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sábado, 22 de junho de 2013

Os "abortos" políticos



Gravura publicada na revista "A Paródia de 14 de Maio de 1902
Em 25 de Março de 1902 o empresário lisboeta António Maria Pereira Carrilho conseguiu com o seu peso económico negociar em Paris um acordo com os credores com quem estávamos endividados, enquanto no Parlamento não cessavam as tricas políticas com os progressistas de José Dias Ferreira a atacar o então governo regenerador de Hintze Ribeiro, a propósito de nomeações ilegais, com este a replicar com idênticas nomeações feitas no anterior governo, e a par de tudo isto, fervilhavam boatos insistentes sobre a corrupção, intercalados com manifestações e acções semelhantes, enquanto a Nação endividada se prefigurava "NO PAIS DOS ABORTOS" no dizer do sagaz e contundente caricaturista.
 Era, com efeito, uma Nação grávida de maus tratos políticos como se diz no rodapé da gravura, e sem esperança de assistir ao nascimento de um "filho" valoroso" olhava com alguma tristeza para o seu "estado interessante"... mas dele... infelizmente,  "esperava por um novo aborto".

E agora?
Não me atrevo a chamar Portugal como se estivéssemos "NO PAÍS DOS ABORTOS", politicamente falando,  mas que "ABORTOS" desses - de vez em quando - não têm faltado nos últimos tempos, é uma verdade.
Enquanto uns, os que estão no actual governo imitam como podem - e sabem - o antigo e rico comerciante Carrilho na senda internacional negociando com os credores o melhor que lhes é permitido fazer a monumental dívida que nos afoga, no Parlamento o que vemos são escaramuças sem sentido - como se Portugal atravessasse um tempo normal - com uns (BE e PCP) a não querer pagar a dívida como foi contratada ou renegociá-la como se isso fosse permitido a quem não cumpre como eles desejam e outros, neste caso, o PS - cheio de culpas por seis anos de descalabro -  a fazer uma política ambivalente de duas caras fingidas que faz pena ver, por configurar o velho axioma: não ser carne nem peixe... porquanto, uma é para consumo interno fincada no "bota abaixo" a pedir um novo governo  e a outra para consumo externo, mais apaziguadora e compreensivelmente, mais consentânea com a triste realidade que nos cerca e que o PS bem conhece, por ter ajudado a ser origem e causa.
Entretanto, o País está "grávido",  isto é, de barriga cheia de  greves, manifestações com cartazes de mau gosto e malcriados, representações de reivindicações impossíveis de cumprir por um País  á beira da falência técnica e mensagens em jornais e na TV - como se vivêssemos num período normal de fartura económica e não num estado em que,  o que virá a seguir neste "parto" difícil a que vamos esta sujeitos, se receia vir a ser, possivelmente, o nascimento de um novo "ABORTO", com a pressa que se quer chegar ao poder, podendo por isso, e com muitas probabilidades de inêxito, o "parto" político não resultar para bem da grei.
Paremos para pensar.
Sobretudo, os que ainda pensam em Portugal que não pode ser um qualquer cartaz para emoldurar  um comício, mas um território onde vive gente que ama a torrão onde nasceu e, agora, tomou consciência que vai ter um "parto" difícil.
Por isso, já chega de jogadas sujas e, em seu lugar há que jogar limpo e pôr de lado - sem os excluir - todos os que não querem entrar no jogo de verdade social e económica que nos cumpre fazer, de tal forma que o "filho" que vai nascer desta "gravidez" seja, finalmente, o que merecemos e andamos à procura há tanto tempo, porque estamos fartos de "ABORTOS" políticos... que, pelos vistos, já nascem há séculos neste velho País.
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Nota: Os dados históricos constam do "site" do Prof. Dr. José Adelino Maltês, a quem muito agradecemos.


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