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sábado, 21 de setembro de 2013

Papa Francisco e Comunicação Social

 


Dentro do estilo interventivo e algo "desacordado" com a práxis vaticana a que vínhamos assistindo, o Papa Francisco considerou - hoje, durante a audiência aos participantes na Assembleia Plenária do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais -- a importância e  "a atenção e presença da Igreja no mundo da comunicação", deixando bem vincado quão importante tem de ser o poder da mensagem, acentuando que o  "panorama comunicativo converteu-se pouco a pouco, para muitos, num ambiente vital, uma rede onde as pessoas se comunicam e ampliam os horizontes dos seus contactos e relações".
O Papa não descurou algo muito importante.
O diálogo  "com os homens e as mulheres de hoje, para compreender as suas expectativas, as suas dúvidas e esperanças", porquanto, "na actual era da globalização, estamos a assistir a um aumento da desorientação, de dificuldade para trabalhar relações profundas", finalizando por dizer, que a Igreja não pode descurar a entrada "nos ambientes criados pelas novas tecnologias, nas redes sociais, para tornar visível" a sua presença".
Como sempre oportuno - e, talvez inoportuno na linha evangélica da parábola do "amigo importuno" - o Papa, sem o ter dito, lembrou à consciência dos pastores e dos leigos a Instrução Pastoral "Aetatis Novae" publicada em 22 de Fevereiro de 1992,  20º aniversário da "Communio et Progressio".
É naquele documento esquecido e que é preciso vivificar que lemos, o seguinte, no nº 4 do capítulo dedicado ao "Contexto das Comunicações Sociais:

As comunicações têm a capacidade de pesar, não só nos modos de pensar, mas também nos conteúdos do pensamento. Para muitas pessoas, a realidade corresponde ao que os mass media definem como tal; o que os mass media não reconhecem explicitamente torna-se também insignificante. O silêncio pode assim ser imposto, de facto, a indivíduos ou grupos que os mass media ignoram; a voz do Evangelho pode, ela também, ser reduzida ao silêncio, sem ficar por isso completamente abafada. É importante, então, que os cristãos sejam capazes de fornecer uma informação que « cria notícias », dando a palavra aos que dela são privados.
 

Pelo que se lê, neste passo, é importante que os mass media reconheçam o papel da Igreja no mundo, porque se não forem sensibilizados para isto podem impor o silêncio à voz do Evangelho, razão, porque compete aos cristãos, não só a transmissão dos valores, como o estabelecimento do diálogo   "com os homens e as mulheres de hoje, para compreender as suas expectativas, as suas dúvidas e esperanças", como nos disse, hoje, o Papa Francisco.

Voltando à "Instrução Pastoral Aetatis Novae, no nº 8 do cap. dedicado aos mass media "ao serviço do diálogo como mundo actual, lemos:
 
O Concilio Vaticano II evidenciou que « a comunidade dos cristãos se reconhece real e intimamente solidária do género humano e da sua história ». Os que proclamam a Palavra de Deus têm o dever de ter em conta e procurar compreender as « palavras » dos povos e das culturas diversos, (...)
" Esta é uma condição fundamental se se quer dar uma resposta a uma das principais preocupações do Concilio Vaticano II: o surgir de « vínculos sociais, técnicos, culturais » que mais intimamente ligam os homens constitui para a Igreja « uma nova urgência »: uni-los « na total unidade em Cristo ». Considerando o importante papel que os meios de comunicação podem desempenhar nos esforços por favorecer esta unidade, a Igreja vê neles meios «concebidos pela Providência Divina» para o desenvolvimento das comunicações e da comunicação entre os homens, durante o seu peregrinar na terra.
 
Fica com toda a actualidade a palavra do Papa Francisco e o "conselho" da "Aetatis Novae" quando fala sobre a necessidade da Igreja considerar o importante papel que os meios de comunicação podem desempenhar nos esforços por favorecer esta unidade, a Igreja vê neles meios «concebidos pela Providência Divina» (...), algo que não pode nem deve escapar de ser atendido por tal desiderato divino se entroncar no desejo de todos sermos irmãos, como Deus quer.
Sugere-se, deste modo, a cultura do diálogo aberto e franco com todos aqueles que fora das estruturas eclesiais publicam notícias, por forma a que elas tenham a formatura evangélica em cima do tempo que passa.

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