Não nego os propósitos
altruístas que estiveram na génese da Revolução Francesa de 1789, que tanta
repercussão tiveram no Mundo, especialmente na Europa, mas é de lamentar que
uma Humanidade que já viveu dois séculos sobre aqueles acontecimentos, não
reconheça que o afastamento do divino que é parte integrante do homem, o
continue a fazer escravo de muitas coisas, a começar pela sua própria liberdade
interior que não pode exteriorizar sem que a falsa liberdade em que vive, recrimine os seus actos, sejam eles
religiosos ou civis, sendo, por vezes, causa de marginalização social ou de
desconfiança.
Foi em nome dessa Liberdade, que os revoltosos franceses
de 1789, após a queda da Bastilha e o assassínio de Luís XVI e Maria Antonieta
criaram, deturpando desde logo os bons propósitos - se é que os havia - a lei dos réus suspeitos que suprimiu nos tribunais a sua defesa, que foi
estabelecida a escravidão à lei revolucionária e foi criada como um dogma civil
a tirania de Robespierre e a do todo-poderoso Napoleão, que em nome dessa palavra mágica – e das restantes - quis
dominar a Europa.
E é desta mesma
liberdade que são seus sucessores, entre muitos outros, nos tempos mais
recentes, Lenin, Hitler, Mussolini e Fidel de Castro.
Foi, ainda, em nome desta tríade enganadora que em
Portugal se matou D. Carlos e o seu filho e sucessor, príncipe D. Luís Filipe,
para logo de seguida se meterem na prisão os opositores mais proeminentes, a
começar pelo deposto Presidente do Conselho de Ministros, João Franco e de
Homem Cristo, que era na época o Director do jornal “Povo d’Aveiro”, só porque
não tecia louvores à República. Foi o seu crime.
Liberdade, sim, mas
tutelada.
E foi em nome da Igualdade, segundo o pregão dos mesmos,
bem cedo tornados em falsários sociais
que na Revolução Francesa o povo se insubordinou contra a desigualdade e contra
o privilégio para estabelecer, finalmente, a sociedade em que todos seriam
iguais perante a lei e em que todos teriam as mesmas oportunidades.
Balelas.
O embuste pegou.
Mas cabe uma pergunta?
- Se a igualdade é um
direito que assiste a todos os homens como dádiva natural, porque razão, os
revolucionários, tanto os de 1789, como os de hoje, estão acima dos seus iguais,
não falando dos cargos, mas das prebendas?
Parece que o ser
importante – embora se apregoe a igualdade entre todos – determina o
“ter”, ou seja, estar mais alto e chamar
para si prerrogativas que são negadas aos outros, que são, no entanto,
apelidados de iguais, mas devendo obedecer ao que se diz igual, mas actua
socialmente de modo diferente, fazendo da diferença o seu estatuto de poder.
Iguais, sim, mas menos
nos negócios da fortuna a começar nas comendas e nas contas do banco, e no
entanto, a igualdade começa por ditar
que nenhum homem pode ter precisões, para não depender do outro, porque é por
aqui que começam as desigualdades civis e humanas, como consequência.
A dependência, ontem,
como hoje, continua a ditar a lei do mais forte... num tempo que se quer de
igualdades.
Balelas.
Foi, finalmente, em
nome da Fraternidade que se
estabeleceu a trapaça maior, pela simples razão que ao negar-se a
espiritualidade que está implícita no facto de todos os homens terem origem em
Deus, a fraternidade, em nome da qual se fez a Revolução, foi desde logo uma
tremenda mentira., deixando cair por terra como coisas sem valor – como de
facto, eram - a liberdade e a igualdade
apregoadas e com as quais arrastaram o povo.
Liberdade, Igualdade,
Fraternidade.
Palavras lindas... mas
ocas, como depois de viu mas que tiveram o dom de enfeitiçar os franceses do
século XVIII, que é verdade, bem precisavam de se subtrair ao jugo absolutista
do Estado como acontecia na Europa de então, mas manda a verdade dizer que
foram palavras mentirosas que continuam até hoje a iludir os homens mais
incautos, porque elas foram a mãe dos Liberalismos libertinos e das recentes
Democracias, que em eleições pedem maiorias, esquecendo-se que governar não é
exercer um poder para impor, mas actuar por consensos, pelo respeito em nome da
Liberdade, Igualdade, Fraternidade dos outros.
É neste exercício que
estão verdadeiramente, os três vectores de uma sociedade ainda não conseguida:
Liberdade, enquanto
respeito pela liberdade do outro, sobretudo, pela sua diferença.
Igualdade, enquanto
respeito pela condição natural do outro.
Fraternidade, enquanto
respeito pelo outro, filho espiritual do mesmo Deus.
Cabe, agora perguntar:
Será, que nos tempos
actuais, pesando embora, todas as conquistas – e foram muitas – no âmbito de
uma sociedade mais adulta, estes conceitos que estiveram na génese de todas as
transformações sociais a partir da Revolução Francesa, estão a gerir os homens,
na pureza das suas intenções primárias?
Responda quem puder.
Eu, pessoalmente,
penso, que há muito caminho a percorrer e esse caminho, ou passa um dia, pela última
das três palavras – Fraternidade
– ou nunca mais serão implantados no mundo os ideais de 1789, porque é do facto
de cada homem sentir que o outro é seu irmão espiritual que podem nascer - ou não – todos os outros sentimentos da
bondade humana, a roçar o divino.
- Ou o homem é uma
coisa?
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