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sábado, 1 de junho de 2013

O poder da graça




Pela graça, a alma é atingida no mais profundo do seu ser, de modo que bem se pode falar de uma “nova criação”, de uma “nova vida”. É por isso que S. Paulo fala do cristianismo em graça como de “uma nova criatura em Cristo” (2 Cor 5, 17), de um “homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade verdadeiras (Ef 4, 24).
António Orozco Delclos
in, Olhar para Maria
A graça é  o dom sobrenatural dado por Deus aos nossos primeiros pais, quando estabeleceu com eles uma vizinhança de amizade, que afinal, acabou por ser perdida, mas sem que isso tivesse constituído para o género humano um abandono divino pelo pecado cometido, dando-lhes num acto de clemência,  o poder da regeneração através da graça actual e graça santificante.
Sem as ter como um bem da alma, o homem vive na subjugação de forças que condicionam a sua vontade estando longe de ter vida independente, mas antes, sujeito a pressões externas individuais ou colectivas geradoras de actos que arruínam os seus direitos naturais inalienáveis, indo em casos extremos ao ponto de o levar a aceitar o jugo dessas forças como um proveito que lhe aconteceu.
É a escravidão perante o mal a falta do poder da graça actual, o primeiro degrau do caminho do homem à sua participação na vida divina pelo arrependimento que o faz crescer espiritualmente através da acção do Espírito Santo, que age sempre, quer seja através de uma leitura ou de uma pregação.
A graça actual é um movimento interior que leva o pecador a reencontrar –se, sem qualquer violência do meio, porquanto a acção que o faz mover é de ordem superior, distribuindo-se por todos os homens, justos e pecadores, numa infusão de mercês que teve o seu zénite com a advento do Pentecostes, onde os homens foram chamados a uma cooperação mais efectiva com o Espírito Santo pela acção dos santos apóstolos.
Tendeu, desde então, a renovação e  transformação do “homem velho” no “homem novo”.
É neste “homem novo” que reside o degrau da graça santificante que o leva a cooperar com a graça actual e o faz participante em definitivo da amizade de Deus, ao dar à sua alma a beleza permanente de quem alberga em si mesmo a morada do Espírito Santo.
Possuído dela, a alma do homem é atingida no mais profundo do seu ser, podendo com toda a naturalidade afirmar-se que na graça santificante se pode falar de uma “nova criação”, ou seja do homem regenerado, como se lhe tivesse sido dada uma nova vida, pois nela, efectivamente, já ficou depositado o gérmen da vida eterna.
Neste estádio o homem vivendo perto de Deus é, naturalmente, direccionado para o cumprimento das boas obras pela acção do Espírito Santo que renova nele o mistério do baptismo de Jesus, porque pelo dom baptismal fomos libertados do espírito de escravidão e que ao libertar-nos do pecado, pela graça alcançada, nos tornamos filhos dilecto de Deus e co- herdeiros do Filho que Ele enviou como dispensador de todas as graças.
S. Paulo assim o disse e no-lo deixou escrito para nosso bem e reflexão, quando ao apontar o homem que aceitou centrar a sua vida pela assunção do cristianismo em graça como de “uma nova criatura em Cristo, lhe deu, por inspiração divina o poder de expressar o seu pensamento, afirmando que nele está, verdadeiramente, um “homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade verdadeiras.

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