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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fé e razão de mãos dadas

A verdade existe. Apenas se inventa amentira
Georges Braque


(...)  A fé, que se fundamenta no testemunho de Deus e conta com a ajuda sobrenatural da graça, pertence efectivamente a uma ordem de conhecimento diversa da do conhecimento filosófico. De facto, este assenta sobre a percepção dos sentidos, sobre a experiência, e move-se apenas com a luz do intelecto. A filosofia e as ciências situam-se na ordem da razão natural, enquanto a fé, iluminada e guiada pelo Espírito, reconhece na mensagem da salvação a « plenitude de graça e de verdade » (cf. Jo 1, 14) que Deus quis revelar na história, de maneira definitiva, por meio do seu Filho Jesus Cristo (cf. 1 Jo 5, 9; Jo 5, 31-32).
                                                      (in, nº 9 da Encíclica "Fé e Razão" do Papa João Paulo II

 

         Ao criar o homem Deus transmitiu-lhe, no mesmo instante, a fé como suporte da alma que o Criador projectou no Mistério do Além e a razão como suporte da razão para poder aceitar a transcendência e o poder da alma chamada a viver para sempre.
        Eis,  porque, aderir ao cristianismo não pressupõe, apenas, abrir a mente à aceitação da fé, pois ninguém deve nem pode verdadeiramente assumir-se cristão sem ter da fé uma ideia firmada pelo poder da razão.
Esta não deve ser um sentimento cego, devendo fundar-se em razões esclarecidas, o que exige um exercício contemplativo sobre a ordem das coisas e a sua disposição no Universo, desde que o façamos sem preconceitos pré-concebidos, o que nos ajuda a entender melhor a verdade de nenhum dos seres que nos maravilham terem capacidades por si mesmos de se auto-criarem, mas serem todos dependentes de um acto criador original.
Se a nossa razão entender isto como um atributo que escapa à finitude e incapacidade do homem,  logo, toma corpo a existência de um Ser que sendo origem e fundamento de tudo quanto existe, é pela sua natureza especial um sujeito Único na filosofia dos acontecimentos e é no homem, na ordem do raciocínio das suas ideias, um motivo suficiente para que este entenda na contemplação do Universo, o mundo fabuloso em que vive.
Eis porque a nossa fé, é, para além de  uma crença sem ver, é uma crença racional que vai ao encontro do mistério do ser que somos.
Deus, por este motivo, não se afastou do mundo.
É um companheiro de jornada.
Vive connosco em cada dia que passa e de tal forma o faz, que num dado momento da História viveu mergulhado nos problemas sociais e políticos que então enxameavam o local onde um Deus feito homem viveu e morreu, acompanhando os homens do seu tempo na aventura de estar presente, como um Deus pessoal e interessado na sorte dos homens a quem deixou a sua Verdade, para que estes a seguissem.
Jesus foi este Deus feito homem.
Verdade das Verdades, deixou-nos caminhos para serem seguidos.
É por isso – e por causa d’Ele – que a verdade existe e só a mentira é que é inventada pela acção deletéria do homem que a usa para seu proveito e para todas as suas cabriolices.
Para não ser assim o homem  tem de ter fé para fazer singrar no mundo a Palavra de Jesus que não engana ninguém.
Não faltam ao homem razões para aceitar isto, sobretudo, a todo aquele que faz da sua fé o contributo que lhe dá a razão, porque é esta que o esclarece, sendo, pois, a fé um acto de inteligência e de assunção plena de uma liberdade autêntica, que não precisa de ser publicada em livros de leis, mas é, antes, no próprio homem uma lei própria e imutável fundada no cadinho da sua experiência pessoal de confiança no acto criador de Deus e na crença que é a partir d’Ele que tudo existe.   

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