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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Os benefícios da simplicidade


O livro “A Nossa Transformação em Cristo” é uma obra de  profunda análise das mais variadas vertentes da caminhada humana ao longo da vida ao encontro da felicidade. Nele, o autor, Dietrich Von Hildebrand, que foi professor de Filosofia na Universidade de Munique até se refugiar na Suiça, fugindo ao poder discricionário do nazismo, disserta em todo um capítulo sobre o tema da simplicidade.

Afirma-se ali, que sob o ponto de vista de ordem metafísica um ser é tanto mais simples quanto mais elevado for, donde se conclui, que estão certos todos os conceitos da sabedoria popular que falam da simplicidade como sendo um bem humano traduzido por: brandura, pureza, modéstia, falta de malícia, franqueza, sinceridade, falta de impostura e verdade.
Diz, Hildebrand, que a simplicidade vai crescendo à medida que o ser se vai elevando, ou seja, acontece isto quando nos compenetramos que não é possível comprá-la, porque ela se adquire através do aprofundamento das coisas que tendem à realização da plenitude humana que faz de cada homem um ser responsável pelo seu destino e pelo da sua comunidade e em larga escala pelo bem do mundo.

Com efeito a simplicidade é uma atitude tão importante que toda a nossa vida interior não pode ser mistificada, aparentando uma coisa que não corresponde à verdade, ou seja, àqueles conceitos que a definem como uma das qualidades mais  nobres da existência humana.
Se nos detivermos um pouco, concluiremos sem grande esforço, que o mistério da nossa vida é uma dádiva de Deus e, por isso, ela  pode-se  tornar cada vez mais simples à medida que nos vamos deixando encher por esta verdade.

Citando, o autor, num dado passo, ele afirma que uma simplicidade assim orientada não converte a vida numa vida menos diferenciada, menos profunda e menos rica de conteúdo, porque se em Deus se concentra toda a plenitude do ser, uma simplicidade assim, é como um grande amor, que sendo capaz de reformar tudo, dá à nossa vida mais plenitude do que muitas relações periféricas.

É, por isso que a procura da felicidade terrena passa pelo uso da verdadeira simplicidade pondo a render no grande livro da vida a atitude sábia que nos recomenda deixar-mo-nos de estar presos a muitos e desnecessários sentimentos, como a complicação de atitudes que apenas causam a perda da liberdade interior ao deixar de ser estorvada por causas acessórias que nos conduzem a caminhos enviesados onde não chega a luz da verdade.
A verdadeira simplicidade baseia-se, assim, numa atitude básica: a do amor e da franqueza que é devida ao plano de Deus sobre cada criatura. É por isso que Hidebrand, afirma que o homem simples é, no fundo, sempre o mesmo, tendo sempre aquela atitude fundamental que nunca abandona, um hábito, infelizmente, nem sempre seguido, porque a maioria dos homens vivem ao arrepio desta verdade simples que é a maior e a mais conseguida atitude na linha da felicidade, a linha do amor.
 E esta, nunca é a que passa pelas relações periféricas que são caminhos fora da estrada real que conduz o homem a Deus, ou seja, o caminho que posiciona o homem numa vivência natural que mais não é que estar de acordo com a sua natureza de semelhança com o Criador.
Logo, isto pressupõe, que se o homem assumir o valor único da simplicidade virada para o plano de Deus, a multiplicidade das suas ocupações e dos bens que são precisos e indispensáveis à assunção de uma vida digna, não podem nunca deixar de estar orientados pela moral daquela conduta essencial.

É por isso, que o livro de Hildebrande se chama: “A Nossa Transformação em Cristo” porque é por aqui que passa a nossa felicidade, quando deixamos de viver segundo o orgulho que cega o entendimento e nos deixamos absorver pela chama da divindade que é uma parte intrínseca do nosso ser racional e único.

Em conclusão, diremos que este livro de análise profunda dos sentimentos humanos, contém o ensinamento importante de nos transmitir que a verdadeira simplicidade se resume em pôr de pé, no mundo, os conceitos que dela tem o povo simples:  brandura, pureza, modéstia, falta de malícia, franqueza, sinceridade, falta de impostura e verdade.
E isto bastaria para que todos os homens fossem mais ricos e mais sábios, porque ao terem perante a vida uma atitude menos sofisticada, numa complicação redutora de um humanismo cristão que está por detrás da existência humana, se ganhariam outros louros em contraponto aos que ilusoriamente se vão adquirindo nas mil alicantinas de que, não raro, se enche a vida.

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