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domingo, 9 de junho de 2013


O HOMEM POLÍTICO
QUE HAVIA EM FERNANDO PESSOA




As sociedades são conduzidas por agitadores de sentimentos, não por agitadores de ideias. Nenhum filósofo fez caminho senão porque serviu, em todo ou em parte, uma religião, uma política ou outro qualquer modo social do sentimento.
Fernando Pessoa,         
in “Notas Autobiográficas e de Autognose”

     
O pensamento que aparece em epígrafe é elucidativo da forma como viveu o ilustre autor da “Mensagem” guiado pela consciência que se fez dona dos seus sentimentos mais altos e pela política, quando esta assumiu, nele, saudavelmente, o cunho agitador das ideias com enfoque social.
Fernando Pessoa, é sabido, nunca foi um político na verdadeira acepção da palavra, embora aqui e ali, tenha tido intervenção política, no sentido em que esta faz parte dos sentimentos de um homem, que como ele, viveu um tempo de grande agitação social, tendo assistido à morte violenta de dois Chefes do Estado: o rei D. Carlos, e o Presidente Sidónio Pais, quando ele perfazia, respectivamente, 20 e 30 anos de idade.
Era o tempo da escrita da sua grande obra: “O Livro do Desassossego”, que o leva a declarar, no Prefácio:
Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido – sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, (...)
Há, neste passo, um facto importante.
Pessoa ao não ter abandonado completamente Deus, põe-se na margem, mas na peugada do homem – animal político -  pronto para criticar porque sente, deixando para ele mesmo algum espaço para a acção política, embora sem intervenção estrutural directa, mas consciente que toda a crítica de ordem social, insere, de algum modo um pensamento político e, que, tendo-o assumido num tempo em que teria considerado o sistema  monárquico como o mais próprio para uma nação organicamente imperial na evolução natural das ideias, acabou por considerar a Monarquia completamente inviável em Portugal, donde se tivesse havido um plebiscito para escolha de regimes, votaria, resignado, pela República.
Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo e absolutamente anti-reaccionário, foi um nacionalista obediente ao lema "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação".
Foi  anticomunista e anti-socialista.
E nisto tomou uma posição clara, sem rodeios.
Mas, porque era multifacetado nas suas posições de índole socio-política, o estabelecimento de uma ordem coerente torna-se uma tarefa, onde fica líquida, a sua inquebrantável fé em Portugal, tendo deixado nos seus escritos o desejo de viver o seu tempo de um modo intenso.
E de tal forma o fez, que nas suas posições ideológicas, deixa que exista, embora fragmentada, a obra de um emérito doutrinador, onde a política ganha o cariz sedutor da inconstância que nele ganhou raízes num projecto nacional implantado no império do espírito, donde resultou que todas as facetas políticas de Pessoa tenham redundado numa construção mental onde se esconde a grande beleza das atitudes cívicas que tomou.
Em Pessoa não morava, com efeito, um ser político irracionalmente preso a uma tendência de ordem subordinada a um princípio estático, como se o mundo tivesse parado no tempo, porque nele, a sua verdade não se finou a si mesmo, pelo facto dele ser toda a gente, num profundo desejo de poder converter os seus sentimentos num único, pervertendo, embora o que sentia, sendo disto um exemplo, o voto contra a Monarquia – se, eventualmente, lhe tivesse sido pedido – e a sua aposta na República em curso, ainda que, em cima do assassinato de um rei que plasmou o seu tempo desde 1905, data que assinala o seu regresso definitivo a Portugal, vindo de Durban.
Pessoa, tinha, então, 17 anos.
Era um jovem inquieto nas ideias e nos comportamentos, aquele que se matriculou no ano seguinte na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, dele mesmo, nos dá um retrato que é um espelho sociólogo de alguém que ao caminhar atento à vida, fazia a apologia do político que nunca viria a ser, sem no entanto esconder o facto de transportar com ele a ideia de uma sociologia apegada aos homens esforçados que no labor das fábricas produziam bens e serviços, um facto que mais tarde haveria de reproduzir no “Livro do Desassossego”:
Vou num carro eléctrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para mim os pormenores são coisas, vozes, letras. Neste vestido da rapariga que vai em minha frente decomponho o vestido em o estofo de que se compõe, o trabalho com que o fizeram – pois que o vejo vestido e não estofo – e o bordado leve que orla a parte que contorna o pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que se o bordou, e o trabalho que houve de o bordar. E imediatamente, como num livro primário de economia política, desdobram-se diante de mim as fábricas e os trabalhos – a fábrica onde se fez o tecido; a fábrica onde se fez o retrós, de um tom mais escuro, com que se orla de coisinhas retorcidas o seu lugar junto do pescoço; e vejo as secções das fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, meus olhos virados para dentro penetram nos escritórios, vejo os gerentes procurar estar sossegados, sigo, nos livros, a contabilidade de tudo; mas não é só isto: vejo, para além, as vidas domésticas dos que vivem a sua vida social nessas fábricas e nesses escritórios... Todo o mundo se me desenrola aos olhos só porque tenho diante de mim, abaixo de um pescoço moreno, que de outro lado tem não sei que cara, um orlar irregular regular verde escuro sobre um verde claro de vestido. (1)
Pode não ser relevante este apontamento para o estudo do homem político que havia nele, mas a raiz sociológica que o empenhava na vida e no bem colectivo, existia em crescendo, em Fernando Pessoa.
Tinha, como já foi dito, 20 anos quando aconteceu o bárbaro assassinato de Sidónio Pais, um facto que marcou o factor decadente de um povo doente e sem rumo, o que nos leva a pensar que sem ser político de carreira, ele o foi, em alto grau de uma consciência nacional afectada, levando-o a afirmar que  a decadência em que temos vegetado, deriva da acumulação de três factores, que em três épocas diferentes intervieram na vida nacional e cuja influência infeliz permaneceu.
O primeiro factor — a decadência propriamente dita — data da jornada de Alcácer Quibir, prolonga-se pelo domínio dos Filipes, e até hoje ainda não passou. Lampejos transitórios — a Restauração, o Marquês de Pombal, o Presidente Sidónio Pais — são apenas (salvo o último caso, de cujas consequências não podemos falar ainda) remissões da nossa doença colectiva.
O segundo factor — a desnacionalização — entrou com a vinda do sistema monárquico estrangeiro que, implantado primeiro em 1820, se arrastou, através de uma guerra civil constante, latente ou patente, até à sua fixação em 1851, e a corrupção definitiva dos nossos costumes políticos e administrativos, o abandono total do governo à portuguesa.
O terceiro factor, prolongamento desse segundo, surgiu plenamente em 1910, com a implantação da República. A desnacionalização tornou-se, nessa altura, degenerescência. Nem a degenerescência se limitava aos partidos que a República trouxe (não há estado social mórbido que seja pertença exclusiva de um partido), mas abrangeu também os velhos partidos monárquicos cuja obra a República, anarquizando mais, apenas continuou.
O problema português consiste na destruição da tripla camada de negativismo que assim cobre a Pátria. (2)
A ode que então escreveu, “À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais”, publicada na “Acção” (3) é, na sua essência mais profunda, a dor do Poeta ao ver esfumar-se em mais um nevoeiro uma figura sebastiânica que havia surgido no horizonte da Pátria, onde havia esperança da fundação de uma República nova e, na qual, o carisma de Sidónio Pais havia projectado na alma de Pessoa o alento que havia de vencer as forças dissolventes que minavam a sociedade portuguesa que haviam morto o rei D. Carlos, para em seu lugar colocarem homens e partidos por outros semelhantes, bem ao contrário do pensamento pessoano ao advogar que, ou a mudança se dava nas estruturas mentais da Nação ou não valia a pena.
A ode é uma intervenção poética com evidente pendor político, porque nela o Poeta deixa às claras o pensamento patriótico de quem queria ver o País governado politicamente por homens íntegros, de raiz bem fundada numa República de valores humanos e de índole social, dada a miséria do povo, não só material como moral.
Eis, porque, comovidamente, lembrando o Presidente assassinado, lemos na ode extensa a comoção do Poeta:

Longe da fama  e das espadas,
Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.
Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.

Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de ação, sombra perdida,
Sopro sem ser.

Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?
 No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós - só o nome
E a fé perdida? (...)

Pessoa não esconde a sua mágoa, porque se no tempo da Monarquia, esta havia desperdiçado os dinheiros públicos, a República que veio, multiplicou por qualquer coisa os escândalos financeiros (...) e se esta criara um estado revolucionário, a República veio e criou dois ou três estados revolucionários.
E, continuando, declara que se a Monarquia não conseguira resolver o problema da ordem, a República instituiu a desordem múltipla, de que foi exemplo o caos na visão conservadora de Pessoa, que o levou a assistir a 29 governos nos espaço de sete anos (1919 a 1925).
Eis, porque, na sua alma a memória do “Presidente-Rei” depositário de tantas esperanças, era o homem notável que havia morrido às balas traiçoeiras do segundo sargento José Júlio da Costa, o combatente da Rotunda, que terá agido a mando da Carbonária ou, como, também se diz, da Maçonaria, onde então pontificava o Grão-Mestre Sebastião de Magalhães Lima. (4)
Doloridamente, Pessoa, pergunta, na ode:


Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?

Definitivamente, não ficou a fé perdida no Portugal bandarrista que animava a alma do Poeta, mas, possivelmente, o homem político que havia nele quando viu a política nacional sem rumo, originou que ao pensar na República Portuguesa instituída, tenha escrito: é actualmente um grupo ininteligente de gatunos e de assassinos. As palavras são curtas e duras, mas a simplicidade é aqui uma virtude.
É ponto assente que o assassinato de Sidónio Pais criou um vazio no seu idealismo, porquanto, ele representava o redentor da Pátria ferida pela incompetência e pelas ambições sem freio que originavam excessos sem controle nos governantes a que se aliava a desordem nos partidos e a consequente ausência de desenvolvimento económico e, logo, no tecido social, de onde surgiram as  mãos criminosas que haviam morto o empecilho dos que ansiavam viver na falta de estabilidade e numa caducidade mental que causava arrepios.
Politicamente, é também uma verdade que Pessoa se identificou no início com as ideias republicanas, mas o equívoco desfez-se na noite trágica de 14 de Dezembro de 1918, em pleno átrio da Estação dos Caminhos de Ferro do Rossio, na mesma Lisboa, onde bem perto, havia caído o rei D. Carlos.
Não pode espantar, portanto, a constatação que Pessoa faz da República se ter convertido num  grupo ininteligente de gatunos e de assassinos, algo de inaudito que o terá conduzido ao  sentimento de uma Ibéria forte, afirmando a criação desde já, da ibericidade. Fazer tender todas as energias das nossas almas para um fim, por detrás de todos os fins imediatos que tenham. Esse fim é a Ibéria (5)
Esta asserção é feita por volta de 1920, ano em que acaba a primeira fase do namoro com Ofélia e assinala o abraço iniciático de cunho maçónico que ela terá suscitado, donde não falte quem aponte que neste passo, Pessoa, que sempre tinha sido um idealista de um Portugal imperial, tenha sofrido a influência maçónica que ele abraçou e que apontava para  uma federação ibérica, com carga política evidente, mas, também, surgem os que defendem ter havido um exercício de retórica, onde o tempo político português teve um quinhão importante pela instabilidade vivida e que veio a favorecer o golpe de estado de 1926, que acabaria por abrir caminho para a ditadura do professor Oliveira Salazar.
O ano de 1928, marca, definitivamente, uma atitude de assunção política, mas como de costume, de ordem doutrinária, ao defender no “Interregno”, um manifesto do Núcleo de Acção Nacional, a defesa da ditadura militar, demonstrando-se um  defensor de regimes autoritários, cuja razão sustenta com três justificações – ou melhor dizendo, com três doutrinas - no opúsculo “Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal”
Começa por dizer que  metade do País é monárquica, metade do País é republicana. São estes os factos. Não falamos do País dividido em Norte e Sul, ou em qualquer outra divisão de erras. Não falamos do País dividido em classes cultas e incultas, ou em qualquer outra divisão de homens. Falamos de Portugal na simples quantidade dos seus habitantes nacionais.
Não deixa de apontar um facto importante: Somos o Pais das duas ortografias. Da gente  que entre nós sabe escrever, parte escreve em ortografia latina, a outra parte na ortografia do Governo Provisório. (...) para concluir, mais adiante: Em Portugal presente, pois, o problema institucional é inteiramente irresolúvel.
Para se ter, no seu conjunto uma ideia que levou Fernando Pessoa a escrever aquele opúsculo de 31 páginas, as três doutrinas apresentam-se deste modo
1. A Nação está divida contra si mesma
“(…) porque não temos uma ideia portuguesa, um ideal nacional, um conceito missional de nós mesmos”.
2. Portugal, hoje, é um Estado de Transição
“(…) a condição de um país em que estão suspensas as actividades superiores da Nação como conjunto e elemento histórico (…), mas não está suspensa a própria Nação como conjunto e elemento histórico (…), mas não está suspensa a própria Nação que tem de continuar a viver e, dentro dos limites que esse Estado lhe impõe, a orientar-se o melhor que pode. (..) os governantes de um País em um período destes, têm pois que limitar a sua acção ao mínimo, ao indispensável.”
3. As esferas superiores da Nação acham-se quase completamente desnacionalizadas
“Estamos hoje sem vida provincial definida, com a religião convertida em superstição e em moda, com a família em plena dissolução. (…) Ora um país em que isto se dá, e em todos sentem que se dá, um país onde (…) não pode (…) haver opinião pública em que elas se fundem ou com que se regulem, nesse país todos os indivíduos e todas as correntes de consenso, apela, instintivamente ou para a fraude ou para a força, pois, onde não pode haver lei, tem a fraude, que é a substituição de lei, ou a força, que é abolição dela, necessariamente que imperar. (6)
Fica de pé, o seguinte: o apoio à ditadura militar defendida por Pessoa, para além de todos os motivos já apontados, tinha a sua génese no Portugal dividido entre monárquicos e republicanos, como já a tivera no tempo da guerrilha constitucional do século XIX, de que resultou a guerra civil entre liberais e absolutistas, o que ele desejava, não viesse a acontecer o mesmo, agora com novos contendores, mas nunca esteve no plano das ideias o seu apoio a Salazar, com quem não tinha afinidades culturais ou políticas, advindo a sua oposição do facto deste ter recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, e ter criado a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.
No decorrer de 1932, ano em que Salazar assume a Presidência do Conselho, logo após a publicação da Constituição que criava o Estado Novo, Pessoa escreveu um ensaio contra a ditadura, onde desassombradamente, diz:
No meio de um povo de incoerentes, de verbosos, de maledicentes por impotência e espirituosos por falta de assunto intelectual, o lente de Coimbra (Santo Deus!, de Coimbra!) marcou como se tivesse caído de uma Inglaterra astral. Depois dos Afonsos Costas, dos Cunhas Leais, de toda a eloquência parlamentar sem ontem nem amanhã na inteligência nem na vontade, a sua simplicidade dura e fria pareceu qualquer coisa de brônzeo e de fundamental. (...) (7)
Pessoa deu o escrito por não escrito.
De uma vez por todas enterrou o opúsculo: “Interregno” colocando muito longe da sua vivência interventiva o ano de 1928, onde no plano das ideias a ditadura militar poderia ter sido – e não foi – o arrepiar do caminho, mas tão só, culminou com a preparação de um outro caminho: o que levou Salazar ao poder.
Pessoa fez a auto censura que costuma dignificar os homens de génio, pois, só os medíocres é que teimam nas suas atitudes, mesmo as mais descabidas.
 Desassombradamente, escreve sobre Salazar a Casais Monteiro, em 1935:

Meu caro Casais Monteiro:
Muito obrigado pelo seu postal de 25, relembrando o interesse que vocês têm pela minha colaboração na Presença. Já tinha prometido, pessoalmente, aqui há dias, ao Gaspar Simões, dar essa colaboração, de sorte que, não indo já a tempo para o número que está a sair, pudesse todavia aparecer no que deve sair pelo Natal.
Sucede, porém, uma coisa — sucedeu há cinco minutos —que me confirma em uma decisão que estava incerta, e que me inibe de dar colaboração para a Presença, ou para qualquer outra publicação aqui do país, ou de publicar qualquer livro.
Desde o discurso que o Salazar fez em 21 de Fevereiro deste ano, na distribuição de prémios no Secretariado da Propaganda Nacional, ficámos sabendo, todos nós que escrevemos, que estava substituída a regra restritiva da Censura, “não se pode dizer isto ou aquilo”, pela regra soviética do Poder, "tem que se dizer aquilo ou isto”. Em palavras mais claras, tudo quanto escrevermos, não só não tem que contrariar os princípios (cuja natureza ignoro) do Estado Novo (cuja definição desconheço), mas tem que ser subordinado às directrizes traçadas pelos orientadores do citado Estado Novo. Isto quer dizer, suponho, que não poderá haver legitimamente manifestação literária em Portugal que não inclua qualquer referência ao equilíbrio orçamental, à composição corporativa (também não sei o que seja) da sociedade portuguesa e as outras engrenagens da mesma espécie. (8)

No ano em que escreveu esta crítica a Salazar, o Poeta morre.
Aconteceu no dia 2 de Dezembro de 1935, tendo-o acompanhado à sepultura, no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, muitos amigos, entre os quais se destacaram: Luís de Montalvor, António Ferro, Raul Leal, Alfredo Guisado, Almada Negreiros, João Gaspar Simões, António Botto e Carlos Queiroz, este último, sobrinho de Ofélia, o seu amor, com quem rompeu duas vezes.
Coube a honra do elogio fúnebre a Luís de Montalvor.(9)



(1) - número 298 do “Livro do Desassossego”
(2) - s.d. - Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
(3)  -  “Acção” é um jornal sidonista criado pelo Núcleo de Acção Nacional e dirigido por Geraldo Coelho de Jesus. Pessoa iniciou ali a colaboração no dia 1 de Maio de 1918.
(5) - s.d. Ultimatum e Páginas de Sociologia Política. Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução e organização de Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1980.
(6) - Fernando Pessoa, manifesto “O Interregno: Defesa e justificação da Ditadura Militar em Portugal”
(7)  - s.d.  República (1910 - 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979. - 129.
(8)  - 1935 - Páginas de Pensamento Político. Vol II. Fernando Pessoa. (Introdução, organização e notas de António Quadros.) Mem Martins: Europa-América, 1986.
1ª publ. in José Blanco. A Poesia de Adolfo Casais Monteiro.Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1985.
(9)  - Luís de Montalvar é o pseudónimo literário de Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos, Poeta, ensaísta e editor, natural de  S. Vicente, Cabo Verde

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