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sábado, 24 de outubro de 2015

Uma recordação do "Caso República"


O caso República foi um episódio da luta pelo controlo da comunicação social em Portugal, ocorrido a 19 de Maio de 1975 durante o Verão Quente de 1975, correspondente à invasão e ocupação do jornal República, e subsequente expulsão de membros da direcção. A invasão e ocupação do jornal por parte da comissão de trabalhadores do jornal, representando os tipógrafos, gráficos e administrativos, foi justificada como sendo um protesto dirigido à linha editorial seguida no jornal, atacando-a por ser próxima do Partido Socialista.
                                                                             in, "Wikipédia"



As hostilidades que, desde 2 de Maio, opunham os trabalhadores gráficos e dos serviços administrativos, representados pela Comissão Coordenadora de Trabalhadores (CCT), e a redacção e administração, atingem o seu ponto mais crítico no dia 19 de Maio de 1975.

Na manhã desse dia, a CCT decide "suspender do exercício das suas funções" a Administração e a chefia de Redacção acusando-as de estarem a tentar transformar o jornal num órgão afecto ao Partido Socialista. As instalações do jornal são ocupadas pelos trabalhadores que comunicam aos jornalistas que quem quiser sair já não poderá voltar. Ninguém sai. A edição de 19 de Maio do "República" sai para a rua à hora prevista mas com uma constituição diferente: lia-se no cabeçalho o nome de Álvaro Belo Marques como director-interino e um editorial "Estimado leitor" explica a razão da luta dos trabalhadores. Como reacção, a redacção do jornal lança também um comunicado insurgindo-se contra o abuso de poder de "uma Comissão dos Trabalhadores".

No exterior das instalações, o PS organiza uma manifestação de apoio à antiga direcção. Mário Soares, Salgado Zenha, Manuel Alegre, Sottomayor Cardia são algumas das personalidades que lideram o ajuntamento popular no Largo da Misericórdia.

Com o decorrer das horas, o número de manifestantes aumenta. Entoam-se hinos e proferem-se palavras de ordem contra os "ocupantes" do edifício, contra o PCP, contra Álvaro Cunhal e contra o MFA. A tensão aumenta à medida que a concentração tem mais adesão. Às 19.30, oficiais do COPCON e da PM entram no edifício da "República" para protegerem quem lá se encontra e evitar uma escalada da violência (...)
                                         in, "O Caso República" (transcrição parcial)

in, "Jornal da Caso República" de 21 de Junho de 1975

Porque se lê com muita dificuldade, faço a trasladação do texto:

Pseudo-revolucionários, em minoria manipulada e manipuladora, procuram impor a sua vontade ao povo português. Beneficiando da profunda crise de autoridade que e verifica no país, e não olhando a escrúpulos, fazem da demagogia a arma cega do assalto à liberdade. O futuro dirá o que este assalto lhes rendeu. A mentira será condenada pela História. E nenhum povo perdoa a quem lhe mente. Não perdoou ao fascismo. Não perdoará a nenhum sistema "providencial" que lhe queira esconder a verdade.
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Fica aqui como lembrança.

Às vezes compensa ir à "arca do tempo" e retirar de lá casos passados que deviam servir para exemplos futuros, porque, afinal, o futuro também se faz, muitas vezes, com aquilo que se aprendeu no passado ou, até, quantas vezes, é ele o grande mestre do futuro.

Senão é, devia ser!

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