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sábado, 3 de outubro de 2015

Este - o da gravura - sou eu!


in, Jornal extinto "O Zè" de 13 de Dezembro de 1910

Este - o da gravura - sou eu!

Sou eu, porque sou do povo e porque me revejo nas duas pequenas frases que aparecem no rodapé da gravura e que dizem assim:

Esta é a Bandeira minha amada,
o símbolo da Pátria regenerada.

Podem todos os meus compatriotas que o globalismo reinante e umas certas cartilhas "desaportuguesou", e que se comprazem em confundir frases destas com a ética que norteou o Estado Novo - abjurando-as por as conotarem com aquele tempo histórico - acusar-me de vir aqui, repetir nos tempos correntes o que pode ser entendido como  frases inapropriadas.

Mas se o são é só por estarem fora de uso.
Não são velharias.

Os revolucionários do 5 de Outubro de 1910, agora que este dia se aproxima para marcar na História de Portugal mais um aniversário não se coibiram de dizer que a Bandeira era - como é hoje - o símbolo da Pátria regenerada, porque era assim que eles entenderam o novo tempo que lhes foi dado viver.

No tempo de hoje tudo devia continuar igual àquele sentimento de regeneração, lembrando-nos que houve um punhado de homens, tendo à cabeça Rodrigo da Fonseca Magalhães, que fundaram durante o chamado "Rotativismo" o Partido Regenerador (1851-1868) a que pertenceu Fontes Pereira de Melo, Hintze Ribeiro e outros vultos daquele tempo.

Que este próximo dia 5 de Outubro - a que vai faltar, de acordo com os noticiários o Presidente da República por motivos que ele devia explicar ao povo - seja, um motivo forte, para erguer bem alto, não a República - que é, apenas, um marco - mas o sentido patriótico de todos os portugueses de se sentirem unidos ao redor da Bandeira de Portugal e ela seja, o símbolo que - para lembrar o amor que ela nos deve merecer - vale a pena trazer à baila o que se passou em 1 de Março de 1476, quando na Batalha de Toro o alferes-mór do rei D. João II - Duarte de Almeida - estando o exército português subjugado pela superioridade do número dos castelhanos abandonaram o Pavilhão Real, ficando à mercê daquelas tropas a conquista da Bandeira portuguesa.

Este percalço conforme o relato da época, fez que Duarte de Almeida, esforçadamente, tendo continuado a mostrar bem erguida a Bandeira do Reino tenha sofrido uma cutilada que lhe decepou a mão direita, tendo de imediato e com total indiferença à dor segurado aquele Pavilhão com a mão esquerda, que por fim, veio a sofrer a mesma sorte.

Ainda, assim, o bravo alferes toma a Bandeira entre dentes e resiste até morrer mas sem entregar aos adversários o símbolo da Pátria.
Não é, de forma alguma despiciendo lembrar este facto.

O que se lamenta é que ele não tenha servido para regenerar Portugal se olharmos para o que se passou depois, em 1640 - com a queda do Reino - e em 1910 com a República - que nada regenerou, nem as instituições, nem os homens, e isto tem de ser dito, pois teria sido bom e para bem de todos nós que a regeneração que até existiu tivesse dado frutos, a princípio doces e se tornaram amargos bem cedo demais.

Como passou a campanha eleitoral, não faço mais comentários.

Que não seja eu, neste dia de reflexão - tendo em conta as eleições legislativas de amanhã - que ajude a amargar, ainda mais, o tempo que passa mas seja como me compete ser, um defensor da Bandeira Portuguesa e, por ela peça a todos os meus concidadãos que pelo amor que ela nos merece a defendamos e todos possamos dizer, olhando na velha gravura que se reproduz aquele português tipo "Zé Povinho" de Bordalo Pinheiro:

Este - o da gravura - sou eu!

E que, por amor da Bandeira que foi motivo para que o alferes Duarte de Almeida tivesse ficasse sem as mãos por força da vontade em defendê-la, que essa mesma vontade faça do povo que somos uma maior união em torno do que já foi grande e hoje é um pequeno território, onde só a Bandeira - enquanto símbolo é a mesma - enquanto nós, perdemos muito do que fomos.

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