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sábado, 1 de junho de 2013

O trabalho humano e a sua função social



O trabalho é tarefa humana e social. Desnaturaliza-se, se se isola de todo o conjunto de relações sociais em que se insere. A própria natureza da actividade humana, a sua interdependência social, obriga a adoptar uma atitude e uma mentalidade aberta em face da colectividade. (…)
José Luís Illanes
in, Cristãos de Hoje. in, Cap. A santificação do trabalho – Tema do nosso tempo.



A vida concertada e harmoniosa está a ser ameaçada de vários modos.
O trabalho destinado por Deus à dignificação do homem, tal como se encontra explícito em várias Encíclicas – de que é um farol de primeira grandeza a Rerum Novarum – está a ser subordinado à ganância de empresários sem escrúpulos, a que se colam os avanços tecnológicos, dando, actualmente, uma expansão aos mercados sem precedentes históricos à escala global, com a perda de leis que passaram a proteger despudoradamente a sublimação de princípios neoliberais, submetendo a função social do trabalho e a dignidade humana que lhe está subjacente a uma acentuada falta de mística humana, vergada ao interesse de um capitalismo sem rosto.
Neste afã de uma competição desenraizada de princípios éticos, o trabalhador não escapa a esta falta de fraternidade humana, o que provoca que este – quase sempre para defesa própria e da sua família – se isole de todo o conjunto de relações sociais em que se insere, passando a ser uma ilha.
Acontece, em consequência, que numa mesma Empresa, os trabalhadores alienados da sua função social constituem várias ilhas onde a interdependência – que devia ser uma dinâmica de grupo destinada a compartilhar um conjunto de princípios comuns, o que implicava uma independência emocional e económica – passou a ser, pelas precárias condições do emprego que estão a acontecer, uma dependência delapidadora da liberdade individual do indivíduo.
Está, deste modo, subvertido o princípio moral implícito na natureza humana que conduz o homem nas suas disposições socialmente correctas a ter uma atitude e uma mentalidade aberta em face da colectividade, de que é co-responsável no que concerne à sua humanização, de acordo com as linhas mestras de toda a filosofia espiritual que fazendo do trabalho humano um meio de felicidade individual, não se esquece de afirmar que ele tem um profundo enfoque no colectivo.
A vocação natural do homem tem neste ponto um dever a cumprir, competindo-lhe opor-se à massificação que se quer impor ao mundo do trabalho através de meios pouco escrupulosos, cabendo-lhe neste caso, uma acção esforçada no que se prende com o fomento de uma cultura social condizente com o património de valores derivados da fé e da moral, colocando estes atributos como fundamentos fraternos a um mundo que os quer ignorar com a finalidade de moldar por baixo uma sociedade que alguns querem desgovernada de valores.
Faltam – e todos já nos demos conta dessa falha – associações de classe que unam os associados através da assunção de uma prática de raiz católica, porque se generalizou o erro de cada um tratar da sua vida, como se o bem estar dela ela não fosse uma emanação do colectivo.
É aqui que bate o ponto.
Torna-se necessária uma renovação de mentalidades, a começar pelo Estado, que não pode mais consentir o abastardamento da sociedade egoísta que estamos a construir, porque o egoísmo é um contravalor que ao não gerar solidariedades, torna a sociedade agressiva entre o comum dos seus membros, mas dúctil perante os que não conhecem credos espirituais e a que estão sujeitos.
E uma sociedade assim, não é de forma alguma, feliz, porque falta Deus no seu âmago.

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