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sábado, 1 de junho de 2013

Deus: uma procura do homem



Deus não é uma invenção, uma criação do espírito humano; é um encontro, uma descoberta deste. O homem não criou o divino, encontrou-o, sendo fiel aos apelos mais íntimos do seu ser. (…) A nossa existência pende para Ele, sem que nós possamos impedir-nos de O invocar, seja qual for o nome que nos venha aos lábios. (…)
Deus não se vê, não se sente; Deus procura-se. E o homem há-de procurá-Lo em todas as idades da vida, por todas as vias da sua consciência.
J. Paulo Nunes
in, Cristo ou Marx?

Há, no nosso tempo, uma dura realidade, que leva o homem mais fiel ao credo doutrinal de Jesus, por força dos acontecimentos descristianizados que o cercam no quotidiano fratricida que a todos atinge, a não resistir devidamente, metido como está – por força da sua acção vivencial - na máquina avassaladora de um tempo de magros ideais evangélicos, mas assumindo, ainda assim, um grau de nefastas ocorrências para as almas espiritualizadas.
Em casos extremos assistimos, até, à subversão das consciências, quando o demónio, esvaziando-as de valores sãos, tenta que os homens se tornem ausentes das coisas sagradas, para as quais, no entanto, pende a sua natureza.
Mas, esvaídos de Deus, sem desejo de O encontrar, cheios da sua própria eternidade, esquecidos de se ajoelharem perante o Infinito, os homens actuais, em grandes estratos da sociedade, elevados pela sua inteligência estão a cometer o pecado de um endeusamento, contra o qual é preciso pugnar.
Carregados de matéria, devem uma prova às certezas que afirmam ter e essa prova não pode deixar de ser o facto de não acharem na vida presente uma presunção da futura, mas uma certeza disso mesmo, porquanto a imortalidade da alma é um prolongamento e não o rompimento do ser interior onde vive a memória, que é, pela sua natureza o embrião da parte divina que em nós vive em cada dia e  em cada hora, com as nossas obras meritórias, que um decreto divino por via da assunção dessas virtudes faz de cada um de nós o criador da sua própria imortalidade.
O homem não criou o divino, encontrou-o, porquanto o sentimento da religiosidade nasce com a criatura, constituindo sempre por ordem natural a reacção da virtude contra o crime, enquanto um trabalho da consciência contra o mal, assumindo-se como um fogo purificador que guerreia o pecado.
Em suma, dir-se-á que o fundamento antropológico da religiosidade natural, no âmbito social,  age no homem como um anjo fiel aos apelos mais íntimos do seu ser, no vasto campo das relações íntimas entre a natureza e a graça, constituindo-se como uma propriedade originária do homem, que deve merecer deste todo o carinho, quanto à sua conservação, nobilitação e transmissão intacta dos valores herdados no acto do seu nascimento.
É um dever que nos cabe.
Razão, porque, não se pode consentir a continuada inversão de valores a que vamos assistindo no mundo moderno que traz alapado o sucesso como uma conquista material do homem bem sucedido na vida, aliando-se isto a um sentido de riqueza ou de poder – o que não seria em si mesmo um mal – se estes factos não trouxessem a desvinculação de escolhas morais, como não raro, acontece.
Deus, é verdade, não se vê.
Mas é Ele o Agente Eterno que o homem tem o dever de procurar em todas as idades da vida, por todas as vias da sua consciência, pois só desse modo se cumpre a plenitude da alma humana que pende para Ele, sem que nós possamos impedir-nos de O invocar, seja qual for o nome que nos venha aos lábios, cumprindo o dever de não deixar perdida na lama do caminho a Sua Palavra imortal.

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