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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Verdade


 

De vez em quando os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido.

 (Winston Churchill)

 

O que é a verdade?

Eis uma pergunta que tem acompanhado os homens de todos os tempos sem que para ela – pesem embora todos os estudos e ciências – se haja encontrado uma resposta comum e que pelo facto da evidência real da sua natureza, o homem se tenha deixado ficar de tal modo preso à verdade indefectível que existe em qualquer dos campos da realização humana, que tenha passado a segui-la para sempre, quando o que acontece, como avisadamente nos diz o grande homem que foi o antigo Primeiro Ministro britânico é que, a maioria,  esquece-a e rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido.

É a tragédia que temos presente por cima da nossa fragilidade desde os primórdios da sabedoria humana, tal como nos diz – para citar um exemplo –  Samuel, o derradeiro juiz de Israel: David dissera: em vão, pois, guardei tudo o que esse homem possuía no deserto, sem que lhe fosse tirada coisa alguma! E ele paga-me o bem com o mal. (1Sa 25, 21) apresentando assim o queixume sobre Nabal, que esqueceu a verdade que havia no sentimento da amizade e passou adiante pagando mal por bem.

Diz a cultura da velha Grécia – no tempo actual tão maltratada pela hodierna economia selvagem que esquece os créditos de tão velha Nação – que na sua sabedoria a verdade se chama aletheia, significando: nada escondido ou dissimulado, porquanto o verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito, sendo a verdade a manifestação daquilo que é ou existe tal como é, opondo-se o verdadeiro ao falso, ao encoberto, ao escondido ou dissimulado, àquilo que parece ser e não é como parece.

O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.

Na cultura latina, onde se enraíza a língua portuguesa a verdade diz-se veritas, referindo-se à precisão, ao rigor e à exactidão onde é dito com detalhes, pormenores e fidelidade aquilo que aconteceu. Verdadeiro, refere-se, portanto, à linguagem enquanto narrativa de factos acontecidos, dizendo fielmente as coisas tal como aconteceram.

 Temos assim, que o relato de Samuel apresenta a verdade de um acto acontecido sem as distorções que, quantas vezes fazemos das coisas que acontecem, que não só se apresentam como falhas à realidade, como se deixam ficar na sombra do disfarce.

Se voltarmos ao brilhante axioma de Winston Churchill, constamos que ele usa o verbo “tropeçar” para nos dizer, que  – de vez em quando – o homem tropeça na verdade, ou seja, por não fazer dela uma conduta, cai ao que parece com algum espanto, porque logo que dá conta do “tropeção” levanta-se, sacode a vergonha de ter caído na verdade – como se fosse uma armadilha – olha em redor e com medo de ter sido visto segue o caminho como se nada tivesse acontecido.

Na leitura bíblica de que falamos, Nabal fez o mesmo.

Esquecido da verdade que devia assumir perante o rei David passou adiante deixando para a esposa Abigail o pedido de desculpa que era preciso fazer em face do mau procedimento do marido que havia mandado a verdade para o lixo da esterqueira moral dos seus sentimentos.

Nabal caiu um dia, por acaso, em cima da verdade.

Não raro é o que fazemos, pois desde o mais fundo da História temos passado séculos à sua procura… e, no entanto, há dois milénios, já nos foi dito o que é a Verdade.

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