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domingo, 8 de setembro de 2013

O novo "Bezerro de Ouro"

Gravura publicada pelo Jornal "O António Maria" de 5 de Março de 1891
 
 
Em 1891, Portugal estava em pré-bancarrota.
Rafael Bordalo Pinheiro, o feliz caricaturista - interpretando os que não queriam ver a realidade - ironizou, apresentando com a imagem,  a chegada de um novo "Bezerro de Ouro" sentado sobre numa cadeira de "vil metal" e  transportado por quatro inchados vassalos.
A figura expressivamente concludente inspirou-a o artista na cena bíblica do primeiro sumo-sacerdote Aarão, que  - a pedido do povo - atraiçoou Moisés quando este subiu ao Monte Sinai (1) e, desse modo, tendo-lhe  "roubado" o oiro, fundiu o "Bezerro de Ouro" para este ser adorado.
Ontem, dia 7 de Setembro do ano da graça de 2013 - em Vila Nova de Gaia - embevecido pelo povo, num comício com muitas bandeira a flutuar, como se o momento fosse para grandes festas, António José Seguro, imitou Aarão, e tendo "roubado" pela demagogia as palmas do povo, como no tempo bíblico, fez o mesmo.
Na construção falaciosa das palavras, fundiu com elas um novo "Bezerro de Ouro" e a título de um desejo, mas com a demagogia do costume, não se sabendo a que se referia o discurso, se à campanha autárquica ou se havia começado, a destempo, a campanha das Legislativas, perorou, "exemplarmente" com toda a falta de senso ao frisar as seguintes "pérolas" da mais despudorada catalinada política: acabar com a pobreza em Portugal (...) é acabar com a miséria em Portugal.
E choveram vivas para o palanque...
O que não admira, pois como diz o mesmo povo que o aplaudiu "quem fala assim não é gago", e não é, efectivamente.
Só que de desejos e promessas assim, está "o Inferno cheio" no dizer sábio do povo, que ontem aplaudiu António José Seguro, que sem o querer, se arvorou num novo "Bezerro de Ouro"  para ser adorado pelas bonitas palavras que um dia lhe podem vir a sair muito caras...
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(1) - Ex 32, 1-8)
 

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