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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Porta do Ovil


  
Parábola da Porta do Ovil

Sobre o sentido da porta que vai direita ao Coração de Deus

 
Texto do Evangelho de S. João (10, 7-10)
    Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta: Se alguém entrar por mim, salvar-se-á; entrará e sairá e achará pastagens. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

 
     Estava Jesus a meio da parábola do Bom Pastor quando percebeu que os seus ouvintes, duros de ouvido e de compreensão, não haviam adquirido o ensinamento que lhes havia proposto, embora se houvesse servido da imagem da pastorícia local e do seu intérprete mais directo.
 Voltou, assim, de novo ao mesmo tema com a afirmação que não oferecia qualquer dúvida: Eu sou a porta das ovelhas. E, logo após, num remate certeiro, acrescenta, referindo-se a todos quantos antes dele se apresentaram como pastores da parte do Pai: Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, dizendo d’Ele mesmo que só Ele era a porta.
     Jesus sabia do que falava.
     No Antigo Testamento, o povo de Israel , não raramente é chamado como sendo o rebanho de Javé: Conduzistes como um rebanho o Vosso povo, por meio de Moisés e de Aarão. (1) e referido por Jeremias como residindo nesse rebanho os pastores do povo eleito, que afinal eram maus servidores, como se vê neste lamento do profeta: Ai dos pastores que arruinam e dispersam o rebanho da minha pastagem, diz o Senhor.(2) lamento que ganha em Ezequiel uma grave condenação: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não é ao rabanho que os pastores devem apascentar? Vós vos nutris com o leite e vos cobris com a lã, matais as cevadas, mas não apascentais a grei. (3)
     Jesus conhecia de perto estes textos e conhecia a dura realidade dos fariseus que sem mandato algum, abusavam da sua missão, assim como os sacerdotes do Templo.
    Todos, sem excepção eram ladrões e salteadores, ao cuidarem apenas dos próprios interesses e não do bem do rebanho. Nutriam-se com o leite e vestiam-se com a lã mas no dizer de Ezequiel, não apascentavam a grei.
    Diz o salmista que Deus elegeu Davi seu servo e tomou-o dos apriscos do rebanho,  (4) fazendo deste antecessor de Jesus uma primeira porta do ovil e que Ele assume para Si como sendo a verdadeira, aquela que na culminância do tempo, o Pai lhe reservara e sobre a qual se identificava.
     Assim teria de ser. Era um anúncio cheio de força interior.
Eu sou a porta das ovelhas e não podia haver outra.
Como já dissera o profeta quando falou das ovelhas dispersas, eu mesmo – falando de uma disposição de Deus - recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.  (5)
   É a Jesus que coube já não o anúncio – que estava feito por Jeremias - mas todo o trabalho doutrinal que tendia em reunir todas as ovelhas perdidas de todas as terras, para que dentro do aprisco ou do ovil, se unissem num só rebanho.
   Apresenta-se, deste modo, como a porta do ovil, pela certeza que tinha de ser o único medianeiro entre os homens e o Pai, pois só com Ele era possível entrar dentro do ovil e chamar pelo próprio nome todas as ovelhas, convidando-as a viver uma vida em graça.
   Foi para isto que Ele foi enviado.
   A unidade é o Caminho e tem de ser por aí que os homens se têm se decidir num dia qualquer, sob pena de perderem o essencial da vida: a entrada na porta certa, a única que conduz ao Coração de Deus.


(1) - Sl  77, 21
(2) - Jer 23, 1
(3) - Ez 34, 2-3
(4) - Sl 78, 70
(5)  - Jer 23, 3

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