Capa da Revista "Occidente" de 8 de Março de 1895
Lembrar João de Deus, é hoje, como será em qualquer tempo, um acto de amor à justiça pelo muito que a sociedade do seu tempo ficou a dever ao Poeta e ao Pedagogo ilustre que ele foi.
Nos dias 8, 9 e 10 de Março de 1895, a Academia de Coimbra - incluindo a Tuna Académica da Universidade de Coimbra (TAUC) - estudantes de Lisboa e do Porto, uma grande massa popular, interpretando o sentir de Portugal inteiro, partiram do Terreiro do Paço, manhã cedo, até à casa do poeta na Estrela.
Pelas dez horas da manhã o rei D. Carlos associa-se à homenagem e entrando na casa do Poeta condecora-o com a Grã-Cruz da São Tiago.
Todo o luzidio cortejo foi saudado pelo autor da famosa Cartilha Maternal desde a janela, tendo João de Deus, ouvido comovidamente, depois dos discursos, dos "vivas" e das prendas, a voz de Augusto Hilário - o célebre cantor de Coimbra - que ajoelhado em plena rua lhe cantou algumas das cantigas coimbrãs ao som da sua inseparável guitarra.
Com esta gravura são legendados os seguintes aspectos nela retractados:
A sociedade do seu tempo, teve assim um gesto que devia ser mantido vivo, ou seja, homenagear os homens bons e grados enquanto vivos e não, piedosamente, lembrá-los depois de mortos.
Pelas dez horas da manhã o rei D. Carlos associa-se à homenagem e entrando na casa do Poeta condecora-o com a Grã-Cruz da São Tiago.
Todo o luzidio cortejo foi saudado pelo autor da famosa Cartilha Maternal desde a janela, tendo João de Deus, ouvido comovidamente, depois dos discursos, dos "vivas" e das prendas, a voz de Augusto Hilário - o célebre cantor de Coimbra - que ajoelhado em plena rua lhe cantou algumas das cantigas coimbrãs ao som da sua inseparável guitarra.
Em resposta, João de Deus da varanda de sua casa
declamou de improviso esta célebre sextilha
Estas honras e este culto
Bem se podiam prestar
A homens de grande vulto.
Mas a mim, poeta inculto,
Espontâneo, popular...
É deveras singular!
Foi-lhe, proposto na sequência desta homenagem um título
nobiliárquico que ele recusou, tendo aceite gostosamente a proclamação de
"Sócio de Honra" da Academia Real das Ciências.
Na sequência da homenagem nacional, o Diário de Notícias, de
8 de Março de 1895, publicou o seguinte texto laudatório: João de Deus é uma
das personificações mais belas do nosso carácter peninsular; vivo e indolente,
devaneador e apaixonado, crente e sentimental. É uma flor do meio-dia, cheia de
seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguém sentiu entre nós mais ardente a
sua imortalidade do que Bocage. Com que entusiasmo ele exclamava ao ver os seus
versos elogiados na boca de Filinto: - Zoilos tremei; posteridade, és minha!
Sob este ponto de vista, João de Deus é a antítese completa de Bocage. Este
tinha a inspiração orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de
ironia e de sarcasmo. João de Deus tem a inspiração serena, espontânea, quase
inconsciente. João de Deus é como a flor do campo, que rebenta formosa sem
cultivo, velada apenas pela graça de Deus, o jardineiro supremo. As suas
poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na
sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a
delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice,
a disposição encantadora das pétalas.
in, Wikipédia
Gravura publicada pela Revista "Occidente" de 15 de Março de 1895
(Desenho de J.R. Cristino)
Com esta gravura são legendados os seguintes aspectos nela retractados:
- Chegada do comboio conduzindo os estudantes de Coimbra à Estação do Rossio.
- Chegada a Lisboa dos estudantes do Porto.
- O cortejo académico desfilando na Avenida da Liberdade.
- João de Deus à janela de sua casa recebendo as manifestações da Academia.
- O sarau no Teatro D. Maria.
- Ovação à saída do Teatro.
A sociedade do seu tempo, teve assim um gesto que devia ser mantido vivo, ou seja, homenagear os homens bons e grados enquanto vivos e não, piedosamente, lembrá-los depois de mortos.
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