Tenho em cima da
minha mesa de trabalho uma frase de Michel Quoist que conservo há muitos anos e
sobre a qual os meus olhos costumam ficar presos sempre que sobre ela fixo a atenção do meu olhar.
Diz assim:
As pessoas sentem-se
sós porque constroem muros em vez de pontes.
Bem pequena é a frase.
Enorme é, no entanto,
o seu tamanho pelo conhecimento existencial e humano da vida, porque há efectivamente, pessoas sozinhas, vítimas de si mesmas porque levam o tempo -
que devia ser de entendimento com os outros - a construir muros em seu redor em
lugar das pontes.
Pontes que todos somos chamados a por de pé para que, por elas passem os sentimentos e a partilhas dos dons que fazem de nós seres únicos na
história da Criação.
Deixemos de parte os
muros que teimamos em construir.
São silêncios fechados!
Fortalezas que
ocultam a vida que passa e só ilusoriamente julgamos prender, erguendo mais
alto as paredes e tornando mais frios e mais pesados todas as solidões que se
vivem e a vida não é isto!
A vida é encontro e
comunhão de ideais enquanto a solidão é, apenas, um perigoso estado de alma,
porque ao diminuir a aproximação com o semelhante fecha-se a sete chaves a porta
da esperança.
Por isso, para quem vive fechado dentro dos altos muros do seu silêncio, fica aqui com todo o
amor este aviso:
- Deita-os abaixo... todos eles!
- E depois, com os seus escombros constrói pacientemente as pontes do encontro, que podem até ser pontes levadiças, desde que estejam sempre prontas a baixar-se até à soleira da vida.
- É por aí que todos passamos, quantas vezes, ombro a ombro!
- Manda a sabedoria humana fazer do semelhante um companheiro com quem se reparte o tempo de vida...
- E este não foi dado para ser amuralhado!
Que Deus ajude todos aqueles que ainda têm de pé os muros dos seus silêncios e que, hoje, ou amanhã, como pétalas de
flores fechadas pela ausência das claridades da noites dos silêncios vividos, estas se abram para a vida dos homens!
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