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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A sabedoria humana de Lavater


Johann Kasper Lavater


Diz Lavater num pensamento prudente e muito sábio, o seguinte:

Não destruas as crenças que fazem os outros felizes se não puderes inculcar-lhe outras melhores.

A este propósito, conta-se que um dia, um ateu tendo encontrado um seu amigo filósofo, ateu como ele, mas respeitador das crenças dos outros, por não compreender a subtileza do trato dele com os crentes fez-lhe a seguinte pergunta sibilina, de acordo com o seu modo de pensar:

- Então, tu, não combates com toda a tua sabedoria as crenças de todos aqueles que vivem e seguem caminhos em que tu e eu não acreditamos?

- Não. - respondeu o filósofo - não tenho o direito de o fazer. Não me cumpre destruir a felicidade daqueles que seguem doutrinas em que eu não acredito, mas que são para eles motivos de alegria que se fundam numa fé que eu não tenho...

Respondeu acertadamente o filósofo.

A falta de respeito pelo outro, que é, simplesmente, a falta de amor que existe pelo semelhante leva a sociedade a não respeitar as crenças, sejam elas religiosas, políticas ou quaisquer outras.
Por isso, bem melhor e mais avisadamente andam as criaturas que nada tendo de melhor para oferecer em troca daquilo que pedem, não procuram destruir no outro os seus sentimentos, especialmente, quando estes os tornam felizes.

Cumpre-se com este procedimento o respeito pelo semelhante.

É, por este motivo que o filósofo respondeu ao amigo com profundo amor pelo outro. Sendo ateu, não deixou de manifestar esse amor, essa atenção humana tão pequena mas que se torna muito grande e tem um alcance que foge à simples convivência humana para se transportar para  o campo da sobrenaturalidade que rege todas as criaturas.

O filósofo ateu que não seguiu o caminho que lhe foi indicado pelo seu amigo - ateu como ele - foi um sábio de humanidades e sem o ter pensado comportou-se dentro das regras fundamentais do cristianismo, que não sendo uma filosofia transporta na suas regra bem simples aquilo que afirmou Lavater, que não se pode destruir seja aquilo que seja - crenças ou não - sem dar em troca ao outro, caminhos de felicidade.

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