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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Pontes e não cercas

 
 
 
Pontes de Praga sobre o rio Vltava

 
As pontes de Praga, pelo seu número e proximidade são um exemplo de como o homem a partir da "cidade velha" teve necessidade de passar para a outra margem do rio e encontrar o seu semelhante através da necessidade destas construções belíssimas.
As pontes da vida espiritual não são assim.
Mas assemelham-se, na necessidade de passar para além do rio da discórdia que se deixa acontecer, quando se criam os rios sem água que separam os homens por estes, ingloriamente, terem deixado secar a nascente que a princípio corria límpida e serena, razão porque, não se pode esperar que seja o outro a fazer fluir de novo a água na antiga nascente - onde vivia e se regalava a amizade -  mas cabe esta tarefa da solidariedade e amor humanos a cada  homem, estabelecendo a ponte sobre o rio que secou, tendo em conta o modo como Nietzche nos diz e nos avisa:
 
Ninguém pode construir em teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
- ninguém, excepto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.

Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.

Onde leva? Não perguntes, segue-o.

Tem razão o filósofo alemão, que por entre as suas loucuras encontrou, um dia, neste poema de uma humanidade gritante informa sobre o caminho que é preciso seguir, ainda que seja único, e do mesmo modo a ponte que é preciso construir, porque para lá da margem do rio há vida nova e novos homens.
O essencial é fazer a ponte para travessar o rio da vida, que é preciso encher com a água da nova nascente que é urgente fazer brotar da rocha em que se calaram as amizades e os sons compassados de uma música que se deixou de ouvir pela cerca em que, ao redor, os homens colocaram, julgando que se defendiam do mundo, mas sem cuidar que a si mesmos se tornavam prisioneiros desse mundo que, erradamente, teimaram em combater, pelo esquecimento ou por uma arrogância desordenada de todos os seus sentidos, o que se espelha naquilo que pode acontecer: passar a haver, mundos em duelos, como, e com todo o sentido lemos no belo poema,
 
 
A Ponte e a Cerca... 


Na vida...
Podemos escolher entre ser ponte...
Que une uma margem à outra de um rio.
Ou ser uma cerca...
Que separa um território de outro.

 
Se compararmos...
Podemos perceber que se formos ponte...
Iremos unir todas as coisas...
Que por algum motivo nesta vida...
Vivem separados.

 
Se formos cerca...
Estaremos dividindo... Marcando espaço...
Quando poderíamos formar elos...
Entre mundos em duelos.

 
Como ponte...
Podemos aumentar amizades...
Fazer elos de ligações entre comunidades...
Amar com mais intensidade...
Juntar forças entre dois extremos em inimizades.

 
Como cerca...
Aumentamos divisões... Isolamentos...
Deixamos a vida mais solitária...
Esquecemos de ser humanitários...
Quando poderíamos nos unir a quem necessita...
De alguém mais solidário.

 
Sejamos nesta vida rápida e passageira...
Ponte que une... Mensageira...
Elo de ligação... Entre nações estrangeiras...
Ponto de união...

 
Simples... Como flor de laranjeira...
Lançando perfume com notas sublimes...
A solitários e sofridos corações...
Que tanto o mundo reprime.

 
De nada nos serve a cerca...
Se formos nós mesmos a perder liberdade...
A encher o coração de saudade...
A deixar que vagarosamente nossa vida se perca.

 
É jubiloso se sentir ponte...
Ser para nossos semelhantes, verdadeira fonte..
De amizade... União...
Alguém que na hora necessária connosco conte...
Para que possamos sentir saudável o coração.

 
A escolha é nossa... É minha...
Ser cerca... Ou estar sozinha?
Ou ponte... E ter sempre a fronte...
Companhia... Sincero sentimento...
Que à nossa vida...
Só trará acalento.

 
Sejamos ponte na comunidade...
Ponte em nossa família...
Ponte da fraternidade...
Semeando amor em grande quantia.

 
Sejamos PONTE...
Derrubemos CERCAS...
Seremos de companheirismo uma fonte...
Para que muita alma não se perca.
 
 
Marilene Mees Pretti (1)

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(1) - É natural de Taió, Santa Catarina (Brasil). Como ela diz, escreve como terapia para aplacar os meus sentimentos

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