O livro “A
Nossa Transformação em Cristo” é uma obra de profunda análise das mais variadas vertentes
da caminhada humana ao longo da vida ao encontro da felicidade. Nele, o autor,
Dietrich Von Hildebrand, que foi professor de Filosofia na Universidade de
Munique até se refugiar na Suiça, fugindo ao poder discricionário do nazismo,
disserta em todo um capítulo sobre o tema da simplicidade.
Afirma-se ali, que sob o ponto de vista de
ordem metafísica um ser é tanto mais simples quanto mais elevado for,
donde se conclui, que estão certos todos os conceitos da sabedoria popular que
falam da simplicidade como sendo um bem humano traduzido por: brandura,
pureza, modéstia, falta de malícia, franqueza, sinceridade, falta de impostura
e verdade.
Diz, Hildebrand, que a simplicidade vai
crescendo à medida que o ser se vai elevando, ou seja, acontece isto quando
nos compenetramos que não é possível comprá-la, porque ela se adquire através
do aprofundamento das coisas que tendem à realização da plenitude humana que
faz de cada homem um ser responsável pelo seu destino e pelo da sua comunidade
e em larga escala pelo bem do mundo.
Com efeito a simplicidade é uma atitude tão
importante que toda a nossa vida interior não pode ser mistificada, aparentando
uma coisa que não corresponde à verdade, ou seja, àqueles conceitos que a
definem como uma das qualidades mais
nobres da existência humana.
Se nos detivermos um pouco, concluiremos sem
grande esforço, que o mistério da nossa vida é uma dádiva de Deus e, por isso,
ela pode-se tornar cada vez mais simples à medida que nos
vamos deixando encher por esta verdade.
Citando, o autor, num dado passo, ele afirma
que uma simplicidade assim orientada não converte a vida numa vida menos
diferenciada, menos profunda e menos rica de conteúdo, porque se em Deus se
concentra toda a plenitude do ser, uma simplicidade assim, é como um grande
amor, que sendo capaz de reformar tudo, dá à nossa vida mais
plenitude do que muitas relações periféricas.
É, por isso que a procura da felicidade terrena
passa pelo uso da verdadeira simplicidade pondo a render no grande livro da
vida a atitude sábia que nos recomenda deixar-mo-nos de estar presos a muitos e
desnecessários sentimentos, como a complicação de atitudes que apenas causam a
perda da liberdade interior ao deixar de ser estorvada por causas acessórias
que nos conduzem a caminhos enviesados onde não chega a luz da verdade.
A verdadeira simplicidade baseia-se, assim,
numa atitude básica: a do amor e da franqueza que é devida ao plano de Deus
sobre cada criatura. É por isso que Hidebrand, afirma que o homem simples é, no
fundo, sempre o mesmo, tendo sempre aquela atitude fundamental que nunca
abandona, um hábito, infelizmente, nem sempre seguido, porque a maioria dos
homens vivem ao arrepio desta verdade simples que é a maior e a mais conseguida
atitude na linha da felicidade, a linha do amor.
E esta,
nunca é a que passa pelas relações periféricas que são caminhos fora da estrada
real que conduz o homem a Deus, ou seja, o caminho que posiciona o homem numa
vivência natural que mais não é que estar de acordo com a sua natureza de
semelhança com o Criador.
Logo, isto pressupõe, que se o homem assumir o
valor único da simplicidade virada para o plano de Deus, a multiplicidade das
suas ocupações e dos bens que são precisos e indispensáveis à assunção de uma
vida digna, não podem nunca deixar de estar orientados pela moral daquela
conduta essencial.
É por isso, que o livro de Hildebrande se
chama: “A Nossa Transformação em Cristo”
porque é por aqui que passa a nossa felicidade, quando deixamos de viver
segundo o orgulho que cega o entendimento e nos deixamos absorver pela chama da
divindade que é uma parte intrínseca do nosso ser racional e único.
Em conclusão, diremos que este livro de análise
profunda dos sentimentos humanos, contém o ensinamento importante de nos
transmitir que a verdadeira simplicidade se resume em pôr de pé, no mundo, os
conceitos que dela tem o povo simples: brandura,
pureza, modéstia, falta de malícia, franqueza, sinceridade, falta de impostura
e verdade.
E isto bastaria para que todos os homens fossem
mais ricos e mais sábios, porque ao terem perante a vida uma atitude menos
sofisticada, numa complicação redutora de um humanismo cristão que está por
detrás da existência humana, se ganhariam outros louros em contraponto aos que
ilusoriamente se vão adquirindo nas mil alicantinas de que, não raro, se enche
a vida.
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