Johann Kasper Lavater
Diz Lavater num
pensamento prudente e muito sábio, o seguinte:
Não destruas as
crenças que fazem os outros felizes se não puderes inculcar-lhe outras melhores.
A este propósito,
conta-se que um dia, um ateu tendo encontrado um seu amigo filósofo, ateu como
ele, mas respeitador das crenças dos outros, por não compreender a subtileza do
trato dele com os crentes fez-lhe a seguinte pergunta sibilina, de acordo com o seu modo de pensar:
- Então, tu, não combates com toda a
tua sabedoria as crenças de todos aqueles que vivem e seguem caminhos em que tu
e eu não acreditamos?
- Não. - respondeu o filósofo - não tenho o direito de o fazer. Não
me cumpre destruir a felicidade daqueles que seguem doutrinas em que eu não
acredito, mas que são para eles motivos de alegria que se fundam numa fé que eu
não tenho...
Respondeu
acertadamente o filósofo.
A falta de respeito
pelo outro, que é, simplesmente, a falta de amor que existe pelo semelhante
leva a sociedade a não respeitar as crenças, sejam elas religiosas, políticas
ou quaisquer outras.
Por isso, bem melhor
e mais avisadamente andam as criaturas que nada tendo de melhor para oferecer
em troca daquilo que pedem, não procuram destruir no outro os seus sentimentos,
especialmente, quando estes os tornam felizes.
Cumpre-se com este
procedimento o respeito pelo semelhante.
É, por este motivo que o filósofo respondeu ao amigo com profundo amor pelo outro. Sendo ateu, não
deixou de manifestar esse amor, essa atenção humana tão pequena mas que se
torna muito grande e tem um alcance que foge à simples convivência humana para
se transportar para o campo da sobrenaturalidade que rege todas as
criaturas.
O filósofo ateu que não seguiu o caminho que lhe foi indicado pelo seu amigo - ateu como ele - foi um sábio de humanidades e sem o ter pensado comportou-se dentro das regras fundamentais do cristianismo, que não sendo uma filosofia transporta na suas regra bem simples aquilo que afirmou Lavater, que não se pode destruir seja aquilo que seja - crenças ou não - sem dar em troca ao outro, caminhos de felicidade.
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