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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Calem-se, por favor!

 

Gravura parcial publicada pelo Jornal "O Moscardo" de 3 de Junho de 1913 

 
1913 - ano em que esta gravura é publicada - é a época áurea de Afonso Costa e dos seus pares, assinalando o primeiro governo deste palavroso parlamentar que bania do voto os analfabetos, como se estes, pelo facto de o serem não merecessem ter opinião, afirmando alto e bom som: (...) indivíduos que não sabem os confins da sua paróquia, que não têm ideias nítidas e exactas de coisa nenhuma, nem de nenhuma pessoa, não devem ir à urna, para não se dizer que foi com carneiros que confirmámos a república.
O povo, prefigurado na Justiça, alto e bom som, reclamava:
- Calem-se, por favor!
Já o não podia ouvir. A ele e aos que com eles militavam pela mesma cartilha antidemocrática, a que haviam chamado: República.


2013 é ano de eleições para os órgãos do poder local, a ocorrer no próximo dia 29 de Setembro. Ao contrário de então, todos votam, mesmo os que não sabem os confins da sua paróquia... e ainda bem, mas com o senão de muitos votarem, por julgarem que Portugal é uma imensa paróquia em homens que não pertencem aos horizontes daquela que é, para todos os efeitos, a sua paróquia de nascimento.

O que por aí vai é de bradar aos céus.

Discursos canhestros que confundem a paróquia para onde concorrem, como se as eleições fossem para a imensa paróquia - ou seja, o território -  que se chama Portugal há cerca de novecentos anos.
É uma lástima ouvi-los nesta tremenda confusão, propositadamente assumida e declarada aos incautos, como se as eleições fossem legislativas, levando o povo ingénuo ao engano, o que, convenhamos, nos leva a estar de acordo com Afonso Costa que não tinha nenhuma consideração pelos analfabetos quanto ao voto que depositavam na urna.
Se na época, estes existiam com toda a propriedade relativamente à literacia ausente devido a governos anteriores do tempo da monarquia absoluta e dos tempos constitucionais, hoje, embora mais letrados e, até, doutorados - não deixam de existir "analfabetos" políticos, quando o não deviam ser.
Razão, porque, do alto da minha pequenez de votante, eu tenho de dizer aos demagogos populistas que a todo o transe querem ganhar os votos do povo:
- Calem-se, por favor!
Estamos a ficar fartos das vossas cabriolices.
Das vossa mentiras.
 

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