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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"O Homem, Esse Desconhecido"




"O Homem, Esse Desconhecido" - recorda-se - é o título do famoso livro escrito pelo médico francês, Alexil Carrel, Prémio Nobel de Fisiologia de 1912, convertido ao catolicismo mercê da sua vivência pessoal no Santuário de Lourdes no ano de 1903 quando em substituição de um colega acedeu a acompanhar um comboio de doentes e ali, perante a cura por ele considerada milagrosa da doente Maria Ferrand, o seu espírito se sentiu iluminado pelo sobrenatural.

Numa análise sintética de que o título daquele livro, apenas serve de introdução, dir-se-á que conhecemos o mundo à nossa volta pela rapidez da informação que nos chega mas nos falta o essencial: o conhecimento de nós mesmos. Exploramos o espaço em zonas que nos estavam interditas mas não viajamos por dentro de nós mesmos porque deixámos de ouvir os apelos do coração.

E "O Homem, Esse Desconhecido" vai continuando o seu caminho mais por fora que por dentro de nós mesmos.

E, no entanto, a pergunta do salmista (Sl 8, 5-7) com o pensamento em Deus: Que é o homem, para que te lembres dele? - Que é o ser humano, para que te preocupes com ele? a que rei David respondeu: (...) fizeste-o quase como um deus e encheste-o de honra e dignidade. Deste-lhe autoridade sobre as Tuas obras, colocaste tudo sob o seu poder, o que nos deixa entender que fomos criados para ser gestores da Criação por termos a nossa origem inscrita no sopro de Deus e não termos surgido sobre a face da terra por geração espontânea ou processo evolutivo, como alguns pretendem.

Temos corpo e alma, atributos que nenhum outro ser vivo tem; somos assim um duo formado por corpo e espírito e somos assim por sermos imagem e semelhança de Deus.

Quem é, pois, "O Homem, Esse Desconhecido"?

Eis uma pergunta tão inquietante quão antiga é, pois já na Antiguidade a cultura grega escreveu no templo de Delfos a legenda: "Conhece-te a ti mesmo", um desiderato que se mantém até hoje em todos os sectores mais cultos da História Humana, porque desde os primórdios a Humanidade tem andado a dividir a síntese sobre o homem entre aquilo que é e o que devia ser, criando um desentendimento humano por querer - quase numa afronta à Verdade do que é dita no Salmo - esquecer o que lá está dito e, por isso, parece que o homem se compraz em avivar estes desacertos quanto à sua conduta ante o Mistério que o rodeia.

E tanto assim é, que S. Paulo (Rom 7, 15 e 19) disse: Assim, o que realizo, não o entendo; pois não é o que quero que pratico, mas o que eu odeio é que faço.(...) É que não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico, e é este confronto do humano contra si mesmo que continua ainda no nosso tempo a agir como se fosse uma fatalidade a que o homem está condenado, quando ele é como asseverou David, um ser existencial quase como um deus cheio de honra e dignidade.

O que temos feito disto?

Eis a pergunta que nos falta fazer ou nos esquecemos dela de propósito, para pormos a render a incultura moral em que, parece, a civilização progride e a ciência que a suporta, enquanto regride a cultura moral onde está fundada a honra  e a dignidade outorgada em nosso favor desde a primeira aurora da Criação.

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