Todos temos ao nosso alcance o meio mais simples de nos
santificarmos: Santificação na vida diária, no pormenor trivial. Se esperas
fazer um dia grandes coisas para te santificares, jamais o conseguirás. Digo-o
com o Evangelho na mão, contemplando como brilham os olhos de Deus ao ver a
generosidade daquela pobre viúva que deixa no Templo o que tem, tudo quanto
possui: duas pequenas moedas. É isto o que faz exclamar o Senhor: “Eu vos
asseguro que esta pobre viúva deu mais do que ninguém”
Jesus Urtega
in, O Valor Divino do Humano
Deus está atento mais
aos pormenores que preenchem o dia do que à notícia de arromba, anunciadora de
grandes feitos que se procuram com afã, mas nem sempre ou nunca acontecem.
Há dias, tomei
conhecimento deste singular pedido: (…) preciso de sugestões criativas de pequenas
coisas que podemos fazer para salvar o
mundo, qualquer coisa vale: poemas, frases, textos, músicas, mensagens. (…) e,
acrescento, a estas pequenas coisas – mas tão importantes – outras, como: dar a
mão aberta num cumprimento franco, dar um aceno de simpatia, dar um sorriso, ou
perguntar, - “com estás?” ou “como
tens passado?” - mas que sejam
interrogações saídas do coração e não obediências a rituais mecânicos vazios de
conteúdo humano.
Os pequenos nadas que
fazemos com amor, como estes exemplos ou outros, é que são verdadeiramente
valiosos – coisas grandes na pequenez da dádiva – mas assim entendidas por
Deus, para quem, as coisas não valem pela sua grandeza física ou pelo seu valor
material, mas pelo amor com que as fazemos.
Há no Evangelho,
testemunhos espantosos de pequenos nadas como é o caso acontecido em Sarepta,
localidade onde vivia uma pobre viúva que por ordem de Deus devia alimentar
Elias, mas paupérrima que era só tinha
um naco de farinha, o que foi bastante para satisfazer na sua pobreza o amor
que sentia pelo homem de Deus.
Amassando-a zelosamente
é com ela que coze um pão para o profeta.
Porém, o caso mais
conhecido e, igualmente, espantoso é o acontecido com a chamada “viúva do
Evangelho” que deixa no Templo o que tem,
tudo quanto possui: duas pequenas moedas.
Duas pequena migalhas
que encheram o cofre de Deus.
Não andemos, pois, a
procurar acontecimentos que encham de notícias as primeiras páginas dos jornais
ou abram os noticiários da rádio ou da televisão.
São espalhafatos para o
mundo ver. Deus não os enxerga. Mas vê os pequenos nadas: aquilo que parece
insignificante e fazemos todos os dias, gotas pequenas que vão enchendo o
oceano da vida.
Os tais pormenores de
que já se falou, na certeza que é através deles que se consegue pôr a flutuar
em cima do oceano construído o barco que o homem é, e a singrar na rota
concertada que o ponha a salvo, num dia que só Deus sabe, no porto que lhe está
destinado.
E só se chega lá pelos
pequenos nadas que damos, se atentarmos no modo como Deus apreciou as duas moedas da viúva.
Eram a sua riqueza
material, espelhos da sua riqueza interior.
Tão grandes que eram
chegaram até nós, neste tempo mesquinho das grandes coisas e dos grandes
projectos, mas onde Deus, em cada dia, continua a ser o Grande Ausente por
causa dos sonhos desmedidos dos homens que não lhes deixam espaço para pensarem
nos pequenos nadas de que se enchem os grandes destinos.
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