho de Yangcheng, o seu destino na China imensa e onde vivia Jeannie Lawson, uma velha escocesa que ali morava em companhia de Yang, o cozinheiro chinês, numa velha casa que havia alugado e que na gíria popular era tida como “a casa assombrada”.
A missionária deu-se conta, logo nos primeiros dias, que por ali passavam com as suas mulas carregadas de mercadorias os arrieiros que tinham por hábito pernoitar pelas pousadas do caminho até atingirem os seus destinos.
Um dia, em conversa com Mrs. Lawson, disse-lhe:
- Se fosse possível comunicar com estes homens, eles levariam a nossa mensagem – ou seja, as palavras de Deus – até centenas de quilómetros(...)

E, entre as duas, nasceu de imediato a ideia de fazer da velha casa uma pousada.
Que nome lhe chamar? – Era a grande dúvida.
Por fim, encontraram um nome que deviam pendurar, bem visível, numa tabuleta: Pousada da Sexta Felicidade, após uma reflexão aturada que haviam feito sobre seis felicidades humanas: amor, virtude, brandura, tolerância, lealdade e verdade, todas elas carregadas de amor divino.
Retenhamos por um instante a narração dos factos que continuam descritos ao longo deste livro maravilhoso, dando-nos imagens de rara beleza humana, até vinte anos depois, quando Gladys chegou a Inglaterra e o autor que então dirigia na B.B.C. o programa “Os Invencíveis” baseado em histórias verídicas, a entrevistou, vindo a dizer da heroína que ela é uma das mulheres mais notáveis da nossa geração. É, de facto, uma mulher notável.
Todos estamos de acordo.
Vale, pois, a pena ler ou reler o livro de Alan Burgess.
É um exercício de sã leitura.
Retomando, agora, a reflexão sobre a pousada, os nossos sentidos passam de relance o nome de todas as felicidades que serviram às duas mulheres, para em definitivo, ter sido encontrado o seu nome: amor, virtude, brandura, tolerância, lealdade e verdade, para no fim a sexta felicidade – verdade – ficar como paradigma da designação daquela casa de recolha dos arrieiros, onde ao serão, as duas mulheres – e, até, o cozinheiro chinês, com muitas imprecisões bíblicas  – honravam os viajantes com histórias que eles levavam para as suas viagens.
Verdade, é de facto, um nome encantador, com uma carga muito grande de amor divino.
Jesus, que sabia que era assim, disse o seguinte: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, o que quer dizer que sem a Verdade – esse dom evangélico, mas muito humano e em que a missionária Gladys acreditava – não havia caminho, nem vida, porque toda a felicidade terrena que empurra o homem para Deus tem de passar pela verdade do caminho que se leva, para que a vida se cumpra no respeito e no amor pelos nosso semelhante.
Não cabe aqui um longo discurso, mas cabe – isso, sim – uma pequena reflexão sobre o que é a verdade, sobretudo no nosso tempo em que, quando a Justiça a quer encontrar, se fale às vezes a destempo, de cabalas inventadas, não se ajudando o homem comum, deste modo,  a ter respeito pelas acções conducentes ao encontro dos factos que sem quaisquer suspeitas possam sustentar a verdade, que é um bem da Humanidade.
É que, a verdade há-de ser até à consumação dos séculos aquilo que está no final do caminho do homem, quando este já percorreu etapas, a começar pelo amor, passando pela virtude, brandura, tolerância e lealdade.
É por isso, que eu gosto muito de folhear as páginas da Pousada da Sexta Felicidade, porque ao longo delas encontro sempre motivos de me interrogar sobre mim mesmo, já que o não devo fazer sobre os outros, pondo o pensamento nos  preceitos básicos que num certo dia, levou Gladys – e, também Mr. Lawson -  a pensar nos  seis dons que lhes foram  necessários para encontrar a designação de uma casa de acolhimento, mas tão importantes que sem eles na plena fruição da vida, os homens não encontram a felicidade que pretendem, pela simples razão que quando Jesus afirmou que era o Caminho, a Verdade e a Vida, queria dizer que só através d’Ele o homem encontraria a felicidade e, da mesma forma, na reflexão de Gladys na “casa assombrada” metida num dos caminhos da China, através da verdade – a sexta felicidade de que ela falou -  caminhavam os outros dons como caminhos indispensáveis ao seu encontro, por respeitarem os ensinamentos de Jesus e que ela levou como um imperativo de amor humano até à China, servindo-se do seu exemplo de amor e dos arrieiros que lhe ouviram contar as histórias de Jesus, onde a verdade era, e é, uma norma de vida que lhe serviu para amar o mundo e todas as crianças que encontrou e, de igual modo, não pode deixar de nos servir no cumprimento dos nossos deveres de cidadãos.

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