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sexta-feira, 24 de maio de 2013

"Só bem age quem bem medita"





A imagem e a frase  não me pertencem,
mas reproduzo-as com toda a vénia e com os meus cumprimentos ao seu autor


No Livro “Quando o Instinto Desperta”, diz o autor (1) no capítulo que trata do modo como é possível forjar a vontade, que reflectir é julgar, acrescentando com toda a legitimidade da sua argumentação sólida, que nada de grande se pode construir sem reflexão e, apontando como verdades para o seu argumento, as seguintes considerações: Se no campo prático das ciências e conhecimento humanos ela é indispensável, não o é menos no domínio da actuação espiritual e moral, onde – podemos dizê-lo seguramente – só bem constrói quem bem reflecte, só bem age quem bem medita, só bem se conduz quem bem examina e segue a sua consciência esclarecida.
A reflexão é, por isso, geradora de sentimentos sólidos e, estes, assim consolidados são sempre o suporte das ideias, sendo certo que estas só serão profícuas e enriquecedoras da acção do homem se tiverem na base a força do sentir humano arreigado a valores que pela sua natureza são formadores da consciência sadia, que nunca pode dispensar em todos os actos existenciais do homem a sua mais valia, sendo certo que o contrário, é sempre a porta que se abre sempre para todos os desmandos, quer isolados, quer  comunitários.
Quando o autor nos diz que só bem age quem bem medita,  faz uma afirmação indesmentível à luz da verdade dos factos, porque toda a construção humana, seja ela  material ou espiritual, é sempre o resultado de um apurado sentido de responsabilidade social, ainda que ele seja, apenas, para usufruto pessoal.
Há, infelizmente, pela pressa como se vive no tempo actual, pouca reflexão, sendo o homem-colectivo uma presa fácil das ideias feitas, como se a vida se abastecesse num supermercado estranhamente especial onde todas as suas preocupações encontram resposta.
E não é assim, embora muitas vezes isto aconteça.
A verdade, porém, é que ninguém é capaz de pensar por nós com o mesmo sentido de responsabilidade como nós próprios, que somos donos de um destino que não tem similitudes noutro destino qualquer, porque em cada homem existe uma tarefa a cumprir que ninguém pode fazer por ele.
E, por isso, é necessário e indispensável que a cada um de nós caiba a missão importante e definitiva de encontrar o caminho certo, de acordo com a consciência, que é um bem tão precioso que nenhuma outra – por muito considerada que seja -  pode substituir.
O Livro “Quando o Instinto Desperta” não é uma obra recente, mas sua postura moral e ética na formação das camadas mais jovens – que são, afinal, as que um dia irão ser chamadas a conduzir-se e a conduzir a comunidade – bem merecia ser estudado e posto como referencial de conceitos necessários à vida, se não fosse um certo laxismo que se intrometeu nas sociedades modernas,  levando-as a esquecer-se de princípios que nunca deviam ter sido postergados tão acentuadamente,  porque é falho de valores o ensino que as escolas estão dando neste campo tão sensível, como é o da formação continuada de bases estruturantes de conduta social.
A reflexão, enquanto norma desta conduta, não pode ser, apenas, um acto consciente virado somente para as ciências do conhecimento humano. Ela tem de informar o homem todo naquilo que deve ser nele a assunção mais importante e mais válida da sua existência: a formação moral e ética que o lança na vida e no seio da sociedade como um ser inteiro, isto é, alguém que se basta a si mesmo, sabendo reflectir e discernir  para si mesmo o melhor caminho, enquanto escolha própria e nunca imposta de fora da sua capacidade de agir, como amiudadamente acontece nos tempos que passam, em que as ideias aparecem feitas e são aceites, tantas vezes, contra a consciência do homem que se vê atropelado por um mundo que resolveu pensar por ele.

(1) - J. A. da Cruz Neves

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