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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Jesus: Primeiro sinal da cruz


"Mulher, eis, aí, o teu filho"
A Cruz é o sinal magnífico que nos abre a vida.(…) Com duas linhas abraça o universo e supera o infinito.(…) Jesus, Crucificado no Gólgota, é o primeiro sinal da Cruz. E desde então o sinal converte-se em verdade, símbolo e juramento. Infelizmente, porém, fazemos este gesto distraidamente, à pressa, sem pensar que, tocando-nos na fronte, nos coroamos de espinhos, tocando-nos no peito, recordamos o pecado que trespassou o Coração de Cristo, e nos ombros, carregamos a Cruz, ao menos por alguns instantes.
Nino Salvaneschi
Saber Sofrer
 

Pode-se conhecer todos os versículos da Bíblia e conhecer, até, todos os pormenores dos relatos evangélicos. Pode-se citar de cor os nomes dos patriarcas e profetas do A.T. e ter um conhecimento profundo dos evangelistas, dos apóstolos e discípulos de Jesus, mas isto – que é importante – perde valor, se não se descobre que O Crucificado é o ponto de partida e a base em que assenta o Sinal da Cruz, dito no singular, mas unindo as três Pessoas divinas.
Fazendo isto significamos que Deus é uno e trino e que nas duas linhas a Cruz abraça o universo e supera o infinito e, nela, está impressa a Encarnação, a Paixão e a Morte de Jesus.
O símbolo escolhido pelos cristãos no segundo século já era um sinal da Cruz simbolizando os seus dois braços desde a mais remota antiguidade os eixos entre o céu e a terra.
Tertuliano (155-222), por alguns considerado o pai da teologia ocidental, foi das primeiras testemunhas do Sinal da Cruz, tendo escrito: A cada passo e a cada movimento dados para frente, em cada entrada e em cada saída,(…) quando nos assentamos à mesa, quando acendemos as lâmpadas; no sofá, na cadeira, nas acções corriqueiras da vida diária, traçamos na testa o sinal da cruz.
Cipriano (+258) bispo de Cartago, em face de um ataque de Deciano, para fortalecer a moral do povo, aconselhou: tomemos também como protecção da nossa cabeça, o capacete da salvação para que nossa fronte possa ser fortificada, de modo que conservemos seguro o sinal de Deus. E aos fiéis que suportaram prisões e arriscaram a vida, louvava-os, dizendo: as vossas frontes, santificadas pelo selo de Deus foram reservadas para a coroa do Senhor.
Deve-se, finalmente, a Constantino (272-337) o uso físico daquele símbolo cristão, que ele tomou desde o momento em que nas vésperas da batalha da Ponte Milviana, sobre o Imperador Maxentius (312), conquistou a supremacia no Ocidente, advindo isto da força que lhe deu – segundo Eusébio – a visão de uma cruz iluminada no Céu, cingida com a seguinte legenda: in hoc signo vinces  - vence por este sinal – que ele adoptou como seu emblema, mandando-o brasonar nos estandartes de seu exército.
Temos, assim, que ao benzer-nos, este sinal cristão tem nos homens um profundo enraizamento histórico, mas tendo em Jesus a sua essência divina ao estabelecer nos braços abertos do Redentor, presos ao braço horizontal do madeiro a ligação com os homens de todos os pontos do mundo e no braço vertical que plasmava o resto do Corpo Santo, a ligação com o Céu, morada eterna do Pai.
Desde então como assinala Salvaneschi, aquele sinal converte-se em verdade, símbolo e juramento
Verdade, que impõe a todo o cristão um alerta contra o relativismo do mundo.
Símbolo, cuja legenda da visão de Constantino,  vence por este sinal, é uma força e um estímulo
Juramento, porque tem de ser cumprido. Quem olha para trás não é digno do Reino.
Infelizmente, porém, como refere o texto transcrito, quantas vezes fazemos o Sinal da Cruz em gestos rápidos e mecânicos e, até, distraidamente, à pressa, sem que a história e a sobrenaturalidade que ele representa mereça um tempo de reflexão sobre coisas essenciais, como, tocando-nos na fronte, nos coroamos de espinhos, tocando-nos no peito, recordamos o pecado que trespassou o Coração de Cristo, e nos ombros, é como se carregássemos  a Cruz, ao menos por alguns instantes.

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